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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

cidadania: campanha "Cinto-me Vivo"

 “Cinto-me Vivo”: campanha das autoridades nas estradas para alertar para uso dos dispositivos de segurança


A Polícia de Segurança Pública (PSP), a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) alertaram ontem para a importância do uso dos dispositivos de segurança nas estradas com o lançamento de uma nova campanha.

A campanha “Cinto-me Vivo” decorre de 10 a 16 de setembro, estando inserida no Plano Nacional de Fiscalização de 2024. Além de realçar a relevância do cinto de segurança, a campanha aponta também para a necessidade de utilização de capacete com modelo aprovado e devidamente ajustado e para as cadeirinhas para crianças, que reduzem de forma muito significativa o risco de lesões graves ou morte.

Numa colisão frontal a 50 km/h, um condutor com 70kg, sem cinto de segurança, sofre um impacto equivalente a uma queda livre de um terceiro andar. O uso do capacete de modelo aprovado, devidamente apertado e ajustado, reduz em 40% o risco de morte em caso de acidente. Está igualmente comprovado que a utilização correta de cadeirinha homologada e adaptada ao peso da criança reduz em 50% o risco de morte

A campanha vai contar com operações de fiscalização de GNR e PSP “com especial incidência em vias e acessos com elevado fluxo rodoviário”, bem como ações de sensibilização por parte da ANSR no território continental e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. (adaptado daqui)

educação: o que diz a Ordem dos Psicólogos sobre o uso de telemóveis nas escolas?

No arranque de mais um ano letivo e numa altura em que a restrição/regulamentação do uso de telemóveis nas escolas marca a agenda mediática, e em que, principalmente, alguns colégios privados estão a restringir o uso destes equipamentos pelos alunos, damos a conhecer o novo documento da Ordem dos Psicólogos Portugueses sobre o uso de ecrãs, smartphones, e tecnologias digitais nas escolas bem como o parecer da OPP sobre esta matéria.

O QUE DIZEM AS EVIDÊNCIAS DA CIÊNCIA PSICOLÓGICA?

  • O uso moderado (1 a 2 horas diárias) associa-se a mais benefícios cognitivos, psicológicos e sociais comparativamente a uma restrição completa do uso ou a um uso excessivo.    
  • Alguns adolescentes comparam a sua aparência física ou estilo de vida com conteúdos que vêem online, podendo impactar negativamente a sua autoestima, no entanto, o impacto varia em função das suas competências de regulação emocional.
  • Cerca de 10-15% dos jovens pode ser susceptível a impactos negativos na Saúde Psicológica. Por exemplo, um tempo de uso superior a 3 horas diárias associa-se a um aumento de sintomas depressivos, nomeadamente em raparigas.
  • Quando utilizados de forma consistente e com propósito definido, os smartphones podem estimular o envolvimento nas aulas e facilitar a aprendizagem autónoma e colaborativa dos alunos.
  • O uso desregulado do smartphone nas Escolas associa-se, de forma ligeira a moderada, a dificuldades de aprendizagem e a um fraco desempenho académico.
  • Nas aulas, ao distraírem-se com os smartphones, os alunos/as podem demorar 20 minutos até voltarem a ficar concentrados/as; nos intervalos, o uso de smartphones parece diminuir a qualidade das interações entre pares e os níveis de atividade física.
A Ordem dos Psicólogos deixa algumas recomendações para as políticas públicas nesta área:

Garantir a autonomia das Escolas e os meios para avaliação de cada realidade Escolar. Identificar 1) índices de cyberbullying e uso problemático das tecnologias; 2) níveis de literacia em Saúde e tecnologia da comunidade escolar e; 3) percepções e competências digitais dos docentes.

Estabelecer Grupos de Trabalho com diferentes partes interessadas. Integrar as perspectivas de professores, pais, auxiliares educativos, psicólogos e de crianças e jovens para aumentar a adesão e o sucesso das políticas.

Considerar questões etárias e de equidade no acesso e na utilização das tecnologias digitais. Considerar as recomendações quanto ao tempo de uso das tecnologias (e.g., máximo de 2h/dia entre os 6 e os 11 anos e até 3h/dia a partir dos 12), bem como a influência de características individuais e socioeconómicas.

Reestruturar os espaços escolares e aumentar/diversificar a oferta de atividades.
Criar alternativas (complementares) à utilização dos smartphones, que incentivem o brincar, atividade física e desportiva, expressão artística, convívio e exploração de interesses vocacionais.

Colocar mais Psicólogos nas Escolas. Assegurar que são considerados os aspectos e particularidades do desenvolvimento psicológico e que há um maior investimento na promoção das competências socioemocionais, sobretudo de autorregulação, dos alunos. Fonte: RaioX

texto de opinião: "o projeto MAIA nunca teve competência de dar orientações às escolas"

Porque a voz de um é, muitas vezes, a voz de muitos, aqui fica um texto da autoria do professor Cândido Pereira, diretor do centro de formação maiatrofa.

