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segunda-feira, 15 de maio de 2023

saúde: basta apanhar sol para produzir vitamina D?

A vitamina D, ou muitas vezes simpaticamente designada de vitamina do sol, por ser essencialmente produzida pelo nosso corpo a partir da luz solar, tem um papel determinante na manutenção geral da nossa saúde.
Apesar da designação de vitamina, do ponto de vista fisiológico a vitamina D ativada atua como uma verdadeira hormona, modulando a ação de mais de 200 genes.
São numerosos os trabalhos científicos que validam a existência de uma associação entre o défice de vitamina D e algumas condições clínicas, como a saúde óssea, a hipertensão arterial, o risco cardiovascular, a diabetes e as doenças autoimunes.
Desde 1980 que evidências científicas apontam para uma associação entre os níveis elevados de vitamina D em circulação no sangue e uma menor mortalidade por cancro da mama em estudos com várias populações.
Nos últimos anos, tem aumentado a evidência de que a vitamina D tem também um papel relevante durante a gravidez, e ainda antes deste estado, ao desempenhar um papel importante na fertilidade. Os níveis de vitamina D de uma grávida estão associados à saúde do feto.
A vitamina D é essencialmente produzida através da exposição solar, podendo também ser obtida através da alimentação ou da suplementação. Apesar de alguma controvérsia sobre o que deve ser considerado um nível ótimo de vitamina D (sendo a forma 25(OH)D a mais abundante em circulação), a Sociedade de Endocrinologia estabeleceu que um nível inferior a 20 ng/mL deve ser considerado um nível deficitário e que um nível superior a 30 ng/mL, um nível suficiente. Existem, no entanto, propostas para que o nível considerado suficiente suba para um valor superior a 40 ng/mL.
Atualmente, existe um grande número de populações no mundo que apresentam défice de vitamina D, representando este facto um problema de saúde pública. Dados de 2020, em Portugal, mostram que cerca de 66% dos adultos apresentam uma situação de insuficiência ou deficiência de vitamina D, isto é, níveis inferiores a 30 ng/mL. Esta percentagem tem flutuações ao longo do ano, sendo superior durante os meses de inverno.
A variabilidade observada no nível desta vitamina na população depende não apenas do comportamento individual (horas de exposição solar, alimentação, suplementação) ou da existência de algumas doenças, mas muito das características genéticas dessa população.
Estudos científicos mostram que a genética da cada pessoa contribui até 28% para a variabilidade interindividual, enquanto a estação do ano e o consumo alimentar explicam cerca de 24% desta variabilidade.
Em Portugal, o projeto VITACOV, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, veio demonstrar que a população portuguesa tem uma prevalência de alterações do genoma que conferem uma menor capacidade de produção de vitamina D a partir da exposição à luz solar. Estas características genéticas estão presentes em cerca de 20% da população portuguesa, representando uma prevalência quatro vezes superior à média europeia.
Com base nestes resultados, foi desenvolvido um teste genético que avalia 16 variantes genéticas em sete genes que, de uma forma determinante, estão associadas ao metabolismo da vitamina D.
Sendo realizado apenas uma vez na vida, uma vez que a informação genética não muda, informa sobre como cada pessoa sintetiza, metaboliza e transporta a vitamina D até às células. Ter acesso ao conhecimento do risco genético para o défice da vitamina D é uma necessidade real para quem pretende ter uma vida e um envelhecimento cada vez mais saudável. @ Público

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