Burnout é uma síndrome decorrente da exposição a factores de risco psicossocial nos locais de trabalho que não foram geridos com sucesso pela organização (management, equipas e indivíduos).
- Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia.
- Aumento do distanciamento mental face ao trabalho e/ou sentimentos de negativismo/cinismo relacionados com o próprio trabalho.
- Redução do desempenho e eficácia profissional.
Acresce referir que burnout não é stress. É a consequência da exposição continuada a fatores de stress que apresenta um quadro sintomatológico variado (p.e. dores de cabeça e músculo-esqueléticas, problemas gastrointestinais, dificuldades respiratórias, alteração no padrão do sono, perturbações cognitivas e de humor).
A COVID-19 criou condições para uma mudança de atitude por parte de muitos empresários e gestores que passaram a incluir nos seus surveys periódicos, a avaliação de riscos psicossociais e programas de promoção de saúde nos locais de trabalho (ações de sensibilização, formação em auto-cuidado e programas de coaching de saúde).
Prevenir o burnout (e superá-lo quando necessário)
A recuperação de um burnout poderá exigir um período longo de paragem ou de intermitência laboral (entre 3 a 6 meses) pelo que deveremos privilegiar o diagnóstico e a intervenção precoce.
Alguns passos a seguir:
- Sensibilizar o top e middle management para as questões de saúde psicológica será essencial (diagnóstico e intervenção).
- Criar protocolos de boas práticas de saúde e bem-estar e divulgá-los na intranet da organização. Envolver e responsabilizar os líderes nestes KPIs.
- Proceder à avaliação de riscos psicossociais (anual/bianual) assegurada por Psicólogos. Existem instrumentos aferidos para a população portuguesa (p.e. COPSOQ e OLBI).
- Criar uma cultura organizacional de locais de trabalho saudáveis, promotora do bem-estar e do auto-cuidado (individual e equipa). Respeitar o direito a desligar, promover práticas de vida saudável, gerir prazos de entrega com racionalidade, fomentar a comunicação assertiva e empática.
- Estimular as equipas a monitorizar a respetiva saúde e bem-estar. Workshops, palestras, informação de suporte sobre saúde e bem-estar são boas formas de difundir a mensagem.
- Criar protocolos de prevenção de assédio e executá-los sempre que necessário.
- Os casos diagnosticados de burnout (e pré-burnout) deverão ser tratados de forma individualizada, evitando-se soluções “one size fits all”. Invariavelmente, exigirão um período de baixa, um acompanhamento psicológico especializado (psicoterapia, coaching de saúde) e em certos casos, apoio medicamentoso.
- Quando não for possível a baixa médica, a carga e tempo de trabalho do colaborador em burnout deverão ser monitorizados. Nestas situações, a recuperação exigirá mais tempo, c/ resultados mais imprevisíveis.
Após a recuperação de um burnout, os indivíduos reportam sentir-se revigorados nos domínios físico, cognitivo e emocional, tendo retomado o seu modo habitual de ser, de estar e de agir. Todavia, há estudos que apontam para impactos de longo-prazo pós-burnout com apenas 16% dos inquiridos a considerarem estar totalmente recuperados. São estatísticas que deverão merecer o envolvimento de todos na promoção da saúde e do bem-estar, pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável das sociedades. @ Sapo
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