O custo do alojamento, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, tem sido apontado como uma das principais razões, mas os dados mostram que não é nessas cidades que o abandono é mais significativo.
Cada vez mais estudantes estão a desistir do ensino superior público após o primeiro ano do curso, mas apesar das dificuldades de alojamento em Lisboa e Porto, é sobretudo no interior que o abandono escolar aumenta.
Os dados mais recentes divulgados no portal Infocursos referem-se ao ano letivo 2021/2022 e mostram que, ao contrário do setor privado, o abandono no final do primeiro ano do curso aumentou desde 2013/2014. Entre esse período, a percentagem global de alunos que já não estavam inscritos em nenhum curso um ano após começarem uma licenciatura ou mestrado integrado manteve-se, mas se diminuiu no setor privado, de 15,8% para 12,5%, aumentou no público, de 10,2% para 11,6%. Depois de cinco anos a diminuir consecutivamente, registando um mínimo de 8,7% em 2018/2019, o abandono voltou a subir ainda antes da pandemia da covid-19 e da crise da inflação. Nos últimos anos, o custo do alojamento, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, tem sido apontado como uma das principais barreiras à frequência do ensino superior, mas os dados mostram que não é nessas cidades que o problema é mais significativo.
As principais instituições da capital, por exemplo, há menos alunos a desistir na Universidade de Lisboa, na Universidade NOVA de Lisboa e no Instituto Politécnico de Lisboa, tendo a percentagem aumentado apenas do ISCTE-IUL, de 6,1% para 7,9%. Por outro lado, o abandono subiu ligeiramente na Universidade e no Instituto Politécnico do Porto, fixando-se em 8,6% e 9,2%, respetivamente, abaixo, ainda assim, da média nacional. Dados enviados à agência Lusa pela Universidade do Porto apontam também um ligeiro aumento nos anos mais recentes. De acordo com a instituição, no ano letivo passado, a percentagem de alunos que, independentemente do ano que frequentava, não se diplomou nem se inscreveu no mesmo curso ou noutro da universidade fixou-se em 7%, a mesma do ano anterior e um ponto percentual acima de 2020/2021.
Também em Coimbra a variação foi muito pouco significativa, fixando-se o abandono nos 8,7%, segundo os dados do Infocursos. À Lusa, a Universidade de Coimbra refere que no final do primeiro semestre deste ano, 439 estudantes tinham cancelado a matrícula, menos do que no mesmo período do ano anterior. Comparativamente, há muitas instituições que registam uma taxa de abandono bastante mais alta em relação à média nacional, a maioria do ensino politécnico e localizadas nas regiões Centro e Alentejo. O caso mais preocupante é o do Instituto Politécnico de Tomar, de onde 37,7% dos alunos saíram logo a seguir ao primeiro ano do curso. Em nove anos, o aumento foi de 20,3 pontos percentuais. Seguem-se os politécnicos da Guarda (29,1%), de Beja (26,9%), de Castelo Branco (19,8%), a Universidade de Évora (18,4%), os politécnicos de Viseu (17,9%), de Portalegre (16,9%) e Bragança (16,6%). Fonte: DN
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