O ministro da Educação disse hoje que as alterações à formação inicial de professores deverão ficar em consulta pública em breve, adiantando que está previsto o regresso dos estágios remunerados e mais autonomia para instituições de ensino superior.
O diploma,
que prevê um conjunto de alterações à formação inicial, resulta das conclusões
do grupo de trabalho, criado no ano passado e coordenado pela investigadora
Carlinda Leite, segundo o ministro da Educação.
“A falta de professores é um problema com muitas variáveis e
quando um problema é complexo, raramente tem soluções simples”, começou por
dizer João Costa, numa conferência organizada pelos Centros de Investigação de
Ciências e Políticas de Educação, sob o tema “De que professores precisa o
país”?
A solução do Governo deverá ser conhecida em breve, quando
entrar em consulta pública, avançou o ministro durante o seu discurso inicial,
acabando por adiantar algumas das medidas previstas na proposta de diploma.
Uma das intenções já tinha sido anunciada quando João Costa era
ainda secretário de Estado da Educação, no anterior executivo, e refere-se à
reintrodução dos estágios remunerados, estando prevista a atribuição do
corresponde a uma carga letiva de 50% aos professores estagiários, que terão um
contrato de trabalho.
Também em relação aos estágios, a formação para o ensino
pré-escolar, em concreto, passará a contemplar a passagem por creches.
Por outro lado, pretende-se melhorar as condições de trabalho
dos chamados professores cooperantes, que acompanham os alunos durante o
estágio, por exemplo, através da redução da sua carga letiva, para que tenham
mais tempo para trabalhar com os seus orientandos.
Quanto às instituições de ensino superior, a quem o ministro da
Educação voltou a apelar para que voltem a investir na formação inicial de
professores, a proposta do Governo atribuiu-lhes maior autonomia na definição
das condições de acesso.
O objetivo, explicou João Costa, é permitir que alunos com
licenciaturas noutras áreas possam integrar os mestrados em educação, ao mesmo
tempo que dá também às instituições mais confiança para desenharem os seus
projetos curriculares.
Por outro lado, os ministérios da Educação e da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior pretendem também dar uma resposta àqueles que
queiram entrar na profissão docente e que, apesar de detentores de mestrado ou
doutoramento, não têm habilitação profissional.
“Não nos parece fazer sentido que tenham de começar tudo de
novo, mas sim que estes profissionais possam ter formação mais imersiva e intensiva
nas áreas das ciências da educação”, sublinhou João Costa.
Além da formação inicial, apontou também a necessidade de rever a formação contínua, com uma maior aposta na “partilha, reflexão conjunta e construção de novas formas pedagógicas”, mas também de melhorar as condições de trabalho dos professores. Fonte: Sapo
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