São muitas as questões de quem tem alta automática ao fim de sete dias de isolamento, conforme a última norma da Direção-Geral da Saúde. Com a ajuda de um especialista, procuramos compilar as informações mais relevantes para quem esteve infetado e já pode sair de casa para fazer vida normal.
É normal sentir-me doente?
Com o isolamento a terminar ao sétimo dia após início de sintomas de covid-19, há quem se queixe que, mesmo uma semana depois, tem sintomas ligeiros que persistem. Pode acontecer, diz Bernardo Gomes, médico de Saúde Pública. “Nos primeiros dias, há indivíduos que ficam com queixas persistentes, cansaço, dificuldades de raciocínio, memória, dificuldade de respirar. Este tipo de sintomas arrastados não são atípicos em infeções respiratórias víricas”, explica o especialista. E se 14 dias de sintomas, por exemplo, não é caso raro, o ideal será procurar assistência médica caso as queixas persistam um mês após a infeção, porque podemos estar perante um caso de covid persistente ou síndrome pós-covid e eventuais sequelas da doença.
O meu teste continua positivo após a alta. Devo manter-me em isolamento?
O médico Bernardo Gomes esclarece que há uma percentagem de doentes com covid-19 que, ao sétimo dia após início de sintomas - ou mesmo os assintomáticos -, continuarão a ter um teste positivo para covid-19 e “isso deve ser encarado com normalidade”, explica, sem obrigar à manutenção do isolamento. A libertação de carga viral é mais alta nos primeiros cinco a seis dias de infeção, por isso, mesmo que o teste continue positivo, “a libertação de carga viral existe mas em quantidades certamente menores. Não deve manifestar preocupação”.
Mas é também por esta razão que nos primeiros três a quatro dias após a alta deve manter-se “um conjunto de atitudes de restrição social”, refere Bernardo Gomes. Ou seja, reduzir ao máximo deslocações, não participar em aglomerações e não fazer muito mais do que o percurso casa-trabalho e vice-versa. “Os adultos devem manter cautela até ao décimo ou décimo primeiro dia após infeção”, mantendo naturalmente o distanciamento social, a máscara e as regras de etiqueta respiratória.
Devo marcar consulta com o médico de família e pedir exames de rotina?
Não é necessário. Os mais pequenos, tal como os adultos, não precisam de seguimento após covid. Mas Bernardo Gomes deixa um conselho: pais ou cuidadores devem manter uma atitude de vigilância em relação às crianças no primeiro mês após a infeção, observando se há maior fadiga, sintomas adicionais ou novos sintomas respiratórios. “Como acontece noutras infeções víricas, existe a possibilidade de haver sobreposição de outras infeções e podem aparecer infeções bacterianas a seguir. É preciso estar atento”, explica o especialista em Saúde Pública.
Quando devo voltar a testar-me?
Segundo as indicações da Direção-Geral da Saúde, quem estiver recuperado da infeção por covid-19 há menos de seis meses encaixa na definição de contacto de baixo risco, logo não precisará de fazer teste após ter contactado com um infetado. “Se voltar a ter sintomas após uma infeção de covid-19 num prazo de um mês, ou um mês e meio, não iria voltar a testar”, refere Bernardo Gomes. Mas o especialista aponta um problema: houve quem fosse infetado em dezembro do ano passado com a variante Delta e em janeiro deste ano com a variante Ómicron. “O cenário de uma reinfeção com uma variante que escape à imunidade montada pela variante anterior é normal”, assinala. “Diria que um intervalo de um mês na testagem é sempre de considerar. Mas sempre com esta ressalva” da possibilidade de reinfeção com uma nova variante, esclarece Bernardo Gomes.
Qual é o risco de reinfeção?
Aqui, Bernardo Gomes prefere “deixar alguma margem para a incerteza”. “Não temos ainda dados sobre a perenidade da imunidade da infeção por Ómicron”, refere, “ainda está a ser estudada”. Mas vai deixando o aviso: “Não vale a pena contar com imunidades muito longas com esta família de vírus. O que todos esperamos, num cenário otimista, é que perante a vacinação e o número de pessoas já infetadas tenhamos imunidade acumulada para que as infeções sucessivas sejam menos severas”. Porém, esta expectativa não descarta a possibilidade de surgir uma nova variante mais severa que venha alterar o que sabemos até agora.
Quando posso voltar a receber visitas em casa?
“Ficaria confortável com duas semanas após a infeção”, esclarece Bernardo Gomes. Sendo que, a partir dos dez dias depois da covid-19 é legítimo que se pense em iniciar a vida social. “Quando mais precoce for este reinício da vida social, mais importante é escolher espaços ventilados e arejar a casa para diminuir riscos de contágio. O foco deve ser, segundo o especialista, na ventilação do espaço e não tanto na desinfeção das superfícies.
Devo desinfetar os espaços e substituir objetos pessoais?
Os objetos usados na atividade diária não precisam de ser substituídos após uma infeção por covid-19. Trocar escovas de dentes ou deitar fora toalhas usadas pelos infetados não se justifica, garante o médico Bernardo Gomes. O mais importante para prevenir eventual contaminação é a “higiene das mãos, que tem uma mais-valia transversal”, garante. Não há necessidade de “uma desinfeção muito marcada do espaço e dos objetos”, diz Bernardo Gomes, sublinhando que o importante é ventilar os espaços, garantindo que o ar circula por todo o lado.
Quando posso tomar a dose de reforço da vacina contra a covid-19?
Se foi infetado enquanto esperava para ser chamado a levar a dose de reforço da vacina contra a covid-19, a norma da Direção-Geral da Saúde recomenda no mínimo um intervalo de cinco meses após o diagnóstico. No caso de ter recebido a vacina da Janssen, este intervalo reduz-se para três meses após a infeção. No caso de ter iniciado a vacinação com uma vacina com esquema de duas doses, levando apenas a primeira, deve ser vacinado com uma dose da mesma vacina três meses após a notificação da infeção. (daqui)
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