Professores queixam-se das tarefas burocráticas que dizem retirar-lhes tempo para ensinar. Conheça o caso de Catarina Carvalho, professora em Loures, que entre atas, relatórios e papeladas, ainda atende os encarregados de educação e gere os conflitos entre alunos.
Há muito que os professores alertam para o aumento de trabalho burocrático, um problema reconhecido em janeiro pelo ministro da Educação, João Costa, que anunciou que iria apresentar um plano para eliminar “documentos e plataformas que não contribuem para a qualidade do processo de ensino e aprendizagem”.
João Costa prometeu que iria “simplificar documentos administrativos” e “eliminar redundâncias”, mas as medidas ainda não chegaram e nas escolas os professores dizem-se “exaustos e frustrados”.
Catarina Carvalho é professora há 22 anos e tem agora a seu cargo a direção de sete turmas. Os diretores de turma e os professores do 1.º ciclo são os mais penalizados, segundo os sindicatos, que alertam para o facto de raramente conseguirem cumprir a legislação, que prevê um horário de trabalho máximo de 35 horas semanais.
Todos os dias, a diretora de turma tem um conjunto de tarefas que não podem esperar, como verificar o registo de faltas dos alunos.
“Tenho sete turmas e tenho de contar as faltas de todos os alunos, verificar se há casos que precisam de justificação dos encarregados de educação. Se isso acontecer, tenho de contactar os pais, o que nem sempre é fácil, porque os pais esquecem-se e nós temos de andar atrás deles a insistir”, exemplificou.
Naquela escola de Loures há alunos em risco de insucesso e de pobreza. “Há situações que temos de sinalizar para a Comissão de Proteção de Menores e, se o caso segue para tribunal, somos nós que temos de elaborar todo o processo”, acrescentou.
Os sindicatos alertam que também são pedidos aos professores relatórios para entregar aos médicos, tribunais e outras entidades.
Também os diretores escolares têm chamado a atenção para as inúmeras tarefas das escolas, que vão desde realizar as matrículas dos alunos a fazer listagens de dados sobre alunos e encarregados de Educação e atualizar esses mesmos registos biográficos.
São os diretores de turma que tratam dos processos quando chega um aluno com necessidades educativas especiais.
“A lei diz que temos de justificar quando temos pelo menos 50% dos alunos com negativas. Temos de deixar tudo registado. Todas as diligências que levámos a cabo para que não houvesse insucesso”. (adaptado daqui)
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