Os professores são a favor do suporte digital para as Provas de Aferição, mas o prazo curto revelou-se um “desastre” para a maioria das escolas. A ANPRI partilhou um parecer com a avaliação e análise do seu processo de implementação e realização das provas.
Os professores receberam as instruções para a implementação do suporte digital das Provas de Aferição para os estudantes do 2º, 5º e 8º ano a apenas dois dias úteis do seu início, a 16 de maio. Entre questões relacionadas com a instalação dos sistemas e respetivos testes, desde logo que os professores, através da ANPRI (Associação Nacional de Professores de Informática) previram problemas na implementação do sistema “de um dia para o outro”.
Depois da realização das provas, os professores denunciam os problemas envolvidos no processo, através de um parecer publicado pela ANPRI. A associação salienta que não é contra a realização das provas de aferição em suporte digital, destacando mesmo a sua utilidade como mais uma ferramenta utilizada durante o ano letivo. Porém, para a associação, as vantagens conhecidas da implementação do processo digital não podem recair “sobre um número mais reduzido de docentes, ou seja, aqueles que têm mais conhecimentos na área do digital”.
Os problemas e preocupações apontados pelos professores tinham sido apresentados numa sessão de esclarecimento com a equipa do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE). Foram referidos que a maioria dos procedimentos iriam recair sobre os professores de informática, que não são técnicos.
Computadores avariados sem garantia
amontoam-se
Entre os pontos que foram apresentados no documento estava a mudança da
realização da prova em formato browser para uma aplicação. A ANPRI diz
que “não houve tempo para realizar testes com a grandeza suficiente, que
permitisse testar os inúmeros acessos que se iam realizar em simultâneo, no
âmbito da prova de aferição.” Acrescenta que o Ministério da Educação
teve conhecimento de que as provas de aferição em suporte digital foram
iniciadas com as alterações ao processo apresentado aos professores durante o
ano letivo e sem técnicos de informática na maioria das escolas para apoiar o
processo.
Os computadores presentes no Kit Escola Digital já estão fora da garantia.
Quando avariam vão ficando amontados, com a ANPRI a referir que as empresas
cobram valores muito superiores aos de mercado e que os Encarregados de
Educação se recusam a pagar o pedido. Por outro lado, muitos alunos também
perderam os seus cartões SIM.
Da mesma forma, muitos dos alunos ainda não tiveram os seus kits atribuídos
e outros, cujos Encarregados de Educação se recusaram em receber os mesmos. E
por fim, considerando que as escolas atribuíram todos os seus kits,
deixaram de ter equipamentos para os alunos que têm os seus computadores
avariados, para a realização da prova.
Ainda sobre o prazo curto de preparar os computadores para as provas, a
ANPRI salienta que os kits Escola Digital entregues aos alunos estão na
sua casa e não na escola. Os próprios alunos não conseguem instalar o software
nos equipamentos porque não têm perfis de administrador. E que muitos dos
computadores apresentam avarias e danos.
Apesar das escolas poderem optar pela realização da prova offline
em rede, é preciso a criação de um servidor local, uma opção que os professores
dizem ser tecnicamente complexa, segundo o manual que lhes foi
disponibilizado, com 13 páginas com configurações das portas, redes, etc. Mais
uma vez, seriam sempre necessários testes com antecedência para averiguação dos
sistemas.
A partir de 16 de maio, dia em que começaram as provas de aferição,
o link da prova exemplo da disciplina de TIC deixou de estar disponível,
salienta a associação. Muitas escolas tinham optado por na primeira semana
realizar essa prova de exemplo, para os alunos treinarem, mas não conseguiram,
não havendo comunicação prévia de que seria substituído pela definitiva. Avança
ainda que algumas escolas tentaram implementar a solução offline, mas
surgiram diversos erros, tendo mudado para a solução online.
No que diz respeito às provas, também foram registadas diversas ocorrências. A maioria dos alunos terão visto os seus computadores a bloquear durante a realização da prova, deixando de aceder ao rato/Touchpad, o teclado e acesso ao sistema operativo. Foi necessário proceder ao “hard reset” forçando o encerramento através do botão de energia. Estes processos levaram a muitos alunos perderem o seu percurso no teste, uma vez que nem sempre as respostas ficaram gravadas no sistema, obrigando-os a reiniciar a prova. Situação, que segundo apurou a ANPRI, foram raros os alunos que não reportaram estes incidentes. @ Sapo
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