O ministro da Educação revelou hoje que alunos do secundário vão experimentar previamente as plataformas dos exames nacionais digitais, provas que terão em conta o tempo necessário para resolver itens naquele formato.
Este ano, os
exames nacionais do secundário continuam a ser em papel, à exceção de um
conjunto de estudantes e escolas que irá participar no projeto-piloto e
realizar as provas em formato digital.
Mas, estes alunos terão tempo para se “familiarizar com a
plataforma”, revelou o ministro da Educação, durante a audição parlamentar
pedida pela IL e pelo PSD para debater os resultados dos alunos no PISA
(Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).
“Vamos estar a trabalhar com escolas, alunos e professores para
haver já um contacto com as plataformas digitais, para fazer o piloto que
estava previsto com a adaptação dos alunos à resposta em formato digital, a
adequação dos itens que são em formato digital”, disse à Lusa no final da
audição.
Estes
testes servirão também para “monitorizar variáveis como o tempo que é
necessário para a resolução de diferentes itens em função do formato digital ou
papel”, acrescentou João Costa.
Sobre os alertas de diretores escolares para a existência de
milhares de equipamentos avariados e possível carência de equipamentos para
todos poderem realizar as provas digitais, João Costa disse que a situação está
praticamente resolvida.
“Nós temos já montada, em sede de contratação, toda a estrutura
de apoio à manutenção dos computadores que não estão em garantia. Esses
problemas estão a ser trabalhados”, afirmou João Costa.
Quanto às falhas na rede de internet, o ministro diz que
solicitou ao Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) “que explicite junto das
escolas as opções que têm de fazer para realizar as provas em modo offline”.
Os deputados aproveitaram a audição para questionar o ministro
sobre os motivos para o agravamento dos resultados dos alunos em provas
internacionais ou nas provas de aferição.
João Costa disse que os resultados das provas de aferição
realizadas há quase um ano serão conhecidas muito brevemente, salientando
apenas que “não foram detetados efeitos de modo entre os resultados das provas
em papel e das provas em digital”.
Sobre os resultados no PISA, a deputada do IL, Carla Castro,
lembrou que “41% dos alunos portugueses tem baixo desempenho a pelo menos um
dos domínios aplicados” e, por isso, defendeu que “falta sentido de urgência”.
Em resposta, o ministro acusou os deputados do PSD e IL de
fazerem “análises facilitistas” e “redutoras” em que “se pesca à linha a
informação que interessa”, para que “tudo se resuma a um conjunto de chavões”.
João Costa optou por enumerar medidas implementadas pela tutela
nos últimos anos, como o aumento de professores e funcionários nas escolas,
mais tutorias para quem tem mais dificuldades, manuais gratuitos, o regresso
dos estágios remunerados ou “mais de um milhão em equipamentos informáticos”
distribuídos.
As suas declarações levaram a deputada social-democrata Sónia
Ramos a acusar o ministro por apresentar “uma súmula eleitoral” em vez de
discutir os resultados no PISA.
Para a deputada do PSD Sónia Ramos, os resultados mostram um
“falhanço nas aprendizagens”.
Já a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua apontou como
possível razão para “a recuperação das aprendizagens estar a ser fortemente
penalizada o facto de serem contratados professores sem profissionalização”.
Em resposta, o secretário de estado da Educação, António Leite,
lembrou que “sempre houve” professores contratados sem profissionalização: “Não
estou a dizer que isto é uma coisa maravilhosa, mas sempre houve”.
Segundo António Leite, estes profissionais “não são mais do que
15% da totalidade”, ou seja, serão cerca de três mil num universo de mais de
100 mil professores.
No final da audição, a deputada do PSD Inês Barroso considerou “inacreditável” como o ministro “respondeu na audição”, apresentando uma “listagem eleitoralista”. Fonte: Sapo
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