Há milhares de professores no sistema de ensino que não têm mestrado em ensino: as escolas públicas, com horários de turmas por preencher, abrem concursos locais e a escassez de candidatos – a prioridade é dada aos professores qualificados com mestrado em ensino – leva a que, desde que tenham uma licenciatura, qualquer tipo de profissão seja aceite para lecionar.
No início do ano letivo, o Ministério da Educação indicou a colocação de 1.268 professores sem formação pedagógica, um número que subiu para quase 3.200 no final do primeiro período. “É um número crescente que resulta de três fatores: o envelhecimento da população docente, sendo em número crescente os que ano após ano se aposentam; o abandono da profissão por parte de jovens professores; e a escolha de outros cursos pelos jovens”, denunciou Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, em declarações à revista ‘Sábado’. “Apesar de haver um pequeno aumento na opção pelos cursos de formação de professores, está muito longe de compensar as saídas.”Os professores sem formação são mais requisitados na zona de Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve. “É sobretudo devido ao preço das casas nestas regiões”, explicou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamento e Escolas Públicas. “Os qualificados não querem ir para estas regiões. Alguém tem de ensinar os nossos alunos, com ou sem formação”, salientou.
A falta de formação pedagógica é uma das principais falhas do sistema, apontaram os responsáveis. “Estes professores sabem o conteúdo, mas não sabem como ensiná-lo. Desconhecem os mecanismos de aprendizagem”, referiu José Morgado, professor na escola de educação do ISP-Instituto Universitário.
“Ensinar uma criança de 11 anos é diferente de uma com 14: a relação com os adultos muda com a idade”, sublinhou o investigador. Mário Nogueira concordou. “Ensinar não é apenas dominar os assuntos que se lecionam. É a pedagogia que prepara para lidar com os alunos, para gerir uma sala de aula, para perceber se estamos a promover, ou não, aprendizagens significativas.” Fonte: Sapo
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