A confusão mental tem sido, desde os primeiros dias da pandemia da Covid-19, um problema de saúde de difícil solução para os cientistas – este é um termo coloquial para descrever um estado de lentidão mental ou falta de clareza e nebulosidade que torna difícil a concentração, lembrar-se das coisas ou pensar com clareza. Diminuição do QI é significativa, aponta especialista,
Quatro anos volvidos da pandemia, há provas abundantes de que a infeção pelo SARS-CoV-2 pode afetar o cérebro de várias formas, indicou Ziyad Al-Aly, especialista da Universidade Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos. No entanto, apesar de um grande e crescente conjunto de dados, ainda está por se perceber as vias específicas pelas quais o vírus o faz, sendo que os tratamentos curativos são inexistentes.
Dois novos estudos, publicados no ‘New England Journal of Medicine’, trouxeram outra luz sobre o impacto profundo da Covid-19 na saúde cognitiva. Saiba alguns dos estudos mais importantes até ao momento que aferiram como a Covid-19 afetou a saúde do cérebro:
Mais recentemente, um novo estudo publicado no ‘New England Journal of Medicine’ avaliou capacidades cognitivas como memória, planeamento e raciocínio espacial em quase 113 mil pessoas que já tinham sido infetadas. Os investigadores descobriram que aqueles que foram infetados apresentavam déficits significativos de memória e desempenho de tarefas executivas.
Este declínio foi evidente entre os infetados na fase inicial da pandemia e entre os infetados quando as variantes Delta e Ómicron eram dominantes. Estas descobertas mostram que o risco de declínio cognitivo não diminuiu à medida que o vírus pandémico evoluiu da estirpe ancestral.
No mesmo estudo, aqueles que tiveram a Covid-19 leve e resolvido apresentaram declínio cognitivo equivalente a uma perda de QI de três pontos. Em comparação, aqueles com sintomas persistentes não resolvidos, como pessoas com falta de ar persistente ou fadiga, tiveram uma perda de 6 pontos no QI. Aqueles que foram internados na unidade de terapia intensiva tiveram uma perda de 9 pontos no QI. A reinfeção com o vírus contribuiu para uma perda adicional de 2 pontos no QI, em comparação com a ausência de reinfeção.
Normalmente, o QI médio é de cerca de 100. Um QI acima de 130 indica um indivíduo altamente dotado, enquanto um QI abaixo de 70 geralmente indica um nível de deficiência intelectual que pode exigir apoio social significativo.
Olhando para o futuro, será fundamental identificar quem está em maior risco. É também necessária uma melhor compreensão de como estas tendências podem afetar o sucesso educativo das crianças e dos jovens adultos e a produtividade económica dos adultos em idade ativa. E também não está claro até que ponto estas mudanças irão influenciar a epidemiologia da demência e da doença de Alzheimer.
O crescente conjunto de pesquisas confirmou agora que o SARS-CoV-2 deve ser considerado um vírus com um impacto significativo no cérebro. As implicações são de longo alcance, mas levantar a névoa sobre as verdadeiras causas por trás destas deficiências cognitivas, incluindo a confusão mental, exigirá anos, senão décadas, de esforços concertados por parte de investigadores em todo o mundo. Fonte: Sapo
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