Camilo Castelo Branco é um dos autores estudados pelos alunos do 11.º ano nas aulas de Português. Sabemos que a vida de Camilo foi difícil e que pôs termo à vida, suicidando-se com o tiro de uma pistola.
Em resposta a um desafio formulado pela professora de Português Luísa Ferreira, alguns alunos escreveram uma hipotética carta de despedida de Camilo Castelo Branco. Algumas dessas cartas, o CRESCER publica aqui.
Vila Nova de Famalicão, 01 de junho de 1890
Meus caros leitores,
É com um grande aperto no coração que admito que esta será a última vez que vos escrevo. Durante décadas toda a minha essência foi-vos transmitida através da minha escrita, já que, na mais pura verdade, eu sou cruamente fruto do que escrevo.
Sempre senti de corpo e alma cada palavra que redigia e agora, velho e fatigado, sou incapaz de praticar a minha arte e, por isso, já há tempos que me sinto perdido e desamparado, sem qualquer propósito nem caminho a seguir, em que a assombração do suicídio cresce no meu (in)consciente. E então, sem qualquer outro rumo, decidi pôr um fim à minha vida.
Estamos ainda perante uma mudança que para mim é ultrajante a nível literário e eu, Camilo Castelo-Branco, não estou mais apto para lutar e manter a magnificência e dignidade da Literatura Portuguesa. O movimento realista desperta-me no meu sono e consome a minha alma, alma esta de quem tudo deu pelo Romantismo e pela sua beleza perpetuante. Negar os ideais conservadores e tradicionais, ligados a estruturas sociais e políticas normais, é negar o amor, a paixão e é negar-me a mim, um romântico.
Amei, perdi-me e morri amando… Adeus,
Camilo Castelo-Branco
Raquel Meireles, 11.º B
cortesia de Luísa Ferreira, docente de Português
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