A poucos dias das eleições legislativas, o STOP imitou os partidos políticos e organizou uma arruada – ação frequente das campanhas eleitorais – para dizer que “não se tem falado de educação como se devia”, resumiu André Pestana, professor e coordenador do sindicato.
no início já se adivinhava a chuva |
“A escola pública tem um papel que mais ninguém pode ter na sociedade, que é garantir uma educação de excelência para todos os alunos, independentemente de serem filhos de ricos ou de pobres, e isso as escolas privadas não garantem”, sublinhou, em declarações aos jornalistas.
Mesmo “sob a
ameaça de temporal”, profissionais da educação de todo o país muniram-se de tambores, bombos, apitos e cornetas de modo a acompanhar as palavras de ordem gritadas ao
megafone.
“Não
paramos, não paramos”, entoaram, exigindo, em cartazes, “compromissos efetivos”
dos partidos.
“Venham já
as eleições, queremos soluções” e “Nós só iremos votar em quem nos valorizar”
foram outras das garantias dos manifestantes, muitos dos quais usando a marca
STOP em t-shirts, brincos, meias e outros adereços.
o careto |
Havia mesmo
quem aproveitasse o guarda-chuva para pendurar as suas várias reivindicações.
“A escola unida jamais será vencida”, garantiram, seguindo atrás de uma grande faixa pela “valorização da escola pública”, encabeçados por uma ovelha negra [um careto], com fotos dos líderes de PS, PSD e Chega, alertando que “o rebanho segue cego”.
No protesto,
que contou com a presença de dirigentes partidários, nomeadamente do BE, a
mensagem ao novo Governo, “mais à esquerda ou mais à direita”, foi clara.
“Se não
investir a sério na escola pública, esta luta não vai parar”, avisa Pestana.
Em
declarações à Lusa, o dirigente reconheceu que a reivindicação do tempo de
carreira – que tanto PS como PSD já se comprometeram a fazer – “era importante,
mas não era a única”.
Uma
“avaliação justa e progressão sem quotas” para docentes e não docentes, a
valorização dos assistentes operacionais e uma gestão escolar “mais
democrática” são outras das exigências de um setor que está na rua há mais de
um ano.
Sobre os
programas partidários, sabem, “sobretudo”, quais excluir, realça Pestana,
referindo-se àqueles que defendem que se volte aos contratos de associação e
que se extinga o 2.º ciclo, “uma medida claramente economicista que não tem
qualquer critério pedagógico”.
Acima de
tudo, reclamam “que não se deixe que recursos da escola pública vão para, por
exemplo, colégios privados”, como alguns partidos defendem, ao proporem
contratos de associação ou cheques-ensino.
Pestana
criticou ainda o “tanto dinheiro” gasto em manuais digitais, contrapondo que
esse investimento deve ser feito nos recursos humanos das escolas.
no fim, bem molhados, fica a esperança: "Arruada molhada, Educação abençoada!" |
De tambor ao peito, Ana Rita Baptista, professora no Algarve e dirigente sindical do STOP, explicou que a arruada pretendeu “chamar a atenção da sociedade”.
Tendo analisado os programas dos partidos, “não há nenhum que verdadeiramente defenda a escola pública”, sentencia, defendendo, “antes de mais, investimento, que é coisa que eles [os políticos] não fazem”, tal como “não ouvem os profissionais da educação”.
Tânia Silva,
delegada sindical e professora em Lisboa, antecipa que, no cenário político que
se adivinha depois de 10 de março, vai ser necessária “muita negociação com
todos os setores da sociedade”, entre os quais os profissionais da educação.
“Continuamos na luta e vamos continuar, aquilo que pretendemos é o bem-estar dos nossos alunos. É o futuro da nossa sociedade que está em causa, nunca se esqueçam disso. Pessoas que não sabem pensar não vão ser bons adultos”, assinala. Fonte (texto): Sapo Fotos: José Carlos Costa, docente AESCAS
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