Biólogo sueco especializado em genética da evolução conseguiu algo aparentemente impossível: sequenciar o genoma do Neandertal, uma espécie de homem que se extinguiu há 30 mil anos.
© EPA/José Luis Cereijido |
O prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina foi atribuído a Svante Pääbo, foi anunciado esta segunda-feira. A distinção deve-se às suas "descobertas sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana".
O biólogo sueco é especializado em genética da evolução e, curiosamente, o seu pai, Sune Bergström, recebeu exatamente o mesmo prémio em 1982.
Inicialmente formado em Medicina, Svante Pääbo fascinou-se com a ideia de "viajar" até ao Antigo Egito usando a genética quando estava a fazer o doutoramento em Upsala, no seu país, numa área que requeria a utilização das técnicas então em uso para sequenciar ADN.
A carreira científica que acabou por seguir conduziu-o aos estudos de ADN antigo, que permitem hoje lançar um novo olhar sobre o passado humano e o das outras espécies. Pääbo, que trabalha para o Instituto Max Planck para a Antropologia Evolutiva, em Leipzig, na Alemanha, conseguiu algo aparentemente impossível: sequenciar o genoma do Neandertal, uma espécie de homem que se extinguiu há 30 mil anos. A investigação levou-o à conclusão que os humanos modernos e os neandertais cruzaram-se entre há 50 mil e 80 mil anos, muito provavelmente na região do Médio Oriente, e geraram descendência.
A equipa internacional liderada de investigadores por Pääbo que produziu este primeiro retrato genético dos Neandertal utilizou amostras de ossos de três espécimes do sexo feminino que viveram há entre 38 mil e 44 mil anos. Esses fósseis foram encontrados na gruta de Vindiglia, na Croácia.
Este primo mais próximo do Homo sapiens surgiu há cerca de 400 mil anos em África e migrou para norte, para a Eurásia, onde evoluiu independentemente do Homo sapiens, na Ásia Ocidental, Sul da Sibéria, Médio Oriente ou Península Ibérica.
Pääbo, 67 anos, vai levar para casa o prémio de 10 milhões de coroas suecas (925 mil euros), vai receber o prémio do rei Carl XVI Gustaf numa cerimónia formal em Estocolmo a 10 de dezembro, aniversário da morte do cientista Alfred Nobel.
Em 2019, Pääbo esteve em Portugal e, em entrevista ao DN, falou das suas descobertas.
O vencedor deste ano foi anunciado pelo secretário do Comité Nobel, Thomas Perlmann, no Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia.
No ano passado, foram distinguidos David Julius e Ardem Patapoutian pela investigação de recetores sensoriais de temperatura e toque no corpo humano.
Nos próximos dias serão anunciadores os vencedores dos prémios Nobel da Física (terça-feira), Química (quarta), Literatura (quinta), Paz (sexta) e Economia (próxima segunda-feira).
Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte da sua fortuna a pessoas que trabalhem por "um mundo melhor". O prestígio internacional dos prémios Nobel deve-se, em grande parte, às quantias atribuídas, que atualmente chegam aos dez milhões de coroas suecas (mais de 953.000 euros). @ DN
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