Quando li o texto da imagem que reproduziram no post "educação: o fim do projeto MAIA", fiquei um pouco confuso e tive de ir estudar para ver se entendia o que se estava a passar. De tudo isto resultam algumas conclusões que podem ajudar alguns leitores a interpretar a notícia. Eu sei que alguns vão achar pretensiosismo, mas é apenas defeito profissional.
Começando pela esquerda do "slide", "Focar a avaliação pedagógica na aprendizagem", não me traz qualquer problema porque não faço a mínima ideia do que é uma coisa a que se dá o nome de avaliação pedagógica e que tenha foco noutra coisa que não sejam as aprendizagens dos alunos. De facto na Escola é comum ouvir "temos de fazer a avaliação (pedagógica) dos alunos", quando o correto seria "temos de fazer a classificação dos alunos". Outra coisa é fazer a avaliação pedagógica das aprendizagem dos alunos. Até aqui tudo bem, sendo que esta aposta não é deste governo mas sim dos governos desde 2015 e de outros anteriores.
Passando para o lado direito do slide, onde supostamente apareceriam medidas de operacionalização da decisão enunciada à esquerda, aparece no título "Cessar o projeto MAIA", depois do sobressalto que tenho sempre por achar que estão a falar do nosso querido concelho, foquei-me no género que neste caso é masculino e revi mentalmente o que ouvi o Professor Domingos Fernandes dizer na apresentação deste projeto, feita para os diretores dos centros de formação do norte do país. Nesta altura, tive oportunidade de lhe dizer que a escolha do nome MAIA poderia trazer-nos alguns mal entendidos e gracejos que nós bem dispensaríamos. Ficou claro que o projeto MAIA não nasceu na Maia, que as pessoas envolvidas no projeto não são chamadas de maiatos e que não tem nada a ver com o Lidador, é simplesmente um projeto de investigação/ação sobre avaliação pedagógica, isto é, avaliação das aprendizagens dos alunos. Então a coisa começa a ficar estranha na medida em que acabar com o projeto MAIA, que se foca sobre a avaliação pedagógica, aparece como a medida suprema de uma decisão onde se diz que se vai pôr o foco na "avaliação pedagógica das aprendizagens". Aqui, pensei que iria encontrar resposta para as minhas dúvidas nas frases seguintes e li: "Incorporar as orientações sobre a avaliação pedagógica na DGE". Confesso que não entendi o que queriam dizer e juntamente com colegas da arte, pusemos hipóteses mas não conseguimos compreender a hermenêutica da frase. "Incorporar" tem algo esotérico, então a DGE, qual entidade mediúnica, incorporaria um espírito que são as orientações sobre a avaliação pedagógica. Mas que raio de espírito é este? De onde emanam estas orientações?  Da DGE, sem sombra de dúvidas! Então como é que a DGE pode incorporar uma coisa que já faz parte do seu corpo? Vamos admitir que o verbo foi mal escolhido e aquilo que o autor queria dizer é que de aqui para a frente, perante o falecimento do projeto MAIA,  é a DGE que dá as orientações sobre avaliação pedagógica, que antes eram dadas pelo projeto MAIA. Aí, o paradoxo é outro, porque o projeto MAIA nunca teve competência de dar orientações às escolas, foi sempre a DGE que produziu orientações para a aplicação daquilo que está determinado pelos normativos legais em vigor. As orientações com que o projeto MAIA trabalhava são aquelas que estão patentes nos documentos publicados pela DGE, por exemplo, aqui: https://apoioescolas.dge.mec.pt/sites/default/files/2021-02/folha_avaliacao_pedagogica_classificacao_e_notas_perspetivas_contemporaneas.pdf

Digam lá se as orientações deste texto, produzido pelo atual presidente do Conselho Nacional de Educação é válido ou prescreveu agora.
A problemática em torno desta questão é muito complexa e não são sounbytes que soam a música para muitos ouvidos que vão solucionar isto a que os professores chamam "avaliar".
Cândido Pereira, diretor do centro de formação maiatrofa

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

educação: o fim do projeto MAIA

 

13.º slide do documento Aprender mais agora, de 11.09.2024

O Ministro da Educação noticiou que pôs fim ao projeto MAIA. Recorde-se quão polémico foi este projeto, tendo dado origem à apresentação de petições a solicitar o seu termo.  Os professores Dália Aparício e Joao Aparício submeteram a petição “Pela cessação do Projeto Maia” a 21 de Junho de 2023. Os peticionários Ricardo Silva, Dália Aparício, Paulo Guinote, Paulo Prudêncio e João Aparício defenderam a causa no Parlamento.  

educação: Ministério recomenda proibição de telemóveis no 1º e 2º ciclos

A recomendação foi feita pelo ministro Fernando Alexandre. A decisão final é, contudo, das escolas.

Em conferência de imprensa, no final da reunião do Conselho de Ministros, Fernando Alexandre explicou que as recomendações da tutela passam por proibir a entrada ou uso de telemóveis nos espaços escolares nos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico.

No caso do 3.º ciclo, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação recomenda a implementação de medidas que restrinjam e desincentivem a utilização dos telemóveis, sendo que no ensino secundário os próprios alunos deverão estar envolvidos na definição de regras.


As medidas serão de adesão voluntária por parte das escolas, mas o seu impacto será avaliado ao longo do próximo ano letivo e o Executivo não fecha a porta à proibição do uso de 'smartphones' em contexto escolar, em função dos resultados.

Atualmente, a definição das regras para o uso de telemóveis estão nas mãos das escolas, no âmbito do regulamento interno, uma autonomia defendida pelo Conselho das Escolas no ano passado.
Segundo o MECI, apenas cerca de 2% dos agrupamentos restringiram ou proibiram a utilização no espaço escolar no ano letivo passado.

