Em escolas públicas ou privadas, Educação Física é a disciplina trienal com média mais alta. Um relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência confirma que as notas mais altas, atribuídas pelos professores, são nas opções anuais no 12.º, não sujeitas a exame. As médias subiram a quase todas as disciplinas especialmente nos dois anos de pandemia.
Só a média de Matemática B desceu ligeiramente de 13,8 em 2018/ 2019 para 13,5 valores nos dois anos seguintes. As classificações internas, atribuídas pelos professores, nas restantes disciplinas registaram subidas sucessivas nos quatro anos letivos analisados, especialmente nos dois últimos, já em pandemia, com períodos em ensino à distância e com os exames a contarem apenas para ingresso ao Superior e não para a média final do Secundário.
A Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) analisou as classificações internas em todas as disciplinas dos quatro cursos científico-humanísticos do Secundário entre o ano letivo 2017/ 18 e o ano 2020/ 2021 em 470 escolas públicas e 108 colégios. O objetivo era avaliar a variação entre as médias, especialmente nas classificações das opcionais que não são sujeitas a exame.
Uma das principais conclusões é que Educação Física é a disciplina trienal com a média nacional mais elevada ao longo dos quatro anos analisados, tanto nas escolas públicas como privadas. Subiu de 15,7 para 16,8 valores de média, nesse período, nos agrupamentos e de 17,2 para 18,2 valores nos colégios. Também nos dois setores, História A é a trienal com média mais baixa - passou de 12,5 para 13,4 valores de média nos agrupamentos e de 14,1 para 14,8 valores nos colégios. As maiores variações, refere o estudo, são a Matemática A (cuja média passou, no público, de 13,4 para 14,1 valores e no privado, de 15 para 15,8 valores).
DGEEC recomenda averiguações a notas 20
Outra conclusão sublinhada no relatório é o facto de as médias internas das disciplinas anuais, de opção, do 12.º, serem "invulgarmente elevadas", tanto nas escolas públicas como privadas, classifica a DGEEC. Além das médias serem superiores às das disciplinas bienais e trienais também são mais altas do que "as classificações tipicamente observadas em qualquer outro nível de ensino", incluindo no Básico.
Apesar da motivação dos alunos, que escolheram as opções, poder contribuir para os bons resultados, não será o único fator, aponta a DGEEC. Até porque a diferença existe mesmo em disciplinas da mesma área - por exemplo, a média de Economia A (disciplina do 10.º e 11.º ano), em 2020/2021 foi de 15,6 valores e de Economia C (12.º) foi de 18,2; a classificação de Física e Química, no último ano analisado, foi de 15,2 e nas opcionais do 12.º foi de 18,1 a Física e de 18,4 a Química.
"Estas evidências devem ser objeto de reflexão, pois exemplos desta natureza, em que a classificação máxima é atribuída pela escola, não se encontram de forma tão transversal e recorrente nas disciplinas bienais e trienais. É também importante assinalar que, não sendo uma realidade na generalidade das escolas em Portugal, configuram situações de classificações mais extremas, cuja relação com o real nível escolar dos alunos importa averiguar", recomenda a DGEEC.
Os estudos e inspeções pedidas pelo Ministério da Educação à inflação de notas, recorde-se, analisavam especialmente as médias elevadas atribuídas a muitos alunos a Educação Física e nas opções do 12.º ano. A partir de 2025, o novo modelo de acesso ao Ensino Superior e de conclusão do Secundário, divulgado pelo Governo, na semana passada, vai retirar peso na média final a estas disciplinas anuais que atualmente contam o mesmo que uma trienal ou bienal.
No relatório, uma das justificações atribuídas pela DGEEC para as classificações elevadas das opções é, precisamente, o facto destas disciplinas, não sujeitas a exame, contarem o mesmo para a média final do aluno do que as restantes.
Aplicações Informáticas B é entre as opções a que tem uma média mais alta, tanto nas publicas como nas privadas: 18,2 e 18,9, respetivamente.
Entre as notas dadas pelos agrupamentos, em 2021, em quatro disciplinas anuais - além de Aplicações Informáticas, Física, Geologia e Química - a classificação modal (nota mais atribuída) foi a nota máxima de 20 valores. Entre as 475 escolas públicas analisadas, em 2021, 236 atribuíram como classificação média, a nota de 19 ou 20, a pelo menos uma disciplina. Comparativamente em 2017/2018, tinham sido 182 agrupamentos.
Nos colégios, 20 foi a nota modal atribuída em 11 disciplinas - todas anuais à exceção de Geometria Descritiva A (10.º, 11.º do curso de Artes Visuais). No ano letivo 2020/2021, dos 105 colégios analisados, 88 atribuíram classificações médias entre os 19 e 20 valores a pelo menos uma disciplina. Em 2017/ 2018 tinham sido 82. @ JN
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