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terça-feira, 5 de abril de 2022

5 técnicas para aumentar a inteligência

 

Tornarmo-nos mais inteligentes pode ser difícil, porque o conceito em si é complexo. Mas há algumas técnicas que permitem melhorar certas funções cerebrais e levar-nos a agir de forma mais “inteligente” no dia a dia.

Aumentar a inteligência, exercitando-a, tal como fazemos com os músculos no ginásio, não é impossível. Mas os especialistas alertam que é importante não esquecer que existem vários tipos de inteligência, da verbal à matemática, passando pela motora e emocional. “Há pessoas que dançam de uma forma extraordinária e são tijolos a matemática”, exemplifica o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, Filipe Palavra, que considera muito redutor, por exemplo, medir a inteligência através de um valor único, como é o caso do QI.

Outros “até podem ter um grande raciocínio lógico, mas serem um desastre a gerir a vida emocional”, diz ainda o neuropsicólogo Vasco Catarino Soares.

Apesar de ser difícil indicar exercícios específicos, Rui Oliveira refere que, tal como no ginásio, o treino deve ser encarado numa perspetiva abrangente. “Se só fizermos abdominais, não vamos ficar com os braços tonificados, da mesma forma que, se só treinarmos um tipo de inteligência, não quer dizer que ficaremos mais inteligentes.”

Os especialistas indicam cinco técnicas que podem ajudar o cérebro a estimular os vários tipos de inteligência.

1. Ler um livro

Pode parecer um cliché, mas Rui Oliveira assegura que ler livros é um “treino mental brutal”. O investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência defende que “a literatura é das melhores coisas que podemos consumir para o cérebro”, e que os nossos cérebros “adoram narrativas, ficção e simulações”, uma vez que “foram selecionados para gerar cenários e simular a realidade”.

Os livros irão então estimular a capacidade que a mente tem de supor as consequências de um determinado comportamento sem sermos obrigados a passar por ele. “Eu não tenho de me atirar de um precipício para saber que não é uma boa ideia. Posso simplesmente simular na minha cabeça o que aconteceria, lendo um livro sobre isso, o que é bestialmente adaptativo para sobrevivermos e tomarmos decisões acertadas.”

2. Jogar xadrez

Vasco Catarino Soares sugere o xadrez como uma forma muito eficaz de apreender certos conceitos que podem revelar-se muito úteis no dia a dia. Por um lado, “tomamos consciência de que todos os movimentos que façamos terão uma consequência futura”; por outro, passamos a ponderar as próximas jogadas tendo em conta essas possíveis consequências.
Este tipo de raciocínio, diz o especialista, pode ser transposto para a rotina. “Às vezes, fazemos coisas que nos parecem muito razoáveis mas que, no futuro, poderão ter más consequências.” Não ceder a comportamentos emocionais, tentar analisar primeiro as coisas, estar atento ao que se passa à nossa volta e à forma como as coisas vão acontecendo, registando isso mentalmente, aprender com o que se regista e, a partir daí, conseguir projetar cenários futuros são as capacidades desenvolvidas com a prática do xadrez, segundo Vasco Catarino Soares.

3. Treinar, treinar, treinar

Cada pessoa está predisposta para diferentes formas de inteligência, mas isso não invalida a importância de treiná-las, reforçar determinado tipo de circuitos e estimular certas vias de conexão entre os neurónios. “Se não treinarmos, se não fizermos uma aprendizagem repetitiva, até podemos estimular uma vez uma via, que ela não sai reforçada, porque não há nenhuma estimulação adicional que permita moldar essa sinapse”, explica Filipe Palavra.

4. Estimular a componente lógica do raciocínio

Treinar o raciocínio lógico ajuda-nos a ponderar várias soluções para um problema. Vasco Catarino Soares sugere diversos exercícios para treinar esta capacidade cerebral, que vão ativar as “funções executivas da zona parafrontal do cérebro”. Podemos “completar sequências com letras, padrões, números ou símbolos” ou “realizar exercícios de analogia” (por exemplo: pintor está para pincel como escultor está para cinzel) que, além do raciocínio, ainda nos obrigam a usar a memória, estimulando-a. Este estímulo da memória é muito importante, porque esta encontra-se relacionada com uma série de mecanismos de defesa que determinam se, perante uma ameaça, devemos fugir ou lutar.

5. Educar para a resiliência

Quantas vezes os pais tendem a querer proteger os filhos para que estes não sofram desilusões? Demasiadas, segundo Vasco Catarino Soares. O neuropsicólogo defende que uma certa dose de frustração é algo “adaptativo” e que ensinar, desde cedo, as crianças a lidarem com ela é muito importante para o desenvolvimento de uma inteligência emocional mais forte. “Podemos até dizer que os indivíduos emocionalmente descontrolados em adultos são pessoas que foram muito pouco estimuladas a aceitar a frustração quando eram mais novos.”
Um adulto que foi habituado a aceitar a frustração enfrentará melhor novos desafios que não corram tão bem, porque pode recorrer às memórias de situações semelhantes que, depois, acabaram por se resolver. Para ensinar às crianças esta faculdade, o especialista sugere começar por “coisas tão simples como negar um gelado à criança se ela já comeu outro há pouco tempo.”@ Visão

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