Em função dos resultados da avaliação de impacto, o ministro admitiu a necessidade de rever o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, para incluir a proibição do uso de telemóvel. (adaptado daqui)

vale a pena pensar nisto!

Por vezes não temos consciência da sorte que temos! Temos paz e somos livres e desdenhamos da escola que nos abriga, ensina e guia. 

Vejam só estes jovens palestinianos que, no meio da guerra, querem aprender. Nos escombros da casa da professora.

Vale a pena pensar nisto. mc

foto do jornal PÚBLICO em papel, de 10.09.2024

12 de setembro: começou!

 

Hoje é o primeiro dia do resto do ano letivo. 
Votos de um excelente ano para todos, com muito sucesso pessoal e académico!

terça-feira, 10 de setembro de 2024

educação: relatório “Education at a Glance 2024”


Portugal destaca-se no panorama educativo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com várias peculiaridades, revelando progressos significativos, mas também desafios persistentes, segundo o mais recente relatório “Education at a Glance 2024” publicado esta terça-feira, 10 de setembro, pela OCDE e apresentado em Lisboa com a presença do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre.

Um dos pontos negativos destacados pelo relatório prende-se com o elevado peso que as despesas do ensino têm no orçamento das famílias. Segundo os técnicos da OCDE, as famílias portuguesas são as que mais contribuem para suportar as despesas do ensino pré-escolar entre os 38 países da OCDE.

Em Portugal, apesar do ensino pré-primário ser gratuito, as famílias continuam a contribuir com 33% das despesas neste nível, o mais elevado entre os países da OCDE, e mais do que a sua contribuição para o ensino superior (27%)”, refere o relatório.

Esta situação deve-se principalmente aos custos associados a serviços complementares como refeições, transporte e atividades extracurriculares, que não são totalmente cobertos pelo financiamento público.

Investimento

Os dados da OCDE revelam que o nível de investimento de Portugal na educação está na média dos países da OCDE, gastando o equivalente a 4,9% do PIB em instituições de ensino do nível primário ao superior (incluindo investigação e desenvolvimento no ensino superior) e até ligeiramente acima da média do investimento de 25 países da União Europeia (4,4% do PIB).

No entanto, mostram também que o investimento público por aluno em Portugal é não apenas 15% inferior à média dos países da OCDE, como nos últimos sete anos cresceu a metade do ritmo da média da OCDE. Entre 2015 e 2021, o organismo internacional revela que o investimento por aluno do ensino primário ao superior, medido em dólares por paridade de poder de compra, cresceu a um ritmo médio de 0,9% por ano em Portugal, na média dos países da OCDE esse crescimento foi na ordem dos 1,8% por ano.

Empregabilidade

O relatório da OCDE destaca também que, ao contrário da maioria dos países da OCDE, em Portugal, um maior grau de escolaridade não é sinal de uma maior estabilidade laboral. O relatório destaca que Portugal é uma exceção entre os países da OCDE com a probabilidade de trabalhar com um contrato temporário a aumentar com o nível de escolaridade”. 

Este fenómeno reflete as dificuldades do mercado laboral português em absorver trabalhadores altamente qualificados em posições permanentes, levando muitos licenciados e mestrados a aceitarem contratos temporários como porta de entrada no mercado de trabalho.

Escolaridade

Os técnicos da OCDE destacam também as disparidades regionais aos níveis de escolaridadeEm Portugal, a diferença entre as regiões com a maior e a menor percentagem de adultos com escolaridade abaixo do ensino secundário é superior a 30 pontos percentuais, lê-se no relatório. Esta situação reflete as desigualdades socioeconómicas entre as regiões do litoral e do interior do país, bem como entre áreas urbanas e rurais.

Positivamente, o relatório salienta a evolução da taxa de conclusão do ensino secundário. Portugal tem registado progressos notáveis na redução do abandono escolar precoce, sublinhando que “a percentagem de jovens adultos (25-34 anos) sem qualificação do ensino secundário diminuiu de 36% em 2016 para 23% em 2023”. Esta evolução positiva resulta de políticas educativas focadas na retenção dos alunos no sistema de ensino e na oferta de percursos alternativos, como os cursos profissionais.

Conclusão

O relatório da OCDE destaca alguns progressos alcançados no ensino em Portugal em várias áreas ao longo dos últimos anos, mas também salienta uma série de desafios persistentes que requerem atenção contínua dos decisores políticos. A redução das disparidades regionais e a melhoria da transição entre educação e mercado de trabalho surgem como prioridades para os próximos anos. (adaptado daqui e daqui)

quer saber o que por cá se faz?

Apostamos que sim. É legítimo. 

Longe vai o tempo em que se dizia que os professores tinham três meses de férias. Hoje em dia, qualquer cidadão minimamente atento e que tenha crianças na família sabe que apesar de as aulas terminarem em junho/julho, depois sucedem-se os exames, as avaliações, as correções, a formação de turmas, os horários para o ano letivo seguinte. 

Efetivamente, os professores só podem usufruir as suas férias no mês de agosto. Mas, agora, até no mês de agosto há uma época especial de exames e isso obriga a que muitos tenham de garantir esse serviço.

Já em setembro, tudo volta ao mesmo. Os professores retomam o serviço no primeiro dia útil do mês e seguem-se os preparativos do ano letivo que começa: reuniões, assembleias, trabalho colaborativo, conselhos de turma, receção aos docentes e não docentes (cf. post anterior) e, por cá, um Encontro especial, amanhã, dia 11 de setembro. No dia 12 iniciam-se as atividades letivas.

