Mais um trabalho subordinado ao tema do desafio:"Avó/avô, como era viver antes do 25 de abril de 1974?". Desta feita, o autor é David Barbosa, aluno do 9.º F.
Do Estado Novo ao Após o 25 de Abril
O meu entrevistado é o Franklin
Dias, este nasceu em 1951 no Porto. Na época do Estado Novo e do 25 de abril,
trabalhava numa fábrica de discos situada em Lisboa. Atualmente é reformado.
1. 1. Como era o ensino e quem conseguia estudar no
Estado Novo?
O ensino era diferente da atualidade, porque só o ensino
primário era obrigatório. Depois quase todas as crianças iam trabalhar para o
campo, só filhos de pessoas com potencial económico ou de pessoas com
importância é que iam para o ensino secundário, porque depois tinha de se
pagar. Nas escolas do ensino primário, existia uma divisão entre rapazes e
raparigas.
2. As
crianças e adolescentes tinham de trabalhar?
Sim, muitas crianças e
adolescentes eram obrigados a trabalhar para ajudar as suas famílias ou para
ajudar na economia do país. Embora a educação primária fosse obrigatória,
muitas crianças abandonavam a escola cedo para trabalhar. Além disso, havia
programas de televisão que promoviam o trabalho infantil nos setores da
agricultura e da pesca.
3. Quais
eram as liberdades que sentiam mais falta na altura?
Com toda a
certeza, era a falta de liberdade de expressão, não se podia falar mal do
governo. Isto na altura era considerado um crime, para isso não acontecer
existia uma polícia política, a PIDE, ela era responsável pela vigilância,
detenção e tortura dos indivíduos que se opunham ao estado.
Tipos de tortura utilizadas pela PIDE |
A vida das mulheres era muito difícil e com muitas restrições, Salazar
desvalorizava o papel das mulheres na sociedade, a educação e o trabalho eram
vistos como tarefas secundárias para as mulheres, pois o seu papel principal
era serem esposas, mães e donas de casa. Também não tinham direito de voto e
para trabalharem precisavam de autorização do marido.
5. Como é que a juventude se vestia?
Durante o Estado Novo,
a juventude tinha poucas opções de diversão devido à censura cultural rigorosa,
mas as festas populares e as atividades desportivas como o futebol, em que se
utilizava as bolas de trapo, eram as formas mais comuns de diversão.
6. Que tipo de música se ouvia na altura?
A mais popular era o
fado. Algumas músicas internacionais eram aceites pela censura, como a dos
Beatles.
Basicamente o que fosse permitido pelo
regime de Salazar. As mulheres usavam vestidos cintados e abaixo do joelho, os
saltos muito baixos, a gola alta, padrões com flores e xadrez, mas muito
discretos. Basicamente o que fosse permitido pelo regime de Salazar. Os homens,
com menos restrições, vestiam blazers, camisas, gravatas, camisolas de gola
alta.
Moda feminina nos anos 70 em Portugal |
25 de Abril
Estava no meu emprego,
numa fábrica de discos de música. Quando olhei pela janela, vi pessoas a
assobiar, a gritar de alegria, a comemorar, depois perguntei aos meus colegas o
que se passava, e eles informaram-me que o Estado Novo tinha caído. Não
festejei, porque o que me interessava era trabalhar para ter dinheiro para
comer, mas obviamente que fiquei bastante feliz e aliviado.
2. Teve medo ou uma sensação de alegria?
Tive uma sensação de
alegria, porque assim podia falar á vontade que era uma coisa de que sentia
falta durante o durante o Estado Novo. Senti que me tinham tirado um peso das
costas e senti-me finalmente um português livre, uma pessoa que antes não podia
ser.
3. Recorda-se de alguns sons ou imagens desse dia?
Recordo-me plenamente dos sons da multidão, dos assobios da população
eufórica e de, no meu emprego, toda a gente estar a tentar descobrir o que se tinha passado até finalmente saberem.
Multidão eufórica no 25 de Abril |
4. Na sua opinião qual foi a conquista mais importante de abril? (liberdade de expressão, o direito à greve, o fim da PIDE, eleições livres, salário minímo, etc…) ?
Para mim, foi a
liberdade de expressão e o direito à greve. Antes sentia-me prisioneiro por não conseguir falar. Após o 25
de Abril senti-me um homem novo! O direito à greve também era muito relevante,
porque nós humanos, não somos máquinas e precisamos de descanso senão o
trabalho será mal feito.
A falta de liberdade de expressão |
Na minha vida mudou muita coisa e ainda bem. Para começar
finalmente tinha acabo o regime ditatorial iniciado por Salazar. Libertaram-se
os presos políticos, havia mais direitos e liberdades, existia direito a voto
para as mulheres. Passei a ter direito à greve, que era o que o proletariado
pretendia, a ter liberdade de expressão e artística. Em 1974 eu ia para a tropa
e, possivelmente para a guerra e já não fui.
Conclusão
O Estado Novo e o 25 de
Abril de 1974 foram dois acontecimentos marcantes na História de Portugal. No
Estado Novo, existia falta de liberdades e direitos e um controlo exercido pela
censura e a polícia política, a PIDE, que perseguia os opositores ao regime.
No dia 25 de Abril de
1974, um movimento militar organizado pela MFA (Movimento das Forças Armadas)
pôs fim ao regime ditatorial de Marcelo Caetano.
Passamos a ter um
Portugal melhor, com mais liberdades. Como o meu entrevistado referiu
anteriormente “senti me finalmente um português livre, uma pessoa que
antes não era”. Esta frase representaria cada um dos portugueses na
altura, que sentiram uma euforia inexplicável e uma enorme alegria.
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