Mais de 80% dos diretores dos agrupamentos de escolas (AE) e das escolas não agrupadas (ENA) afirmam não ter os recursos necessários para uma "educação verdadeiramente inclusiva", indica um levantamento feito pela Fenprof divulgado hoje.
A
recolha de informações realizada pela Federação Nacional dos Professores diz
respeito “à situação nos AE e ENA em 2023/2024”, contando com “dados de todos
os distritos do continente, envolvendo 112.187 alunos, 12.157 docentes e 5266
assistentes operacionais”.
A amostra corresponde a 10% dos agrupamentos de escolas e
escolas não agrupadas do continente e foi pedido às respetivas direções que
dessem a sua opinião sobre os quatro anos de aplicação do Decreto-lei n.º
54/2018, relativo à Educação Inclusiva, de acordo com o ‘site’ da federação.
Segundo os resultados do levantamento, efetuado durante o 1.º
período do presente ano letivo, 73% dos diretores dos AE/ENA afirmam que o
número de docentes de educação especial é insuficiente, enquanto 78% consideram
que o mesmo acontece com os assistentes operacionais e 85% com os técnicos
especializados.
Em relação a estes técnicos, faltam sobretudo terapeutas da
fala, ocupacionais e psicólogos, enquanto no caso dos assistentes operacionais
é também referido que “apenas 6% têm formação específica para trabalhar com
alunos com medidas seletivas e/ou adicionais”.
O documento da Fenprof precisa que “os alunos com medidas
seletivas e adicionais são na ordem dos 8% do total dos alunos e cerca de 3,5%
referem-se a alunos apenas com apoio indireto do Docente de Educação Especial”.
A organização sindical de professores questionou também as
direções das escolas sobre a sua autonomia para decidir sobre algumas questões,
como por exemplo a constituição de turmas, indicando o levantamento que,
“atualmente, cerca de 20% das turmas estão constituídas ilegalmente, ou seja,
com mais de dois alunos com NE (necessidades específicas) e/ou mais de 20
alunos por turma”.
Além
da falta de recursos humanos, vários diretores dos AE/ENA inquiridos apontaram
a falta de meios materiais, equipamentos e infraestruturas, assim como a grande
diversidade e especificidade de casos como causas da inexistência de uma
“educação verdadeiramente inclusiva”.
Reafirmando “a importância de uma educação verdadeiramente inclusiva para qualquer criança ou jovem, independentemente das suas características e capacidades individuais”, a Fenprof considera que os resultados do levantamento mostram que a questão não foi resolvida pela legislação aprovada em 2018, pedindo ao Ministério da Educação que avalie a sua aplicação no terreno. Fonte: Sapo
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