E é isto! As formiguinhas não param. Preparam o futuro.

a receção aos docentes e não-docentes na EB1/JI de Moutidos

No dia 9 de setembro, após um dia de trabalho repleto de reuniões e de trabalho colaborativo e/ou autónomo, os docentes e não-docentes foram recebidos na EB1/JI de Moutidos para a tradicional receção.

Mas de tradicional, a receção deste ano pouco teve. Os docentes forma acolhidos numa sala onde lhes foi pedido que escrevessem o seu nome num cartão, acompanhado de eventual ilustração, e assim serem identificados, à semelhança do que fazem os meninos que frequentam a EB1/JI de Moutidos. Mas a surpresa foi o que se seguiu: um percurso, semelhante a um peddy paper, a dar a conhecer a escola de Moutidos, recentemente intervencionada, e onde deliciosos petiscos aguardavam os visitantes.

A receção terminou no espaço comum da cantina, onde após umas breves palavras da professora Maria José Ribeiro, os presentes foram presenteados com bifanas e caldo verde, elaborados pela assistentes operacionais com todo o carinho. Tudo isto num ambiente de grande descontração e convívio.

Resta-nos agradecer o carinho com que colegas novos (e menos novos) fomos recebidos e desejar a todos um bom ano. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

ainda hoje...

 Para além dos conselhos de turma que hoje decorrem, ainda hoje, pelas 18 horas, na EB1/JI de Moutidos, vai decorrer a já tradicional receção aos docentes e não-docentes do agrupamento. Não falte!


cortesia de imagem de Maria José Ribeiro, docente do 1º ciclo

bem-vindos a mais um ano letivo!

Queremos dar-vos as boas vindas a mais um ano letivo. 

Para quem que já nos conhece, segue um abraço sentido e saudoso. 

Para os que estão de novo connosco, segue alguma informação adicional: saibam que este é o jornal da escola - desde 1984 - que procura fazer chegar aos seus leitores/seguidores as notícias do nosso quotidiano, de segunda a sexta-feira ao longo do ano letivo, contando com a colaboração de todos os alunos e professores

Aguardamos as  suas informações sobre as atividades que desenvolvem e responsabilizamo-nos por as editar e publicar. Basta, para tal, enviarem texto e imagens, para crescer@aescas.net e a nossa equipa tratará do assunto. Depois, o produto final será publicado aqui e, por magia, também na nossa página oficial no Facebook e, diariamente, será divulgado por e-mail a toda a comunidade educativa.

Este ano, em maio, a nossa escola, fará 50 anos de vida. Esperamos concentrar-nos neste tema que, certamente, será um tema aglutinador de muitos trabalhos, atividades e projetos, como já aconteceu no ano letivo anterior.

Contamos consigo para podermos continuar a CRESCER juntos. Só com muitas mãos é possível o nosso trabalho.


Sejam muito bem-vindos! Votos de um excelente ano letivo!                                                                                                                                                                                                                  Constância Silva e Manuela Couto,
 equipa responsável pelo projeto

sexta-feira, 26 de julho de 2024

último post do ano letivo 2023/24

Neste último post do ano letivo, como é habitual, a equipa do CRESCER quer agradecer. 

Agradecer a fidelidade dos nossos leitores, agradecer à Direção do nosso Agrupamento pelo apoio incondicional e pela liberdade concedida, agradecer a participação cada vez mais ativa de docentes e alunos de todos os níveis de ensino, agradecer a todos os "ex" - alunos, funcionários e professores - por nos continuarem a acompanhar, agradecer por permitirem "espalhar a palavra" do que por cá se faz, agradecer o carinho que dedicam ao CRESCER.

Este ano letivo, a equipa mantém o agradecimento à professora Constância Silva pela continuação da secção em Inglês "Take a Minute, Take Five!". Foi uma parceria fantástica e, por isso, agora que a professora Eduarda Ferreira se aposenta, é a pessoa certa para a substituir. Bem-vinda, professora Constância! 

Em jeito de balanço final, a equipa congratula-se com algumas conquistas: 

. o facto de as publicações diárias chegarem por e-mail a todos os docentes, não-docentes, alunos, EE e APESAS; 

. o facto de ter estado particularmente envolvida nos 50 anos de abril, com a rubrica "onde estava no 25 de abril (de 1974)?", para além de diariamente manter as informações sobre os mais variados temas; 

. e ainda o facto de estar comprometida com os 50 anos da ESÁS que já se começaram a preparar, com a rubrica "conta-me como foi...". Foram três objetivos a que nos propusemos e que foram conseguidos, com determinação e colaboração de muitos parceiros.

No próximo ano letivo, o CRESCER continuará a trabalhar neste último tema que, certamente, será transversal a muitos trabalhos, atividades e projetos, comprometendo-se a divulgar todas as atividades levadas a cabo nesse âmbito.

Bom, como o trabalho nesta redação começou no dia 5 de setembro e, neste momento, a equipa já está depauperada de alunos, é tempo de ir descansar, desligar um pouco desta azáfama, carregar baterias e voltar no início do próximo ano letivo com equipa fresca e renovada. 

Contamos consigo para podermos continuar a CRESCER juntos. 

Gratas por estarem desse lado.

Boas férias!

