Os deputados quiseram que o ministro da Educação explicasse o que está na base da regressão generalizada da performance dos alunos portugueses no Programa de Avaliação Internacional dos Alunos e nas Provas de Aferição. João Costa foi explicando um e outro fator, mas não apresentou um conjunto sistematizado de razões.
Os motivos para a descida de performance dos alunos portugueses no
PISA (Programa de Avaliação
Internacional dos Alunos) e os
maus resultados nas provas de
aferição continuam a não ser claros, apesar das múltiplas perguntas dos deputados e das
respostas do ministro. João Costa queixou-se das “análises facilitistas” e
“redutoras” do PSD e da Iniciativa Liberal em que “se pesca à linha a
informação que interessa”, mas também não apresentou um conjunto sistematizado
de razões que expliquem a regressão generalizada da performance.
Claro é, “o
agravamento da situação”, declarou Carla Castro, deputada da Iniciativa
Liberal, partido que juntamente com o PSD requereu a audição do ministro da
Educação, João Costa, esta terça-feira, 9 de janeiro, no Parlamento.
De acordo com os resultados publicados no passado 5 de dezembro,
em 2022, Portugal caiu no PISA
em todas as matérias em avaliação, registando um desempenho de 472 pontos em
Matemática (-20.6 que em 2018), em Ciências (-7.3)e 477 em Leitura (-15.2). Os
números equivalem à perda de um
ano de conhecimentos, isto é, um ano de escolaridade face a 2018.
“É preciso recuar 15 anos para obter estes resultados. Não
desconhecemos o impacto da pandemia e os seus constrangimentos nas
aprendizagens mas isso não justifica tudo. Aliás, é o que está dito no
relatório”, afirmou, por seu turno, Sónia Ramos, do PSD. Acrescentou: “O
falhanço na recuperação das aprendizagens é um fator determinante também para
estes resultados. Sr. ministro é tempo de assumir responsabilidades pelo
falhanço da política educativa que está por detrás dos resultados do PISA”.
O ministro respondeu com uma súmula das realizações dos governos
do PS nos últimos oito anos, acusando o PSD de usar e abusar do tema do
facilitismo – “tudo está pior em 2024 em 2014 não, porque era governo
nessa altura, em 2008, em 2004 temos declarações de personalidades do PSD, em
2002 também, em 1997 também e em 1999.”
De alguma forma, João Costa desvalorizou que o sucesso tivesse
sido tão grande como o alardeado no passado. “O que aconteceu em 2015 foi uma
convergência com a média da OCDE com, já, na altura, resultados muito
preocupantes em que Portugal é um país em que as desigualdades sócio-económicas
aparecem como um preditor mais fortes até do que noutros países”.
João Costa também admitiu resultados preocupantes nas primeiras
edições das provas de aferição, acrescentando que, desde o início em 2016, o
Governo tem vindo a intervir em várias frentes, sabendo que “os resultados em
educação nunca são imediatos”. Adiantou que os resultados das provas de
aferição realizadas há quase um ano serão conhecidas muito em breve, referindo
apenas que “não foram detetados efeitos de modo entre os resultados das provas
em papel e das provas em digital”.
Considerou que os fatores explicativos merecem ter uma análise
mais aprofundada, lançando para cima da mesa dois: uma diferença muito grande
relacionada com o perfil dos estudantes, que se tornou muito diferenciado com a
redução do abandono escolar e com o aumento da população escolar imigrante.
O ministro da Educação referiu
ainda que o Governo tem vindo a trabalhar no sentido de trabalhar a montante
dos problemas, apontando como exemplo, entre outros, a aprovação em 2016 das orientações curriculares para a educação
pré-escolar, com grande foco nas Literacias emergentes, na Leitura e na
Matemática, o reforço no Plano Nacional de Leitura e a abertura de centenas de
salas na rede pública de pré-escolarização, fundamental para impulsionar, mais
tarde, as aprendizagens.
“Aquilo que queremos é ir mais longe , compararmo-nos de facto com os países de topo”, declarou. Fonte: Sapo
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