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sexta-feira, 26 de maio de 2023

(5) desafio: "Avó/avô, como era viver antes do 25 de abril de 1974?"

 Mais um trabalho subordinado ao tema do desafio: "Avó/avô, como era viver antes do 25 de abril de 1974?". Desta feita o autor é o Miguel Alves, do 9.º K .Para este trabalho contou com a preciosa colaboração dos seus avós.

O 25 DE ABRIL DE 1974

 Para a realização deste trabalho, contei com a ajuda dos meus avós paternos e maternos.

Comecei por ir até à Vila de Paredes de Coura, onde os meus avós maternos, Isabel e Orlando, têm uma casa   e lá pude encontrar alguns utensílios que eram usados na época do Estado Novo, que pertenciam ao meu bisavô Luís.

Figura 1- machado utilizado para cortar lenha

Figura 2 - Foice de cabo

Figura 3 - Foice manual para corte de erva

Figura 4 - Charrua

   Entrevista sobre a vida durante o Estado Novo e após a Revolução  

Ainda em Paredes de Coura, entrevistei os meus avós maternos.

Apesar de muito novos, a minha avó com 14 anos na altura e o meu avô com 17 anos, contaram que naquela época muitas famílias não tinham comida, que geralmente eram famílias numerosas com muitos filhos (o caso do meu avô) e, por isso, era difícil alimentar todos. Disse que não havia televisão, nem haviam frigoríficos. Os rapazes por vezes roubavam frutas das quintas para se alimentarem. 

A partir das 20:00 da noite era proibido andar na rua e se o fizessem eram castigados ou presos pela PIDE. O ensino era muito rigoroso, os professores batiam nos alunos com réguas e canas nas orelhas.

As escolas eram divididas, existiam escolas para raparigas e outras para rapazes.

A minha avó andou num liceu que só era frequentado por raparigas e nas imediações não podiam andar rapazes ou a polícia intervinha de imediato.

O meu avô disse-me que em todas as salas de aula existia um quadro com o retrato de Salazar e que antes das aulas os alunos cantavam o hino nacional.

Muitas das vezes, os adolescentes eram obrigados pelos pais a deixar a escola para irem trabalhar e ajudarem  com as contas em casa. O meu avô com 12 anos foi trabalhar para uma fábrica.

As mulheres, não trabalhavam, eram donas de casa e tomavam conta dos filhos.

Os meus avós lembram-se que muitos portugueses emigraram para França e, para isso ser possível, tinham de atravessar a fronteira pelas montanhas. O meu bisavô, grande defensor da liberdade, pai da minha avó, naquela altura trabalhava como taxista e como a minha bisavó era natural de uma aldeia transmontana que fazia fronteira com Espanha, ajudou muitos portugueses a fazer a travessia para o país vizinho.

A minha avó referiu, saudosa, que quem teria muitas histórias para me contar seria ele…

As vestes da época eram muito simples, uma vez que não havia dinheiro.

A mãe da minha avó como era costureira mandava-a a ela e à minha tia para a escola com muitas camisolas,    pois as salas de aulas eram muito frias.

O Avô e os amigos naquele tempo brincavam na rua com caricas e piões.

em família, no caso dos meus avós, não havia muitos tempos livres, pois trabalhava-se muito.

Disse que ele e os 7 irmãos, como não tinham televisão em casa, iam para a mercearia de um amigo do pai deles ver filmes aos domingos numa televisão que tinham nos arrumos da mercearia. Os filmes eram mudos e o meu avô adorava o filme “Bonanza”.

Os meus avós sentiram que após a revolução começou a haver muita mais liberdade para saírem de casa sem terem problemas com a PIDE, e sem serem revistados pela mesma, pois na altura era proibido, por exemplo, andar com isqueiros a não ser que tivessem uma licença para o fazer.

No dia da revolução a minha avó estava em casa e recebeu uma chamada da minha bisavó, mãe da minha avó, a dizer para não sair de casa. Mas ela, como era muito curiosa e corajosa, saiu de casa e foi para a praça        do Marquês. Para a minha avó foi uma sensação de alegria.

No caso do meu avô, ele estava a trabalhar e o patrão foi buscá-lo a ele e aos colegas e contou-lhes o que se  estava a passar. O meu avô veio a saber depois que o patrão dele fazia parte dos “bufos”, que eram quem contava à PIDE as coisas que ouviam as pessoas dizer sobre o governo e sobre Salazar.

Os meus avós só se lembram de ouvir no rádio a música “Grândola Vila Morena”.

Para eles as conquistas mais importantes da revolução foram a liberdade de expressão e o fim da PIDE. 

A Guerra Colonial

Para este tópico contei com a ajuda dos meus avós paternos.

 

  O meu avô paterno foi para a guerra em Angola e disse-me que lá muita gente morreu, e tudo por   causa do facto de Salazar dizer que aquelas terras eram portuguesas. Ainda jovem não percebeu muito   bem porque tinha de ir.

Com a revolução em 25 de Abril de 1974 em Portugal, os soldados portugueses como também o meu avô, imediatamente voltaram para Portugal.  

 

Figura 5 - Avô em Angola  

 Figura 6 - Diploma escolar do avô
                     
                                                                            

Figura 7 - Avó paterna com os irmãos

 

A minha avó diz que não se lembra muito do dia da revolução, lembra-se que a mãe dela ficava em casa com  ela e os irmãos e que a determinada altura, pensa que foi após o 25 de Abril, começou a trabalhar. .A  minha          avó, no entanto e após essa mudanças teve de ir trabalhar também, pois o pai dela infelizmente faleceu pouco depois. A avó mostrou-me várias fotos, tanto dela na época, como do meu avô na guerra colonial portuguesa.

 Conclusão

A minha avó disse uma frase que eu achei interessante: “A vida, depois de haver liberdade, é prazerosa”.   Neste trabalho, pude concluir que os meus avós tiveram uma infância muito difícil e que passaram por muita coisa na vida. Gostei muito de saber mais sobre a vida antes e depois da revolução.

FIM

(O CRESCER alterou um pouco a formatação do trabalho original, por uma questão prática de edição. Muito agradece a colaboração da professora Sara Botelho e parabeniza o aluno Miguel Alves e os seus avós.) 

1 comentário:

Izazevedo disse...

Parabéns pelo trabalho! Portugal era muito diferente!