Eduarda Ferreira e Manuela Couto, docentes responsáveis pela edição do CRESCER

escola sede: encontro "A Ciência por quem a faz e por quem a ensina" 12.ª edição, dia 11 de setembro

O encontro "A Ciência por quem a faz e por quem a ensina" decorrerá no dia 11 de setembro.

cartaz no site

Tal como nas edições anteriores, haverá palestras de cientistas, de manhã, a partir das 9:00h, e workshops à tarde, entre as 15h e as 17h.

Visite o site do encontro e se puder, inscreva-se: https://www.cfaemaiatrofa.org/encontro2024/

Divulgue esta mensagem por outros professores de Ciências (CN, FQ, Mat e TIC) que possam estar interessados.

escola sede: “A Pensar é que a Gente se entende! A Inclusão num contexto de Multiculturalidade”

Cada vez mais, as nossas escolas vivem com o mundo portas adentro.

Para refletir sobre este tema, realizou-se no passado dia 24, no Auditório do Agrupamento, o Encontro Pedagógico “A Pensar é que a Gente se entende! A Inclusão num contexto de Multiculturalidade”, com organização do CFAE maiatrofa. O Encontro contou com a presença de elementos da Equipa Regional do Norte no âmbito da Autonomia e Flexibilidade Curricular, especialistas na área da mediação intercultural e a partilha de projetos inspiradores sobre a inclusão de alunos estrangeiros nos nossos contextos educativos. 

público

Como nos lembra o Relatório “Reimaginar o nosso futuro juntos: um novo contrato social para a educação” (UNESCO, 2022), “A pedagogia sem inclusão enfraquece a educação como um bem comum e impossibilita o alcance de um mundo em que a dignidade e os direitos humanos de todos sejam respeitados”.

Na verdade, pedagogia sem inclusão é uma contradição nos termos: responder à diversidade que habita nas nossas escolas, mais do que um dever legal, é um imperativo ético!

No Encontro marcaram presença cerca de uma centena de professores das escolas associadas e, na parte da tarde, realizaram-se laboratórios de diálogo/salas paralelas em torno da temática “Currículo e Tecnologias Digitais: como potenciar a aprendizagem”.

oradores e organização

Foram, sem dúvida, momentos profícuos de reflexão e partilha em prol de uma escola mais inclusiva, humana e humanizante.

Para consultar o site do Encontro vá por aqui: Encontro Pedagógico CFAE MaiaTrofa | 24 julho 2024 (google.com)

cortesia de Ana Granja
Representante do CFAE maiatrofa, no âmbito da AFC

Ir/Ver/Ouvir/Ler nas férias

Hoje, último dia das publicações do CRESCER no ano letivo 2023/24, a equipa deixa-lhe algumas sugestões para Ir/Ver/Ouvir/Ler nas férias.

IR

Vá onde puder e quiser, mas, sobretudo usufrua da natureza: do sol, da água, da floresta, da brisa, do pôr-do-sol e... descanse. Às vezes não é necessário ir para muito longe e fazer grandes despesas para conseguir o prazer e o descanso necessários. 

vista do Jardim do Morro (aqui tão perto)

VER

Volta a Portugal em bicicleta de 24 julho a 4 agosto 2024 

Enquanto televisão oficial da prova, a RTP será a responsável pela transmissão da 85.ª Volta a Portugal em bicicleta, contando com os comentários de Marco Chagas e Hugo Sabido. Alexandre Santos, Gonçalo Ventura e Ana Barros são os jornalistas responsáveis pela cobertura informativa da prova. As várias horas de transmissão são asseguradas pela RTP1, RTP3, RTP Play, Antena 1 e canais internacionais.


Jogos Olímpicos de Paris de 26 de julho a 11 de agosto de 2024

Paris foi escolhida como sede na 131.ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lima, Peru, em 13 de setembro de 2017. Após múltiplas desistências que deixaram apenas Paris e Los Angeles na disputa, o COI aprovou um processo para defini-las como locais de realização dos Jogos de 2024 e 2028, respetivamente.

OUVIR

Não faltam Festivais de Verão, do Norte ao Sul do país. Mas mesmo que não vá, escute boa música pois isso é sempre um caminho para o paraíso (ou um "Stairway to Heaven").


LER

Sempre. Seja criança ou adulto, leia. “Uma criança que só lê o que é exigido na escola nunca se tornará um leitor eficiente”, escreveu Michel Desmurget. Leia os clássicos. Merecem a sua primeira leitura ou uma releitura. Mas, se quiser algo atual e verdadeiramente curioso, o CRESCER sugere:


O primeiro volume da tetralogia napolitana de Elena Ferrante, publicado em 2011, tornou-se tão popular que deu início a um fenómeno chamado “Febre Ferrante”. Treze anos depois, o New York Times escolheu-o como o melhor livro do século XXI

Afinal, o que torna este livro tão especial?

A autora: quem é Elena Ferrante? Foi a pergunta que deu início a todo o burburinho em volta de A Amiga Genial. Embora o nome de Elena Ferrante tenha dado a volta ao mundo, trata-se de um pseudónimo literário, assumido pela vontade de direcionar o foco da crítica e dos leitores para a escrita em vez do autor.

