Com curadoria das investigadoras Mariana Pinto dos Santos, Giorgia Casara e Teresa Monteiro, a exposição vai apresentar uma seleção de livros dos dois artistas, postos em diálogo, atendendo à cumplicidade que partilharam, às suas amizades e projetos que tiveram em comum.
A biblioteca particular de Almada Negreiros, por exemplo, inclui
livros com dedicatórias assinadas por Natália Correia, Jorge de Sena, Teixeira
de Pascoaes, Aquilino Ribeiro e Vinicius de Morais, entre muitos outros.
Nas palavras dos organizadores, estes exemplares mostram "a
rede de cumplicidades pessoais e artísticas de um dos mais multifacetados
artistas portugueses do século XX".
O poeta Fernando Pessoa e o artista multidisciplinar Almada
Negreiros conheceram-se em 1913, quando tinham, respetivamente, 20 e 25 anos.
Em 1915, o autor do "Manifesto anti-Dantas" colaborou
com a Orpheu, revista criada por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro,
considerada o marco inaugural da vanguarda literária e artística em Portugal.
"São aqui mostradas pela primeira vez dois projetos de
maquetes ilustradas da 'Mensagem' que Almada fez, mas que nunca chegou a
publicar, assim como uma primeira edição da 'Mensagem' dedicada por Fernando
Pessoa a Almada, em que o trata por 'Bebé de Orpheu!'", revelam os
promotores da exposição.
Os dois artistas têm múltiplas ligações, desde logo, Almada foi
o autor do logótipo da Olisipo, editora que Fernando Pessoa fundou, tendo ali
publicado o seu livro "A Invenção do Dia Claro" (1921), que também
estará na exposição.
O número 3 da revista Orpheu estava a ser planeado por ambos,
quando Fernando Pessoa morreu repentinamente, em 1935, tendo esse projeto a
dois ficado interrompido.
Segundo a curadora Mariana Pinto dos Santos, "Almada foi um
impulsionador da criação do mito Pessoano. Ao isolar a sua imagem no famoso
retrato que fez para o Restaurante Irmãos Unidos, onde o grupo da revista
Orpheu se reunia - e que pode ser visto na exposição permanente da Casa
Fernando Pessoa -, Almada está a inscrever-se também no mito, ao ser o autor da
imagem de Pessoa que iria ser perpetuada."
Na opinião da responsável, esta é uma das mais-valias desta
exposição: abrir novas perspetivas e ligações com outras peças que integram a
coleção do museu.
No sábado, dia da inauguração, terá lugar uma conversa com as curadoras, às 16:00, de entrada livre, mas sujeita à lotação. Fonte: Sapo
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