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quarta-feira, 24 de maio de 2023

(3) desafio: "Avó/avô, como era viver antes do 25 de abril de 1974?"

 Mais um trabalho subordinado ao tema do desafio:"Avó/avô, como era viver antes do 25 de abril de 1974?". Desta feita, o autor é David Barbosa, aluno do 9.º F.


Do Estado Novo ao Após o 25 de Abril

   Olá a todos, eu sou o David Barbosa, número 2 da turma 9.º F. Este trabalho tem como intuito, percebermos melhor o que se passou durante o Estado Novo e o 25 de Abril e as dificuldades do povo nessa altura. Para isso, eu decidi obter informações através de uma entrevista a uma pessoa que presenciou estes acontecimentos.

 O meu entrevistado é o Franklin Dias, este nasceu em 1951 no Porto. Na época do Estado Novo e do 25 de abril, trabalhava numa fábrica de discos situada em Lisboa. Atualmente é reformado.

 ESTADO NOVO

1.        1. Como era o ensino e quem conseguia estudar no Estado Novo?

            O ensino era diferente da atualidade, porque só o ensino primário era obrigatório. Depois quase todas as crianças iam trabalhar para o campo, só filhos de pessoas com potencial económico ou de pessoas com importância é que iam para o ensino secundário, porque depois tinha de se pagar. Nas escolas do ensino primário, existia uma divisão entre rapazes e raparigas.

    2.  As crianças e adolescentes tinham de trabalhar?

Sim, muitas crianças e adolescentes eram obrigados a trabalhar para ajudar as suas famílias ou para ajudar na economia do país. Embora a educação primária fosse obrigatória, muitas crianças abandonavam a escola cedo para trabalhar. Além disso, havia programas de televisão que promoviam o trabalho infantil nos setores da agricultura e da pesca.

    3.  Quais eram as liberdades que sentiam mais falta na altura?

Com toda a certeza, era a falta de liberdade de expressão, não se podia falar mal do governo. Isto na altura era considerado um crime, para isso não acontecer existia uma polícia política, a PIDE, ela era responsável pela vigilância, detenção e tortura dos indivíduos que se opunham ao estado.

Tipos de tortura utilizadas pela PIDE

     4. Quais eram os direitos das mulheres? A sua vida era fácil?        

  A vida das mulheres era muito difícil e com muitas restrições, Salazar desvalorizava o papel das mulheres na sociedade, a educação e o trabalho eram vistos como tarefas secundárias para as mulheres, pois o seu papel principal era serem esposas, mães e donas de casa. Também não tinham direito de voto e para trabalharem precisavam de autorização do marido.

       5.  Como é que a juventude se vestia?

Durante o Estado Novo, a juventude tinha poucas opções de diversão devido à censura cultural rigorosa, mas as festas populares e as atividades desportivas como o futebol, em que se utilizava as bolas de trapo, eram as formas mais comuns de diversão.

    6.  Que tipo de música se ouvia na altura?

A mais popular era o fado. Algumas músicas internacionais eram aceites pela censura, como a dos Beatles.

     7.  Como é que as pessoas se vestiam?

Basicamente o que fosse permitido pelo regime de Salazar. As mulheres usavam vestidos cintados e abaixo do joelho, os saltos muito baixos, a gola alta, padrões com flores e xadrez, mas muito discretos. Basicamente o que fosse permitido pelo regime de Salazar. Os homens, com menos restrições, vestiam blazers, camisas, gravatas, camisolas de gola alta.

Moda feminina nos anos 70 em Portugal

25 de Abril

     1.  Onde estava? Como soube o que se passava? Foi para a rua festejar?

Estava no meu emprego, numa fábrica de discos de música. Quando olhei pela janela, vi pessoas a assobiar, a gritar de alegria, a comemorar, depois perguntei aos meus colegas o que se passava, e eles informaram-me que o Estado Novo tinha caído. Não festejei, porque o que me interessava era trabalhar para ter dinheiro para comer, mas obviamente que fiquei bastante feliz e aliviado.

   2.  Teve medo ou uma sensação de alegria?

Tive uma sensação de alegria, porque assim podia falar á vontade que era uma coisa de que sentia falta durante o durante o Estado Novo. Senti que me tinham tirado um peso das costas e senti-me finalmente um português livre, uma pessoa que antes não podia ser.

   3.  Recorda-se de alguns sons ou imagens desse dia?

Recordo-me plenamente dos sons da multidão, dos assobios da população eufórica e de, no meu emprego, toda a gente estar a tentar descobrir o que se tinha passado até finalmente saberem.

Multidão eufórica no 25 de Abril

4.  Na sua opinião qual foi a conquista mais importante de abril?  (liberdade de expressão, o direito à greve, o fim da PIDE, eleições livres, salário minímo, etc…) ?

Para mim, foi a liberdade de expressão e o direito à greve. Antes sentia-me prisioneiro por não conseguir falar. Após o 25 de Abril senti-me um homem novo! O direito à greve também era muito relevante, porque nós humanos, não somos máquinas e precisamos de descanso senão o trabalho será mal feito.

A falta de liberdade de expressão

5.  O que mudou na sua vida após este dia?

Na minha vida mudou muita coisa e ainda bem. Para começar finalmente tinha acabo o regime ditatorial iniciado por Salazar. Libertaram-se os presos políticos, havia mais direitos e liberdades, existia direito a voto para as mulheres. Passei a ter direito à greve, que era o que o proletariado pretendia, a ter liberdade de expressão e artística. Em 1974 eu ia para a tropa e, possivelmente para a guerra e já não fui.

 Conclusão

O Estado Novo e o 25 de Abril de 1974 foram dois acontecimentos marcantes na História de Portugal. No Estado Novo, existia falta de liberdades e direitos e um controlo exercido pela censura e a polícia política, a PIDE, que perseguia os opositores ao regime.

No dia 25 de Abril de 1974, um movimento militar organizado pela MFA (Movimento das Forças Armadas) pôs fim ao regime ditatorial de Marcelo Caetano.

Passamos a ter um Portugal melhor, com mais liberdades. Como o meu entrevistado referiu anteriormentesenti me finalmente um português livre, uma pessoa que antes não era”. Esta frase representaria cada um dos portugueses na altura, que sentiram uma euforia inexplicável e uma enorme alegria.

 FIM

(O CRESCER alterou um pouco a formatação do trabalho original, omitindo a webgrafia, por uma questão prática de edição. Muito agradece a colaboração da professora Sara Botelho e parabeniza o aluno David Barbosa e o seu entrevistado.)

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