O assunto do livro: uma ode à amizade feminina Com a quantidade de sagas populares de livros passadas em universos fantásticos, chega a ser surpreendente que a tetralogia aclamada como uma das melhores deste século seja, afinal, a história de uma amizade. A Amiga Genial (2011), História do Novo Nome (2012), História de Quem Vai e de Quem Fica (2013) e História da Menina Perdida (2014), que ficaram conhecidos como os Romances Napolitanos, acompanham as vidas de Elena Greco, a menina pacata e estudiosa a quem chamam de Lenù ou Lenuccia, e de Raffaella Cerullo, a sua amiga bravia e de uma inteligência feroz, também conhecida como Lina ou Lila.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

VER: "Lua do Veado" vai iluminar os céus de Portugal este fim de semana

O satélite da Terra estará excecionalmente brilhante. O fenómeno será bastante fácil de observar a olho nu. 
Se já tem planos para deste fim de semana, talvez queira acrescentar uma sessão de observação do céu noturno à sua lista. Durante toda a noite deste domingo, 21 de julho, e até à madrugada de segunda-feira (22), será possível observar a primeira lua cheia desde o início do verão — um fenómeno de rara beleza.
O satélite natural da Terra estará ainda maior e mais brilhante do que noutros meses. Isto porque vai estar quase a atingir o perigeu, ou seja, o ponto mais próximo do nosso planeta na sua órbita elíptica, Observar esta Lua do Veado, como também é descrita, a olho nu, não será difícil. Contudo, a visibilidade será maior em locais elevados, sem obstáculos como as árvores ou prédios, e o mais longe da poluição luminosa das grandes cidades. No entanto, se quiser ver a superfície em todo o seu esplendor, pode sempre usar um par de binóculos. 
O nome "Lua do Veado" surgiu há vários séculos. Os povos nativos da América do Norte apelidaram-na desta maneira porque coincide exatamente com a altura em que as hastes destes animais estão em pleno crescimento. Fonte: Nit

opinião: “Uma criança que só lê o que é exigido na escola nunca se tornará um leitor eficiente”, Michel Desmurget

No seu mais recente livro, o neurocientista francês Michel Desmurget, olha para a leitura e vê-lhe o antídoto para combater os “cretinos digitais” e os excessos de exposição aos ecrãs.

Há perto de cinco anos, Michel Desmurget lançou uma frase no decorrer de uma entrevista à BBC que correu os meios de comunicação social. O autor, nascido em 1965, sublinhou “que os nativos digitais são os primeiros filhos a terem um QI inferior ao dos pais”. De acordo com Desmurget, “após milhares de anos de evolução, o ser humano está agora a regredir em termos cognitivos e de capacidades intelectuais - por culpa da exposição excessiva a ecrãs”. Com o livro A Fábrica de Cretinos Digitais, o investigador alertava para um fenómeno que sustentou em inúmeros estudos: “A profusão de ecrãs a que os nossos filhos estão expostos está longe de lhes melhorar as aptidões.” Michel Desmurget, via nesta circunstância consequências nefastas no que respeita à saúde, em termos de comportamento e no campo das capacidades intelectuais. Em 2024, o autor a trabalhar no Instituto de Ciências Cognitivas Marc Jeannerod, da Universidade de Lyon, regressa ao tema que lhe é grato, embora alicerçando o seu novo livro numa solução, Ponham-nos a Ler - A Leitura como Antídoto para os Cretinos Digitais  (edição Contraponto). Ler por prazer, ler desde tenra idade, ler diariamente, ler para compreender - em todas estas dimensões o ato de leitura surge como o caminho para o desenvolvimento da linguagem, dos bons resultados escolares, de uma cultura geral sólida e da mobilidade social. Pretextos para uma conversa com o autor que esteve em Portugal a promover o seu mais recente livro.

Em 2019, publicou o livro A Fábrica de Cretinos Digitais, onde alertava para o perigo dos ecrãs nas crianças e adolescentes. Em 2024, na introdução que escreve para o seu novo livro refere que “o leitor é a antítese do cretino digital”. O que nos está agora a oferecer é o antídoto para o veneno do digital?

Acredito que sim, embora não seja um antídoto milagroso. Muitas atividades contribuem positivamente para o desenvolvimento do cérebro, como o desporto, a arte ou a música. No entanto, nenhuma tem impactos tão amplos, profundos e benéficos quanto a leitura. Embora os ecrãs com fins recreativos prejudiquem diligentemente o desenvolvimento dos nossos filhos, a leitura molda meticulosamente a sua humanidade. É provável que seja uma das poucas competências aplicáveis ao conceito muitas vezes evasivo de “aprender a aprender”. A leitura é uma porta única para o conhecimento. Veja a linguagem, por exemplo, é uma característica essencial da inteligência humana. No entanto, as suas formas orais permanecem um tanto limitadas. A sua verdadeira riqueza reside em livros que oferecem um vocabulário mais extenso e estruturas gramaticais mais complexas. Os livros ilustrados para crianças em idade pré-escolar contêm maior complexidade linguística do que quaisquer interações verbais comuns como conversas de adultos ou interações entre adultos e crianças, programas de TV, filmes, séries, desenhos animados, entre outros. Numerosos estudos demonstram que os formatos escritos são muito mais eficazes do que os seus homólogos áudio e audiovisuais para a aprendizagem de conteúdos complexos. Nessa perspetiva, os livros são insubstituíveis.

O título do seu novo livro subentende que devemos pôr as crianças a ler. Não está, também, com este título a apelar à consciência dos pais para se tornarem leitores?

