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terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

opinião: "a luta (dos professores) é para continuar"

 "Ninguém me contou. Tal como em 2008, eu estive lá. Tive o privilégio e a honra de ver com os meus olhos in loco, sentir com o meu coração o ambiente fantástico de todos e tantos corações palpitantes, vivenciei axiologicamente o momento, feito de muitos momentos, emocionei-me, senti arrepios e escorreu uma lágrima que os óculos de sol ajudaram a disfarçar. Emoções, muitas e fortes emoções. Revi e abracei Amigos. 
A nação dos professores e educadores portugueses, o povo docente disse presente, em uníssono. Resposta ainda mais esmagadora que em 2008. E eu olhei e observei as pessoas. Vi políticos deambulando pelo Marquês. Vi as selfies para memória e recordação futura. Também vi aqueles que vivem vazios por dentro, sufocados pela máscara do fingimento e da mentira, preocupados com fotografias e vídeos, aparecer nas filmagens, disfarces à paisana, enfeudados ao partido, vi drones filmando (…); vi aqueles que em negação, não aceitam o que são e quem são, sem alma, as lapas do poder. Apenas ficar no retrato. 
E continuei olhando, e observando observei o mar de gente a transformar-se num oceano de gente. Gente gira, linda, bonita. E também vi um grande aparato policial, carros, motas, polícias de/em serviço, acompanhados de grandes metralhadoras. Sorri! E mais vi, pessoas, cidadãos anónimos com pequenos cravos de Abril ao peito, a dar e a distribuir lindos cravos de Abril, com um perfume inebriante a verdade, justiça, pureza de sentimentos e a inocência de gente boa, pessoas bem formadas de carácter a Lutar por Dignidade e Respeito. Vi uma luta entre David e Golias e sei, sim, eu sei que no final, o pequeno David vai vencer o grande Golias porque a realidade impõe-se, realiza-se e acontece no tempo determinado. E Este É o Tempo!
(...)
A luta É para continuar até à vitória final, com o Acordo de todos os acordos negociado entre a tutela e o professorado. Necessário é plasmar tudo num novo Estatuto da Carreira Docente (ECD). Dar resposta a todas as linhas vermelhas. Dinheiro não é problema quando há vontade política. Falemos, dialoguemos, admitamos um calendário faseado, mas sem mandar para as calendas gregas. Até porque, se alegadamente, só para a Efacec, o Estado injecta todos os meses 10 milhões de euros (Camilo Lourenço, comentário hoje, 13 de fevereiro de 2023, na CMTV), os docentes há duas décadas que vêm empobrecendo e perdendo salário real e poder de compra. 
Não se trata de nenhum braço de ferro entre o ME e o Professorado, mas apenas e tão só/somente de Justiça, honrar compromissos, resolver problemas laborais da classe e valorizar/tornar atractiva a profissão docente. É nobreza de carácter reconhecer os erros e emendar a mão. Nós, os professores, estamos aqui, esperando há demasiado tempo. A paz social tem um preço. Os custos do colapso da Escola Pública são irreparáveis para gerações de jovens estudantes." (...)

Carlos Calixto, professor na Escola Secundária Dr. João de Brito Camacho (Almodôvar)
 texto completo @ "O meu quintal" de Paulo Guinote

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