Há utentes que se deslocam às urgências não para receber tratamento mas para comer, denunciou esta sexta-feira o jornal ‘Expresso’, que apontou que a procura de refeição gratuita nas unidades de saúde do SNS é regular e pode ficar mais expressiva, conforme a crise económica vai fazer efeito e agravar o fenómeno.
O Hospital de São José, em Lisboa, também atravessa o fenómeno. Segundo a administração, há “uma pequena percentagem de atendimentos a que são atribuídas pulseiras verdes pode estar relacionada com a necessidade de uma refeição”. “Os utentes habituais frequentadores das urgências, nomeadamente sem-abrigo, não se queixam diretamente de fome. Falam de problemas dermatológicos ou dores corporais, por exemplo, quase sempre sem gravidade, e há igualmente relação estreita com alcoolismo”, referiu.
No Hospital de Beja, o padrão já foi identificado. “As equipas percebem o comportamento e identificam as pessoas. Depois sinalizam os casos para o serviço social do hospital, que procura soluções nas instituições da comunidade ou junto dos serviços sociais da área de residência”, que garantiu ainda que a procura de companhia é, além da fome, outra das carências que leva muitos utentes, sobretudo idosos, ao hospital (...) Temos a clara noção de que há doentes que aqui vêm para alimentação e companhia. Fazem queixas que não o são verdadeiramente e vão ficando. Ainda recentemente tivemos um doente que comeu a sopa sofregamente e logo depois se foi embora.”
A subida do custo de vida pode potenciar o fenómeno. Mas segundo Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares “Há referência a casos, que sempre existiram, mas não temos a perceção de que seja um fenómeno em crescimento”. @ Sapo
Sem comentários:
Enviar um comentário