Escuto muitas vezes esse comentário. Em primeiro lugar, o título não é uma ordem; em vez disso, é um apelo sincero a favor da leitura. Genericamente, o que nos diz exatamente esse comentário? Que os pais são demasiado tolos ou frágeis para serem informados? Será a ignorância preferível ao conhecimento para o “público em geral”? Deveríamos evitar discutir a natureza cancerígena do tabaco, os estragos do alcoolismo ou as alterações climáticas porque isso parece induzir a culpa? Na prática, numerosos estudos demonstram o impacto altamente positivo das abordagens informativas no desenvolvimento infantil. Quando os pais são informados, quando compreendem por que é crucial falar bastante com os filhos, ler-lhes histórias desde as primeiras semanas de vida, e assim por diante, os impactos são substanciais. Isto continua a ser verdade em famílias desfavorecidas, mesmo quando os pais têm dificuldade em ler e dependem de livros ilustrados. Uma pesquisa mostrou que esse tipo de abordagem, aplicada durante o primeiro ano da criança, leva a um ganho de vocabulário de 40% aos 18 meses. Por outras palavras, ao informar os adultos, ajudamos direta e eficazmente as crianças.

O que é um leitor competente?

Com frequência equiparamos a leitura a descodificação. Trata-se de um erro grave. A descodificação é necessária, mas é insuficiente. Se eu jogar ténis, vou precisar de uma raqueta, mas não é a raqueta que faz o jogador. O mesmo se aplica à leitura. Ler é compreender. Esta verdade talvez tenha sido enfatizada com mais vigor pelo filósofo alemão Hans-Georg Gadamer quando declarou: “Ler é compreender; quem não entende não lê de verdade.” Está tudo lá. Um leitor competente é alguém que possui mecanismos de descodificação automatizados, mas, mais importante, alguém que aprendeu a linguagem dos livros; uma linguagem que, como já foi dito, é muito mais rica e complexa do que a linguagem oral. Em última análise, são necessários quase 20 anos para se tornar um leitor proficiente. Um leitor experiente lê em média 280 palavras por minuto. Estudos de acompanhamento revelam que os alunos mais dedicados só atingem este limiar no final do Ensino Secundário. Afinal de contas, é tudo uma questão de volume. Aceitamos prontamente que uma criança que frequenta aulas de violino todas as quartas-feiras não se tornará um violinista especialista se apenas praticar durante essas sessões. O mesmo princípio é aplicável à leitura. Uma criança que só lê o que é exigido na escola nunca se tornará um leitor eficiente.

Como escreve no seu livro, ler “salva”, “liberta”, “fortalece”, “protege do desespero e do tédio”. Podíamos continuar com toda a lista de benefícios tangíveis e intangíveis associados à leitura. No entanto, os leitores de livros extinguem-se. Por que estamos a renunciar aos livros? Porque nos pedem tempo e concentração?

As palavras que cita são expressões de leitores a explicar o que a leitura lhes trouxe. O declínio do número de leitores, especialmente entre as gerações mais jovens, está agora firmemente estabelecido. A causa deste declínio não é difícil de identificar, é tudo uma questão de tempo. O tempo é um recurso limitado. Ao longo dos últimos 50 anos, os ecrãs, inicialmente os da televisão, diversificaram-se e proliferaram amplamente nos videojogos, redes sociais, sites de streaming, entre outros, exercendo agora uma hegemonia selvagem sobre os tempos livres das crianças. A leitura é uma das grandes vítimas desta evolução, ao lado do sono e do volume de interações familiares. Em França, ao longo do último meio século, a proporção de “leitores ávidos” [jovens que leem, pelo menos, 20 livros por ano; o equivalente a 20 a 30 minutos por dia] caiu de 35% para 11%. Nos Estados Unidos, a percentagem de leitores diários de livros ou revistas caiu de 60% para 16%. Os estudos do PISA [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] indicam que 50% dos estudantes do Ensino Secundário nos países da OCDE só leem se forem obrigados a fazê-lo. Um terço acredita que a leitura não serve para nada. Neste domínio, como em muitos outros, a recompensa corresponde ao esforço: substancial para a leitura, insignificante, e muitas vezes negativa, para conteúdos digitais recreativos.

Os defensores do digital dirão que este gera inúmeros suportes de leitura. É fácil desmontar este argumento?

É um argumento simplesmente ridículo. A leitura representa apenas 2 a 3% do tempo total despendido nos ecrãs. Além disso, estudos revelam que esse tempo é dedicado a conteúdos tão empo- brecidos que o seu impacto no desenvolvimento da linguagem oscila entre insignificante e negativo, para crianças e adolescentes. Um estudo de síntese abrangente foi publicado recentemente sobre este tópico. O impacto da leitura digital nas habilidades de compreensão escrita foi avaliado no sentido mais amplo, incluindo blogues, redes sociais, fóruns de discussão, e-books, pesquisas de informação. Os autores concluem: “Há associações positivas entre a frequência de leitura de textos impressos e a compreensão. Descobrimos que tal associação é quase nula quando se trata de leitura de textos digitais.” Os resultados do PISA confirmam esta conclusão ao revelar um efeito negativo da leitura digital na compreensão da leitura.

Hoje, também é palavra de ordem dizer-se que a leitura não é necessária para se desenvolver uma carreira académica e desenvolver uma vida profissional de sucesso. Isto, leva-me à pergunta: o que perdemos quando não lemos?

