"A carência de professores tem duas manifestações mais evidentes: a saída de muitos docentes, antecipada ou não, e a não entrada de novos, em especial para horários muito precários e incompletos. (...) Em termos globais, o acréscimo de professores a partir de 2016 foi de 4,1%, mas a redução no quinquénio anterior tinha sido de 21,5%. Ou seja, entre 2010 e 2020, o número de docentes em exercício diminuiu mais de 18%.
Resumindo: a falta de professores não foi causada por um aumento da carga lectiva curricular e/ou por um acréscimo enorme na necessidade de professores para a satisfazer. O que aconteceu foi que muitos saíram, outros passaram a estar mais de baixa médica ou com maior redução de horário e as condições apresentadas aos candidatos a necessidades temporárias foram sendo cada vez mais severas, no sentido da precariedade e proletarização da docência.
Soluções? Vou repetir de forma breve, o mais óbvio: cuidar dos que ainda estão, para que não queiram sair antecipadamente (o que significa não os sobrecarregar com idiotices ou regatear as horas de redução da CL) e tratar melhor os que querem entrar, assegurando-lhes um horário completo, mesmo quando substituem alguém que tenha apenas 14, 16 ou 18 horas, para os não obrigar a andar a saltar de escola em escola. E permitir que, em circunstâncias nas quais é possível prever a existência de eventuais novas necessidades temporárias, os colegas contratados fiquem na escola. Ou então garantir pelo menos a colocação por um período ou trimestre. Se custa dinheiro? Menos do que TAP num mês (os prejuízos mensais andarão acima dos 130 M€)." @ "Domingo", de Paulo Guinote
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