São números preocupantes?
O investigador Miguel Castanho sublinha que “não é para subvalorizar a covid-19” e o médico Gustavo Tato Borges acrescenta que é errada a ideia de que a pandemia acabou, mas há fatores que justificam o aligeirar das medidas restritivas. A letalidade é agora menor do que no ano passado, mas é preciso proteger os mais suscetíveis, alertam o especialistas.
Comparando o número diário de novos casos e de óbitos por covid-19 em abril do ano passado e abril deste ano, mês em que caíram as máscaras, vê-se que este ano houve mais casos e morreram mais pessoas infetadas com SARS-CoV-2. O que é diferente em abril do ano passado e abril deste ano? Portugal decidiu virar a página e deixar as restrições para trás, grande parte das medidas de contenção foram levantadas em fevereiro e o Ministério da Saúde deixou a cair o uso de máscara na maior parte dos espaços públicos mesmo quando a mortalidade estava acima do limiar de 20 mortes por milhão de habitantes a 14 dias definido pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC). À data, a taxa de mortalidade estava nos 27,9 por milhão.
A situação ainda merece atenção, alertam os especialistas, a variante BA.5 está em tendência crescente. Por outro lado, a letalidade está menor e a gravidade da doença também. Vive-se mesmo uma nova fase da pandemia.O mesmo mês, contextos diferentes
Um conceito importante: letalidade
Uma variante menos grave: Ómicron
Quem são as vítimas?
Apesar de o número de óbitos ter sido mais elevado em abril deste ano, Henrique Oliveira disse, em declarações à CNN Portugal a propósito das próximas previsões da pandemia, que apenas um terço dos óbitos atualmente registados por covid-19 se devem efetivamente à doença. As restantes referem-se a casos de pessoas que tiveram outra causa de morte mas que testaram positivo antes de falecerem. Sobre este ponto, Miguel Castanho diz que “não deveria ser a questão”. O investigador defende que é certo que “o tipo de doenças” que as pessoas que morrem podem ter - ou os acidentes fatais que podem sofrer - “tem uma ligação à covid-19, reflete uma condição de fragilidade”, pois “a covid-19 é um fator que facilita a morte, então é um fator extremamente importante, mesmo que seja um fator adjuvante”.
“É a conjunção das duas coisas [infeção e doença prévia] que leva à morte e se queremos combater a morte temos de ver tudo. Não é para subvalorizar a covid-19”, frisa Miguel Castanho.
Embora Miguel Castanho saliente que já foi possível “chegar à conclusão” que grande parte das “pessoas que estão a morrer são as não vacinadas” e, por isso, “a não vacinação tem a sua quota parte neste número de mortes, o que nos deveria levar a tomar medidas”, o especialista defende que “falta conhecer os fatores que distinguem as pessoas que estão a morrer”, de modo a perceber quais as melhores estratégias para prevenir estas mortes. (ver tudo em CNN Portugal)
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