Na manhã do dia 25 de abril, como
habitualmente, fui de autocarro para o trabalho e não me apercebi de nada de
especial. Foi já no hospital que um médico me falou de "uma revolução em
Lisboa", algo que tinha a ver com militares. Percebi que toda a gente se
interrogava e que a grande dúvida era se o "golpe" era de esquerda ou
de direita. Comentava-se, com espanto, as músicas até então proibidas, que
nessa noite tinham passado na rádio. Ao longo do dia foram chegando informações
a conta-gotas. Não havia telemóveis…Com apenas
dois canais, a televisão (RTP) não transmitia, como agora, sucessivos
serviços informativos. Era necessário esperar pelas oito da noite, pelo bendito
"Telejornal".
Seguiram-se tempos de grande euforia. Ao mesmo tempo, a novidade atraía-nos e a incerteza preocupava-nos. Entre 25 de abril e 1 de maio de 1974, convenci-me de que me estava reservado um futuro diferente daquele que aos meus pais coubera em sorte. Não me enganei! No dia 1 de maio, em plena Avenida dos Aliados, perante uma imensa manifestação de apoio à Revolução, percebi que a palavra LIBERDADE passara a existir para além do dicionário. 50 anos depois, estou grata aos militares de Abril e continuo a ir aos Aliados, agora acompanhada pelos meus netos, repetir: 25 de Abril, sempre!
(professora de Português e de Francês, atualmente aposentada)
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