Um dos lados maus da evolução da Humanidade, o excesso de lixo, serve de base ao trabalho do artista português Bordalo II que, a partir de dia 08, apresenta obras inéditas numa nova exposição a solo, em Lisboa.
Para dar título à mostra, Bordalo II decidiu tirar 'evol' (evoluir, em português) da palavra 'evolution' (evolução), substituindo por 'evil' (mal) e criou um novo termo: "Evilution", "porque supostamente a evolução deve ser algo positivo".
"Idealmente a evolução leva-nos a um momento em que a Humanidade fica melhor, em que tudo funciona de uma forma evoluída. No entanto, a forma como nós, enquanto sociedade e Humanidade, temos evoluído em muitos aspetos é negativa, é quase diabólica, por assim dizer. Daí o trocadilho da palavra", explicou Bordalo II em declarações à Lusa, durante a montagem da mostra.
Artur Bordalo (Bordalo II - o primeiro era o avô, o artista plástico Real Bordalo), nascido em Lisboa, em 1987, começou pelo 'graffiti', que o preparou para o trabalho pelo qual se tornou conhecido: esculturas feitas com recurso a lixo e desperdícios.
Nos últimos anos tem espalhado por todo mundo "Big Trash Animals" ("Grandes Animais de Lixo"), retratos de animais feitos com aquilo que os destrói.
Em "Evilution", o público vai poder ver novas obras de séries mais conhecidas, como "Small trash animals" e "Big trash animals", mas "também uma grande variedade de novas séries de trabalhos -- com materiais provenientes dos sítios onde é destruído o habitat dos animais, muitas vezes para exploração intensiva -, que as pessoas têm que ver ao vivo para entender".
O artista quer revelar pouco do que poderá ser visto a partir de dia 08 de outubro, mas adianta que o corpo de trabalho apresentado na exposição "acaba por ser uma evolução, ou uma 'ivolução'", daquilo que "andava a fazer antes", mas "com utilização de outros materiais, com uma organização diferente dos materiais, e mesmo a utilização do espaço público".
Os novos materiais utilizados por Bordalo II nas peças inéditas não são literalmente novos, porque "o objetivo continua a ser utilizar o desperdício, a contaminação, o 'lixo', para criar novas séries de trabalho, ainda que organizando os materiais de forma diferente". @ Sapo
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