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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

cultura: o traço de Álvaro Siza e a pena de Valter Hugo Mãe encontram-se na U.Porto

"Édipo/Antígona - Desenhos de Siza Vieira com textos de Valter Hugo Mãe" abre ao público dia 28 de fevereiro, às 18h00. A entrada é livre.


Vamos caminhar pelo universo  da tragédia grega, levados pela mão ou, mais concretamente, pelo traço de Álvaro Siza. A leveza da pluma faz-se traço fino, conduzido pela precisão de um bisturi. Nesta viagem, o reconhecido arquiteto e antigo professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) foi convocado por duas personagens do dramaturgo grego Sófocles (496 a.C. – 406 a.C.) que habitam o imaginário coletivo da humanidade: Édipo Rei e Antígona. O que vamos ver na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto a partir de 28 de fevereiro são desenhos de Álvaro Siza, que serviram de inspiração a textos do escritor Valter Hugo Mãe.

A memória inteira do mundo

Quando se bate a porta de casa e o dia fica lá fora, insufla-se o tempo e o espaço da imaginação. São universos ancorados em “valores imortais da nossa coletiva humanidade”, diz-nos o arquiteto António Choupina, que tantas vezes observou o desenlace do traço do mestre.

Álvaro Siza sempre leu muito, “Hemingway, Falkner e tantos outros”, desde muito jovem, aos 16 anos, nomeadamente “no elétrico que apanhava em direção à Faculdade de Arquitetura da U.Porto”. É é “sempre à noite” que estas narrativas, “não arquitetónicas” saltam para o papel, que é como quem diz, para o caderno…

Ora é, precisamente, esse o caderno do primeiro Pritzker português, em forma de harmónica de acordeão, que vamos ter na Casa Comum. Só que a uma escala bem mais ampliada. Vamos caminhar, lado a lado, pelo imaginário de Sófocles, reinterpretado por Álvaro Siza.

Retirado do caderno de desenhos de Álvaro Siza Vieira

É a tragédia grega, mas com adaptações. Não se conte, por exemplo, com o desenho da carruagem que Édipo encontra quando sai de Corinto em direção a Tebas. O veículo que vamos encontrar faz-nos antes lembrar um Volkswagen Carocha, ou mesmo, “uma mescla do Fiat de Siza com o Cadillac limusina que o seu pai alugava nos verões de 1940-50”.

Nasceram em 2014, os desenhos que contam a história de Édipo Rei, destinado à maldição de matar o próprio pai e casar com a mãe. Deste leito incestuoso, esposa/mãe, nasceram quatro filhos/irmãos, nomeadamente Antígona. Ora, 2014, recorda António Choupina, foi precisamente o ano em que Siza tomou a difícil decisão de qual o destino a dar a dar seu arquivo de arquitetura (Serralves, Gulbenkian e Centro Canadiano de Arquitectura.

Possivelmente no “subconsciente”, diz-nos Choupina, o arquiteto a recorreu a uma personagem da mitologia, Édipo “que descobre não ter controlo sobre o seu próprio destino”. @ Universidade do Porto

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