O contributo do aluno Lucas Pires, do 12.ºE, a propósito do conto "George", de Maria Judite de Carvalho, e da comemoração do dia da mulher.
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| cartoon de Pyotr Kulinich |
O cartoon de Pyotr Kulinich, artista russo, retrata, de forma
crítica, uma realidade comum na sociedade atual.
Através da observação da imagem,
é possível visualizar dois indivíduos, um do sexo masculino e outro do sexo
feminino, ambos dentro de um carro de alta cilindrada (BMW). A figura masculina
encontra-se ao volante do automóvel e a feminina ao seu lado, no lugar do
copiloto. Ambos têm o cinto de segurança posto. No entanto, o da mulher está
mal colocado, tapando-lhe a boca. Quanto às expressões faciais, a mulher possui
um semblante carregado, com olhos bem abertos e também gesticula com as mãos. O
homem, por sua vez, possui óculos de sol e um certo ar impassível.
Interpretando estes elementos,
toda esta situação simboliza a obstrução às liberdades individuais da mulher,
nomeadamente a liberdade de expressão. O carro guiado pelo homem remete para o
poder masculino sobre a figura feminina. Ele é o detentor do poder, pois é ele
que conduz o automóvel, sendo a ostentação desse domínio enfatizada pela marca
do carro, potente e de alta gama. A figura masculina, vestida de maneira formal
e com cores neutras, é conotada como aquela que assume a liderança, toma as
decisões, independentemente de qualquer situação. A sua expressão facial calma
e indiferente, complementada pelos óculos de sol, mostra, do mesmo modo, algum alheamento
pela condição da mulher, oprimida, uma vez que a situação lhe é vantajosa e
confere-lhe, até, um certo estatuto de superioridade. Por sua vez, a figura feminina
revela que é impedida de manifestar o seu pensamento e a sua vontade, através
do cinto de segurança a tapar-lhe a boca, simbolizando assim que a mulher não tem
o direito de expressar a sua opinião, ainda que pudesse ser algo de inovador e
criativo, em conformidade com as cores vivas da sua roupa. Por isso, mesmo que
o quisesse fazer, o cinto é a mordaça que a impede de se manifestar, sendo esta
impedimento evidenciado pelas expressões faciais carregadas da figura feminina
e da tentativa de gesticular.
Assim, é possível realçar a crítica à condição da mulher, subjacente ao cartoon de Pyotr Kulinich, que ainda nos dias de hoje é obrigada a lidar com valores obsoletos de séculos passados.
cortesia do envio de Lizete Pinheiro, docente de Português
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