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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

geociência: a camada mais interna da Terra é uma bola de ferro com mais de 600 quilómetros de largura

 Esta teoria tem sido defendida por investigadores em estudos mais recentes, mas há cerca de duas décadas os geocientistas já abordavam a hipótese de existir uma camada adicional impercetível do Planeta Terra.


Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade Nacional da Austrália, em Camberra, sugere que o planeta Terra tem, afinal, cinco camadas principais, concluindo que, abaixo da crosta mais externa, do manto e do núcleo externo líquido fundido do planeta Terra, encontra-se um núcleo de metal sólido – como já se sabe – com uma camada oculta, ou seja, um “núcleo interno ainda mais interno”, como explica a equipa, que se estima ter 644 quilómetros de largura.
Esta teoria tem sido defendida por investigadores em estudos mais recentes, mas há cerca de duas décadas os geocientistas já abordavam a hipótese de existir uma camada adicional impercetível do Planeta Terra.
Contudo, ainda não tinha sido observada porque a sua composição é muito semelhante à que está acima dela, explica, em declarações à CNN, Thanh-Son Phạm, sismólogo e um dos autores do estudo. De acordo com a equipa, tanto este centro observado agora como a camada mais externa são feitos de uma fusão de ferro e níquel, com vestígios de outros elementos.
Em comunicado, os investigadores do novo estudo, publicado na revista científica Nature Communications, explicam que os novos dados conseguidos pela medição de ondas sísmicas – que se propagam através da Terra geralmente como consequência de um sismo, ou devido a uma explosão – à medida que passavam pelo centro da Terra, permitiram aos investigadores detetarem este núcleo mais interno. Thanh-Son Phạm disse que o estudo relata, “pela primeira vez”, “observações de ondas sísmicas originárias de sismos poderosos que viajam de um lado para o outro do planeta até cinco vezes, como um ricochete”.
Contudo, se as duas camadas têm composições muito semelhantes, o que é que as distingue efetivamente?
A equipa esclarece que, ao utilizar técnicas específicas de deteção de ondas vibratórias, descobriu que o núcleo interno mais interno – observado agora – tem uma anisotropia distinta, qualidade de certos materiais cujas propriedades são diferentes consoante as direções (a madeira é um exemplo de material anisotrópico, já que possui propriedades mecânicas que dependem da disposição das suas fibras).
Como? A partir de observações da velocidade com que as ondas sísmicas viajavam através desse núcleo em diferentes direções. A equipa percebeu, precisamente, que o núcleo mais interno mudou a velocidade dessas ondas de uma maneira diferente da camada acima dele.
Para os investigadores, este estudo pode fornecer novos detalhes que vão, no futuro, ajudar a desvendar alguns dos mistérios mais antigos sobre o nosso planeta e sobre a sua formação. @ Sapo

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