O romance "O Senhor d'Além", de Teresa Veiga, venceu por unanimidade o Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol, no valor de 15.000 euros, disse hoje à agência Lusa fonte da Estoril Sol.
Em ata, o júri, ao qual presidiu o jurista Guilherme d'Oliveira Martins, realçou a "escrita límpida e luminosa" que dá "uma cativante 'estória' de gente simultaneamente comum e singular"."A sobriedade estilística da autora, exemplar enquanto modo de entender a escrita artística, estrutura um romance cuja legibilidade chama o leitor a participar na própria narrativa que está a ler. Quer pela notável capacidade de observar e descrever, quer pela tranquila inventividade, quer pela admirável economia da narrativa", salientou o júri.
Para o júri, "O Senhor d'Além" é "um romance que constitui um elogio à arte de bem escrever".
"Assinalar a sua importância no quadro da literatura portuguesa atual é, por isso, a validação do seu intrínseco valor", sustenta o júri.
Teresa Veiga, por seu turno, citada pela Estoril Sol, afirmou que quando começou a escrever "O Senhor d'Além" ainda "não tinha um plano definido".
Porém, "já sabia que iria desenvolver-se à volta de dois pontos fundamentais: a descoberta por alguém de um lugar no Algarve que há muito conhecia e amava, e uma certa casa, entrevista da estrada, que por algum motivo despertara em mim uma ressonância particular", afirmou.
"Poderia este livro chamar-se 'A Casa das Palmeiras' e também seria um título adequado. Afinal são a casa e o senhor d`Além que abrem o livro e determinam o seu desfecho", disse Teresa Veiga.
"Fico, portanto, muito feliz por [o romance] ter sido distinguido com o prémio Fernando Namora, autor que comecei a ler nos anos 1970 e a que regresso às vezes por razões diversas, pois, sendo um grande escritor, a sua obra não só reflete a realidade portuguesa como é também um olhar atento sobre o mundo. Não poderia ficar em melhor companhia", rematou Teresa Veiga.
Teresa Veiga nasceu e vive em Lisboa, sendo licenciada em Direito, em 1968, e em Filologia Românica, em 1980, pela Universidade de Lisboa.
De acordo com a biografia da escritora, que assina sob pseudónimo, exerceu as funções de conservadora do Registo Civil entre 1975 e 1983, no Alentejo e Algarve, e foi também professora.
No total a escritora, de 77 anos, já publicou nove livros, entre volumes de contos, novelas e romances. Teresa Veiga já recebeu por três vezes o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco, em 1992, 2008 e 2016.
Teresa Veiga é referenciada pela Estoril Sol como uma "autora misteriosa", justificando: "Apesar dos prémios e da consagração da sua obra de qualidade, a escritora é reservada e avara a intervenções públicas e não costuma conceder entrevistas. Sabe-se, inclusive, que já esteve em lançamentos de livros seus, mas sem que o público soubesse de quem se tratava". @ Sapo
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