À escala individual, o custo de abandonar a leitura é enorme. Na verdade, a leitura é uma ferramenta poderosa para construir a inteligência em todas as suas dimensões. Os seus efeitos positivos, apoiados pela investigação, estendem-se ao quociente intelectual (QI), à linguagem, aos conhecimentos prévios, à concentração, à imaginação, à criatividade, bem como às capacidades de expressão escrita e oral. Mas isto não é tudo. A leitura também afeta a nossa inteligência emocional e social. Através dos livros, o leitor entra literalmente na psique das personagens. Posso tornar-me uma mulher adúltera sendo Emma Bovary [protagonista do livro Madame Bovary], ou posso ser Raskólnikov torturado até a loucura em Crime e Castigo. Muitos autores, como o francês Marcel Proust, enfatizaram a capacidade de os romances não apenas nos ajudarem a compreender, mas também de vivenciar as emoções das personagens. A isso se deve que a leitura de ficção tenha impactos positivos na empatia e, de forma mais ampla, na nossa capacidade de nos compreendermos e aos outros. Em última análise, todos estes benefícios têm um impacto significativo no sucesso académico e no futuro profissional das crianças.

Referiu a escala individual. O que perde a sociedade no seu todo por não lermos?

Em primeiro lugar, um funcionamento social mais pacífico. Podemos observar que as nossas sociedades, em muitos aspetos, estão em rutura. Através do seu impacto na empatia, na tolerância e na compreensão dos outros, a leitura é um pilar essencial da nossa humanidade e da nossa capacidade de coabitarmos. Atua como um óleo calmante dentro da maquinaria social. Mas isso não é tudo. Numerosos estudos demonstram que o desenvolvimento económico de um país está intimamente ligado ao desempenho educativo das suas crianças. Esta questão é crítica num contexto de concorrência internacional intensificada, especialmente quando consideramos, com base em avaliações internacionais como o PISA, que a disparidade de desempenho aumenta perigosamente entre os países da OCDE e os países asiáticos. A leitura, como vimos, é essencial para o desempenho académico devido à sua influência na linguagem, no conhecimento geral, na concentração, no pensamento crítico, nas regulações emocionais. O atual declínio no desempenho académico dos nossos filhos ameaça significativamente a nossa prosperidade económica a longo prazo.

A edição portuguesa ao seu livro tem prólogo de Regina Duarte, Comissária do Plano Nacional de Leitura. Escreve algo que o Michel também afirma no livro: “A esmagadora maioria das crianças adoram que lhes leiam.” Se gostam que lhes leiam por que não se tornam muitas dessas crianças leitoras?

Porque a transição da leitura partilhada para a leitura individual é difícil e muitas vezes frustrante. É uma passagem que exige esforço. Por isso é importante acompanhar a criança o maior tempo possível e manter a leitura compartilhada, mesmo quando a criança começa a ler de forma independente. Esta leitura partilhada tardia permite abordar textos um pouco mais complexos e ajuda a manter o prazer. Sem prazer não pode haver leitor. Também devemos considerar o impacto dos ecrãs. Se estes dominarem todo o tempo disponível, não sobrará nada para leitura. Portanto, é essencial garantir tempo para a leitura, limitando a omnipresença dos ecrãs recreativos. Claro, devemos evitar promessas como “se leres um pouco, poderás assistir a uma série ou jogar na consola”. Estas abordagens são profundamente prejudiciais, porque transformam a leitura num purgatório e os ecrãs num paraíso.

Em muitos inquéritos, a maioria das pessoas admite gostar de ler. Mas, a prática revela o oposto. Se as pessoas associam a leitura a “estatuto” intelectual, encontra explicação para o facto de não a materializarem?

Quando perguntamos às pessoas, independentemente da sua idade, muitas explicam que adoram ler, seja porque é realmente o caso ou porque a leitura tem um elevado nível de desejabilidade social, e é sempre gratificante identificar-se como leitor. Isto, embora esta tendência também esteja a mudar aos poucos, com a leitura sendo cada vez mais associada a ser-se um nerd. Mas, fundamentalmente, a questão não é se as crianças, ou os adultos, gostam de ler; é se esta atividade é uma prioridade para eles.

Menos hábitos de leitura nos jovens vão traduzir-se, eventualmente, em adultos que não vão ler, ou que lerão pouco. Alguns destes alunos serão os futuros professores. Consegue antever no que se pode tornar a escola neste cenário?

Estudos indicam que muitos professores tendem a atribuir menos leituras e a optar por textos menos complexos, privilegiando materiais áudio e audiovisuais. Ao abandonar os livros, estamos a renunciar ao pleno desenvolvimento da inteligência e o pensamento profundo dos nossos filhos. O problema é ainda mais profundo. O declínio na leitura está agora a afetar as populações de professores. Estudos revelam claramente que os professores que leem e valorizam a literatura são também os mais capazes de a ensinar e de incutir o amor pela leitura nos seus alunos. É aqui que o ciclo se autoperpetua: alunos sem inspiração tornam-se professores que irão debater-se para conseguir desenvolver a paixão pela leitura nos seus próprios alunos. É difícil não pensar na famosa frase do escritor Ray Bradbury que, há 30 anos, escreveu: “Não é necessário queimar livros para destruir uma cultura. Basta que as pessoas parem de ler.” Encontramo-nos nesta situação e, se não reagirmos rapidamente, o desastre poderá em breve tornar-se irreversível. Fonte:  DN