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terça-feira, 10 de maio de 2022

problemas cognitivos em casos graves de Covid-19 podem equivaler a envelhecer 20 anos e perder 10 pontos de Q.I.

Segundo o estudo, os doentes que tiveram Covid-19 grave demonstraram sintomas como fadiga, nevoeiro cerebral, problemas ao tentarem lembrar-se de palavras, distúrbios do sono, ansiedade e até stresse pós-traumático vários meses depois da infeção.
Um novo estudo conclui que os doentes que tiveram formas graves de Covid-19 sofrem a mesma perda cognitiva que ocorre entre os 50 e os 70 anos. Isto é o equivalente a perder 10 pontos de QI.
A equipa de investigadores da Universidade de Cambridge e do Imperial College London descobriu que os efeitos do coronavírus ainda são detetáveis ​​mais de seis meses após a doença. Além disso, os cientistas descreveram que a recuperação cognitiva é gradual, na melhor das hipóteses, e que pode também afetar pessoas que tiveram apenas casos leves. 
“Há evidências crescentes de que a Covid-19 pode causar problemas duradouros na saúde cognitiva e mental, com doentes recuperados a relatarem sintomas como fadiga, nevoeiro cerebral, problemas ao tentarem lembrar-se de palavras, distúrbios do sono, ansiedade e até stresse pós-traumático vários meses depois da infeção”, lê-se no artigo publicado na revista eClinicalMedicine.bém afetar pessoas que tiveram apenas casos leves.
Um estudo anterior no Reino Unido descobriu que cerca de um em cada sete indivíduos relatou ter sintomas que incluíam dificuldades cognitivas 12 semanas após um teste positivo. Embora mesmo os casos leves possam ter sintomas cognitivos persistentes, entre um terço e três quartos dos pacientes hospitalizados relatam que ainda sofrem sintomas cognitivos três a seis meses depois.
Para que fosse possível explorar esta questão, os investigadores analisaram dados de 46 indivíduos que receberam atendimento hospitalar, na enfermaria ou nas unidades de cuidados intensivos para a Covid-19 no Hospital de Addenbrooke, em Cambridge, Inglaterra. “Os indivíduos foram submetidos a testes cognitivos detalhados em média seis meses após a infeção, utilizando a plataforma Cognitron, que mede os diferentes aspetos das faculdades mentais, como a memória, a atenção e o raciocínio. Escalas que medem ansiedade, depressão e stresse pós-traumático também foram avaliadas”, explicam os cientistas.
O estudo descobriu que esses doentes eram menos precisos e tinham tempos de resposta mais lentos do que o grupo controlo, e os resultados ainda eram detetáveis ​​seis meses depois. “Ao comparar os doentes [que tiveram covid-19] com 66 mil cidadãos comuns, os investigadores estimam que a magnitude da perda cognitiva é semelhante, em média, aos 20 anos de envelhecimento que ocorrem entre os 50 e os 70 anos de idade, o equivalente a perder 10 pontos de QI”, explicam.
Existem vários fatores que podem causar os défices cognitivos, dizem os investigadores. “É mais provável que uma combinação de fatores contribua, incluindo a falta adequada de oxigénio ou sangue no cérebro, ou o bloqueio de vasos sanguíneos grandes ou pequenos devido à coagulação. No entanto, evidências emergentes sugerem que o mecanismo mais importante pode ser o dano causado pela própria resposta inflamatória do corpo e pelo sistema imunológico”, garantem.
“Cerca de 40 mil pessoas passaram pelos cuidados intensivos de Covid-19 somente na Inglaterra e muitas outras ficaram doentes, mas não foram internadas. Isto significa que há um grande número de pessoas por aí ainda a enfrentar problemas de cognição muitos meses depois. Precisamos urgentemente de ver o que pode ser feito para ajudar essas pessoas”, reflete Adam Hampshire, do Departamento de Ciências do Cérebro do Imperial College London, principal autor do estudo. @ Sapo

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