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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Zelensky na Assembleia da República

 


O discurso do presidente ucraniano perante a Assembleia da República decorreu na senda de uma série de intervenções que Zelensky tem vindo a fazer nas casas legislativas dos países aliados no esforço de reforçar o seu apoio, moldando os discursos às particularidades de cada estado anfitrião. Se perante os EUA, falou das tragédias em solo americano de Pearl Harbour e do 11 de setembro, a Espanha reservou referências ao bombardeamento de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola.

Volodymyr Zelensky — Os principais destaques da declaração:

  • "Lembramo-nos todos das fotografias de Bucha, dos corpos espalhados. Os russos nem tentaram ocultá-los".
  • "Estou só a descrever a região de Kiev, ainda não conseguimos contabilizar todos os mortos".
  • "As tropas russas continuam a bombardear as nossas cidades, habitações e estruturas necessárias para as pessoas sobreviverem: escolas, universidades, até igrejas".
  • "Os russos já capturaram e deportaram mais de 500 mil ucranianos para zonas longínquas. É o tamanho da população da cidade do Porto duas vezes".
  • "Imaginem se toda a população de Portugal fosse obrigada a fugir. Não somos refugiados, fomos obrigados a sair temporariamente."
  • "Mariupol tem quase o mesmo tamanho de Lisboa, também fica junto ao mar, está completamente destruída. Não há uma casa intacta."
  • "Quando pedimos coisas, pedimos armamento, para que consigamos expulsar os russos das nossas terras."
  • "Este mal que está a ser feito à Ucrânia é tão mau como o que foi feito na Segunda Guerra Mundial. Precisamos de armamento pesado, de tanques."
  • "Porque é que a Rússia começou esta guerra? É apenas o primeiro passo para conquistar o leste da Europa. Querem acabar com a democracia na Ucrânia".
  • "Vocês que se preparam para celebrar o aniversário da Revolução dos Cravos, sabem o que estamos a sentir, a lutar contra uma ditadura".
  • "Agradeço ao vosso Governo e a todos os portugueses por todo o apoio que nos têm dado".
  • "Espero que se juntem a outros países da União Europeia para que o sistema bancário russo seja bloqueado. Não pode haver um banco russo a operar na Europa".
  • "Eu sei que os nossos povos se compreendem, que se conhecem muito bem".
  • "Temos de garantir que todas as pessoas têm direito à felicidade e à saudade."

Augusto Santos Silva — os principais destaques das declaração:

  • "Portugal condenou desde o primeiro momento com firme determinação a agressão da Federação Russa à República da Ucrânia".
  • "No dia 24, todos os órgãos políticos de soberania – o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo – condenavam em uníssono o agressor e exprimiam solidariedade e apoio ao agredido. Fizeram-no então, e têm-no reiteradamente feito, sem qualquer hesitação nem ambiguidade. Para Portugal, o agressor é a Federação Russa e o agredido é a Ucrânia".
  • "O agredido tem o direito de se defender e deve ser apoiado nessa legítima defesa".
  • "Defendendo-se a si própria, a Ucrânia defende-nos a todos".
  • “É uma honra para o parlamento português recebê-lo solenemente e ouvir as suas palavras. A participação do Presidente e do primeiro-ministro de Portugal nesta sessão solene mostra bem a unidade nacional em torno do apoio à Ucrânia, um apoio que junta os órgãos de soberania e que é partilhado por partidos políticos do Governo e da oposição”.
  • "No mesmíssimo dia 24 de fevereiro, o nosso Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou, sob proposta do Governo e concordância do Comandante Supremo das Forças Armadas, as medidas indispensáveis para reforçar a participação militar na defesa europeia e atlântica; e os nossos embaixadores de Portugal na União Europeia e na NATO transmitiram a posição nacional de empenhamento nas medidas de sancionamento da Rússia e proteção da Ucrânia".
  • "Apoiámos imediatamente a condenação expressa pelas Nações Unidas à agressão russa e estivemos no primeiro grupo de países a solicitar ao Tribunal Penal Internacional a investigação sobre os crimes de guerra”.
  • "Portugal é um país médio à escala europeia e pequeno à escala mundial. Não somos uma potência demográfica  económica ou militar; mas somos uma nação com história, com um posicionamento geopolítico há muito consolidado e com uma política externa que não varia com o Governo do momento, porque exprime interesses nacionais duradouros".
  • O laço mais forte é constituído pelas pessoas: Pela comunidade ucraniana estabelecida em Portugal, na ordem das dezenas de milhares de pessoas, bem integradas, que em muito contribuem para a nossa economia e em cujos filhos se encontram alguns dos melhores alunos das escolas portuguesas; e pelas famílias luso-ucranianas que, entretanto, se foram formando, e residem quer num quer noutro país”.
  • "Prezamos as aspirações europeias da Ucrânia e temos defendido, não só o reforço da cooperação no quadro do Acordo de Associação existente, como o exame pronto e atento, por parte das instituições europeias, do pedido de candidatura apresentado pela Ucrânia. Merecerá cuidadoso exame da nossa parte".
  • “Temos muito orgulho em dispormos, desde 2019, numa praça de Lisboa, do busto do vosso poeta nacional Taras Shevchenko. E recordamos com emoção o encontro, nos anos da Grande Guerra, no Norte de Portugal, entre Sonia Delaunay, nascida Sara Stern em Gradizhsk, na Ucrânia, e então em fuga da guerra, e o nosso pintor Amadeo Souza-Cardoso – o encontro de duas figuras maiores da revolução modernista na arte europeia”.
  • "Posso assegurar-lhe, presidente Zelensky, que conta com Portugal. A luta do seu país pela liberdade é a luta da Europa toda pela liberdade. E a essa luta pela liberdade o Portugal democrático nunca faltou, não falta e não faltará”.
O discurso que faz perante Portugal acontece no mesmo dia em que assinala três anos desde que venceu as presidenciais ucranianas, conseguindo uma vitória surpresa perante Petro Poroshenko, que se estava a recandidatar e que procurou retratar o seu adversário como um novato na política. Os eleitores viram isso como um trunfo, já que Zelensky foi eleito por uma larga margem, com 73,2% dos votos. @ Sapo

                                                                                                           cortesia do envio de Constância Silva, docente colaboradora do CRESCER

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