O prémio Gulbenkian para a Humanidade foi esta quinta-feira atribuído a duas organizações intergovernamentais dedicadas a produzir conhecimento científico e apoiar os decisores políticos no combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade.
A Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES) e o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) são as duas organizações vencedoras da terceira edição do prémio no valor de um milhão de euros.
Com a atribuição do Prémio a estas duas organizações, selecionadas entre 116 nomeações de 41 nacionalidades, o Júri presidido por Angela Merkel pretende reconhecer “o papel da ciência, na linha da frente do combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade".
“Reconhecer estas duas organizações vem pôr em destaque a necessidade de olhar para a crise climática e da biodiversidade em conjunto, de forma concertada, e recorrendo a soluções baseadas na natureza”, justifica o júri. Por outro lado, o júri afirma ainda que a informação científica “tem sido fundamental não só para o avanço de muitas ações políticas e públicas, mas também para a necessidade de colocar um ‘caráter de urgência’ na forma como, em termos de agenda política, é abordada a questão do combate à crise climática".
Da parte do IPCC, o presidente Hoesung Lee defendeu igualmente que a ciência é “o instrumento mais importante que temos para combater as alterações climáticas” e agradeceu a distinção que considerou ser um reconhecimento e incentivo para todos os cientistas do Painel. “Mas é também uma forma de pressionar os decisores políticos para uma ação climática mais decisiva e eficaz”, acrescentou.
A secretária executiva do IPBES, por seu turno, sublinhou que o Prémio constitui uma “poderosa declaração que confirma que a perda global de espécies, a destruição de ecossistemas e a degradação dos benefícios da natureza para as pessoas, em conjunto, representa uma crise não só de magnitude semelhante à das alterações climáticas, mas também uma crise que deve ser abordada pelo menos com o mesmo caráter de urgência".
Anne Larigauderie deixou também uma palavra de agradecimento em nome dos cientistas e das pessoas que têm trabalhado com a Plataforma, incluindo comunidades indígenas e locais. ângela Merkel destacou a urgência do combate às alterações climáticas e à perda da biodiversidade para a sobrevivência da humanidade e reconheceu a importância do contributo da ciência. “Uma coisa é clara.
Nós temos de lutar contra as alterações climáticas, mas temos também de proteger as plantas e os animais, com o ser humano como parte deste ecossistema e não como alguém que está acima”, sublinhou Ângela Merkel.
A antiga chanceler alemã falava em conferência de imprensa, depois de ter anunciado os vencedores do Prémio Gulbenkian para a Humanidade. @ Observador
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