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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

um texto por dia: "como imaginas a terra em 2122?" (1)

 Tal como aqui informamos, a partir de hoje, o CRESCER publicará diariamente um dos onze textos do 10ºA, publicados no jornal PÚBLICO.


Eu e a Petita

O relógio marca as seis da manhã. Mais um dia, mais uma noite sem dormir. Os gritos estão a ficar cada vez piores fazendo com que eu não durma há pelo menos cinco dias. Desde que a praga das ratazanas apareceu que é assim. Quer dizer, de certa forma, sempre foi assim. A minha vida sempre foi um pesadelo.

desenho de Juliana Rocha, aluna de 11º ano, Ermesinde

A Terra, o planeta onde vivo, está a morrer e aqueles que puderam já desertaram. Pelo que ouço dizer, colonizaram um planeta chamado Marte, há 22 anos e connosco deixaram a destruição e o caos. Saíram com promessas de voltar para consertar os erros das gerações que os antecederam, mas, como o pai dizia “longe da vista longe do coração”.

O pai nunca gostou deles, dizia que eram egoístas e que não tentaram salvar a Terra enquanto ainda podiam, mas ele nasceu em 2068, numa Terra já em extrema falência de recursos naturais, e, no fundo, ele sabia que o ponto sem retorno já tinha sido atingido, décadas antes do seu nascimento. A sua raiva era tanta que inconscientemente teve de culpar quem viu deixá-lo na podridão.

O pai nunca experienciou a Terra como um lugar saudável, só conheceu a imagem de um mundo com animais resplandecentes, plantas vibrantes, areais extensos e céu luminoso através dos relatos e fotografias da sua avó que, sendo bióloga, assistiu ao desenrolar do degredo na linha da frente. “O ser humano tinha tudo e escolheu perder tudo”, contava-lhe. E contou-me ele a mim.

Catarina Silva, 10º A

(post atualizado)

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