Ler, escrever, tricotar ou simplesmente conversar. A proposta do The Offline Club é que faça um detox das redes e tenha uma tarde completamente diferente.
"A melhor
rede social é uma mesa cheia de amigos.” A célebre frase, de autor
desconhecido, podia perfeitamente ter sido o mote para o grupo que está a levar
um conceito completamente revolucionários para os cafés em Amesterdão. Ali os
telemóveis não entram e o objetivo é terminar com os scrolls intermináveis pelo
Instagram ou TikTok que ocupam (demasiadas) horas por dia aos neerlandeses.
O
projeto chama-se The Offline Club e apresenta-se como um pequeno grupo que cria
sessões pop up em cafés. Existem apenas duas regras: “É proibida a utilização
do telemóvel e de computador. Apenas é permitido ler, escrever, rir, jogar e
conversar”. O objetivo? Recuar no tempo até à época em que as pessoas iam para
o café e, efetivamente, aproveitavam companhia uns dos outros, saboreavam uma
bebida ou uma refeição.
Quem
passa por um dos cafés ou bares que aderiram a esta iniciativa tem a tendência
de olhar duas vezes para este ambiente. Ali não acontece nada tão escandaloso
como nas ruas do Red Light District, onde algumas prostituas se expõem em
montras, com lingeries sensuais. Mas o que vai ver também não é muito comum —
pelo menos nos dias de hoje. Pessoas a pintar, a ler, ou a tricotar enquanto
bebe um café são apenas alguns dos cenários que pode encontrar num pop up do
The Offline Club. Mas o mais bizarro é que ninguém está a fazer scroll nas
redes sociais ou a trocar mensagens no WhatsApp.
A
proposta da marca criada por Ilya Kneppelhout é simples: desligar da rotina,
das preocupações e aproveitar para dedicar-se a um hobby que adora. Os locais
escolhidos para colher a iniciativa são pequenos cafés, no centro da capital
dos Países Baixos, em que a decoração nos leva também numa viagem ao passado.
A
ideia surgiu após Kneppelhout e um amigo tentarem sobreviver a um fim de semana
inteiro sem telefone. Durante aqueles dias perceberam que tinham mais tempo
livre para certas atividades que adoravam, mas que tinham deixado para trás.
Determinados em mostrar os benefícios deste tipo de “retiros”, começaram pelo
passa-palavra a desafiar outros amigos a fazerem o mesmo. Em menos de dois anos
e vários dias sem “a tirania das telas”, decidiram avançar para um público
maior.
Primeiro
tiveram de pensar em como poderiam fazê-lo exatamente. Depois contactaram
espaços onde pudessem reunir um pequeno grupo de pessoas interessadas em fazer
um “detox digital”. Estabeleceram parcerias com pequenos cafés da zona e este
domingo, 3 de março, aconteceu a segunda edição do The Offline Club, no Café
Brench. Voltou a ser um sucesso. Durante uma tarde inteira, os telemóveis
ficaram desligados e houve tempo para tricotar, escrever, desenhar, conversar
ou simplesmente ler.
“O
objetivo é que faça um género de desintoxicação digital. Durante os nossos
eventos poderá abrandar, concentrar-se, aumentar a sua criatividade, conhecer
pessoas divertidas, restabelecer ligações e reenergizar-se. É, basicamente, um
convite para uma pausa offline da sua agenda preenchida e da sua vida sempre
ligada”, adianta a empresa.
Para
acompanhar estes momentos de verdadeiro relaxamento, não faltam croissants,
café e até cerveja. Basta escolher os snacks e as bebidas favoritas, indicar
onde se quer sentar e o que gostaria de fazer nas horas seguintes. Os clientes
que passaram pela experiência garantem que pode ser “realmente transformadora”.
Quem
quiser participar nesta iniciativa, só precisa de comprar um bilhete para os
eventos que estão agendados e aparecer no café indicado. Os ingressão estão
disponíveis online e custam 7,50€ por cada
evento.
Com
o sucesso dos pop-ups que têm organizado desde fevereiro, os autores do
conceito já ambicionam lançar um novo projeto: o The Reading Weekend. Neste
caso, será um retiro que acontece durante um fim de semana numa casa de campo
onde, mais uma vez, não são permitidos telemóveis. O objetivo é semelhante ao
do The Offline Club: desligar da azáfama diária e ter aquele tempo (que estamos
a sempre dizer não temos) para ler.
Em
Portugal também existe um projeto semelhante, mas com jantares. Assim que são
anunciadas estas iniciativas, os clientes podem inscrever-se, mas só serão
informados sobre a localização pouco tempo antes do evento. No próprio dia,
quando chegam, é-lhes retirado o telemóvel e em troca recebem uma pulseira com
o número para, no final da refeição, lhes devolverem o equipamento.
Os eventos são organizados pela Offline Portugal. A mesma empresa responsável pela Offline House, a guesthouse do Algarve onde não existe wi-fi e os telemóveis, tablets e portáteis são trancados em cacifos quando os hóspedes fazem o check-in. Fonte: NIT
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