Chama-se Violante e acaba de escrever um extraordinário livro sobre o seu pai.
Imagino o que lhe deve ter custado dar esse passo, mas ainda bem que o fez.
"De Memória nos Fazemos" é um livro que só ela poderia ter escrito - um livro que apenas uma filha pode escrever sobre o seu pai.
Sobre os ensinamentos.
Sobre os silêncios.
Sobre os ralhetes.
Sobre as dúvidas e o questionamento.
Sobre a relação com a sua mãe, a pintora Ilda Reis com quem Saramago esteve casado quase trinta anos.
Neste espantoso livro senti-me próximo de uma ideia de verdade. E próximo de José Saramago, um homem que era simplesmente isso e não uma obra, uma estante ou uma biblioteca.
Quando lhe falam de José, seu pai, ela baixa a cabeça e responde ainda mais baixo. Fala do orgulho de ser filha do Prémio Nobel, do amor que sente por tudo o que ele lhe deixou, a ternura das memórias, o sofrimento pelos silêncios inevitáveis.
Violante Saramago é uma pessoa rara.
Escreve livros infantis e juvenis, inventou o Quinas e deu-lhe vida. Escreve para crianças e adolescentes sem os infantilizar, escreve como se tivessem a mesma idade, ela e eles. @ TSF
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