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sexta-feira, 13 de maio de 2022

Covid-19: passo atrás no uso das máscaras?


I
ncidência disparou e médicos de Saúde Pública defendem passo atrás no uso de máscaras na maioria dos espaços fechados. Com a corrida às urgências a bater recordes, diretor do serviço no São João aponta à incoerência do fim de testes comparticipados.

Perante o crescimento de uma nova linhagem, mais transmissível, da variante Ómicron (já responsável por 37% dos novos casos no país), o fim generalizado do uso de máscara e a ocorrência de diversos eventos de massa, como festas estudantis ou futebolísticas, Portugal viu disparar de novo a incidência de casos de covid-19 no último mês, com alguns serviços de urgência a registarem níveis de afluência recorde nos últimos dias. Os modelos matemáticos, como o revelado ontem pelo Instituto Superior Técnico, mostram que a possibilidade de uma sexta vaga pandémica no país "está a desenhar-se de forma muito intensa". E isso leva alguns setores da Saúde a alertarem para a necessidade de serem reequacionadas algumas das últimas medidas implementadas, como o fim generalizado do uso de máscara em espaços fechados e dos testes gratuitos."Já sabíamos que com o alívio das medidas, em especial do uso obrigatório de máscara, ia existir um aumento do número de casos. Mas, a verdade é que passar de oito mil casos de média a sete dias para 14 mil casos, como aconteceu no último mês - e os últimos dados até já mostram que estamos nos 15 mil -, é uma subida muito acentuada", refere ao DN Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

Uma subida que, "não sendo alarmante, é preocupante", diz, "porque sabemos que há nesta altura uma dificuldade no acesso a testagem e que a linha SNS24 está assoberbada, o que leva a crer que estes números estejam até subdimensionados", acrescenta. Gustavo Borges nota ainda que a subida de incidência começa também "a refletir-se no aumento de casos graves e da mortalidade, embora de forma menos acentuada".

Perante os indicadores de que uma sexta vaga pode estar a iniciar-se, o médico de Saúde Pública considera que seria aconselhável dar alguns passos atrás. "Se admito um recuo no uso de máscaras? Não só admito como recomendo. Aliás, nós manifestámo-nos contra o fim generalizado do uso obrigatório na altura em que o governo o decretou e penso que o ideal nesta fase seria reintroduzir a máscara em alguns espaços fechados com aglomeração de pessoas, como centros comerciais, supermercados e os locais de trabalho", diz. A exceção, admite, "poderiam ser, nas escolas, as salas de aulas, durante o tempo letivo, desde que bem arejadas".

Independentemente de haver ou não esse recuo no uso das máscaras, Gustavo Tato Borges recomenda à população que mantenha a prudência que, admite, não tem visto nos últimos tempos. "Uma coisa é a máscara não ser obrigatória, outra é não ser precisa".

De acordo com o relatório de evolução elaborado por especialistas do Instituto Superior Técnico, o fim do uso de máscaras "parece ter tido um efeito muito acentuado na subida de casos atual", provocando um "excesso de contágios" sobretudo em ambiente laboral. Face à "tendência de agravamento significativo" da pandemia, cujo índice de transmissibilidade (Rt) já subiu para 1,17, os especialistas do IST admitem o aumento da mortalidade nos próximos 30 dias. @ DN

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