O Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, vai subordinar a programação de 2024 ao tema "Liberdade e transgressões", tendo como destaque uma exposição dedicada ao Centro de Arte Contemporânea (CAC), a inaugurar em junho, anunciou hoje o museu.
No ano em
que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a exposição com curadoria de Miguel
von Hafe Pérez vai "colocar em diálogo a obra artística com as fontes
documentais, e tem como ponto de partida as obras adquiridas pelo MNSR, mas
também toda a produção documental e gráfica da atividade do CAC, onde se
incluem catálogos de exposição, cartazes, convites e registos
fotográficos", de acordo com um comunicado do museu.
"O apoio do MNSR à contemporaneidade artística na cidade do
Porto viu-se perpetuado no depósito de cerca de uma centena de obras,
adquiridas no período de cinco anos de funcionamento do CAC, naquela que viria
a ser a atual Fundação de Serralves", lembrou o museu.
O CAC funcionou entre 1976 e 1980 no MNSR para expor e divulgar
a arte contemporânea e "pretendia colmatar uma ambição antiga no panorama
artístico nacional, que era a constituição de um Museu Nacional de Arte
Moderna", como recorda um artigo de Inês Silvestre publicado no ano
passado na revista MIDAS precisamente sobre o CAC e o MNSR.
Criado no final de 1975, sob direção do crítico Fernando Pernes,
que viria a ser o primeiro diretor do Museu de Serralves, com a
"colaboração fundamental" de Etheline Rosas, o CAC "introduziu
no meio museológico não só novas linguagens artísticas, mas também novos modos
de exibição, contando para isso com a colaboração dos artistas, frequentemente
convidados a participar na organização das suas exposições", como
salientou Inês Silvestre.
"Se atualmente a crítica de arte está mais informada e mais aberta a novas propostas plásticas, algumas exposições em Serralves não deixaram de impressionar o público que as visita que, à semelhança do que acontecia no CAC, se vê confrontado com peças que desafiam a sua relação com a arte. Podemos então admitir [...] que o CAC de Fernando Pernes e Etheline Rosas abriu a porta à ousadia e inquietação no espaço museológico em Portugal", escreveu Leonor de Oliveira no livro "Museu de Arte Contemporânea de Serralves: Os Antecedentes, 1974-1989". Fonte: Sapo
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