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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

saúde: reinfeções respiratórias são a maior sequela da pandemia da Covid-19

O inverno e as infeções após o período natalício começam a atingir fortemente os sistemas de saúde um pouco por toda a Europa, saturados da pacientes com gripe (embora o pico seja estimado acontecer em fevereiro) e o aumento de casos positivos da Covid-19. No entanto, os especialistas dedicados a patologias respiratórias estão a assistir a uma situação inédita.


“A realidade é que estamos a assistir a muitos doentes jovens ou de meia-idade que, num mês ou mês e meio, estrearam com um quadro de constipação que parecia ter melhorado favoravelmente e que, no entanto, agora, pouco depois, ter uma recaída”, frisou Francisco José Roig Vázquez, médico assistente do serviço de pneumologia do Grupo HM Hospitales, em declarações ao jornal espanhol ‘La Razón’.
Há pacientes que podem, nesse período, ter duas ou três infeções respiratórias. “Essa recidiva costuma ser pior do ponto de vista clínico do que o quadro inicial com que estreou na primeira infeção”, apontou o responsável. “Estamos a ver muitas dessas recaídas e não sabemos exatamente o que está a acontecer. Não são pacientes com patologias crónicas subjacentes ou idosos mas sim jovens sem qualquer história clínica de interesse”, frisou.
David de la Rosa, do serviço de pneumologia do Hospital de Santa Creu, em Barcelona, revelou que estão a observar-se mais pneumonias em jovens do que o habitual e com mais complicações quando comparado com a era pré-Covid. “Um verdadeiro ‘boom’ de pacientes que tiveram uma infeção viral e dias ou semanas depois voltam com uma reação inflamatória do pulmão”, anotou.
A situação, segundo os especialistas, é devida à “dívida imunológica”, ou seja, após as proteções à Covid-19, muitas pessoas viram o seu sistema imunológico menos protegido, o que gera maior facilidade ao sofrer este tipo de infeções respiratórias consecutivas. “Com dados do final de 2022, temos aproxidamente 25-25% de mais descargas respiratórias hospitalares do que em 2017 ou 2019”, alertou. “A partir do momento em que baixámos a guarda, estamos a ser infetados com vírus que já existiam antes do SARS-CoV-2, especialmente o vírus sincicial respiratório (RSV) ou Streptococcus pyogenes – que nunca desapareceram. O que acontece é que em certos países e grupos populacionais estão a atacar com maior intensidade e houve um boom de casos, embora não mais graves”, insiste Roig.
Rosario Menéndez, pneumologista do Hospital La Fe, em Valência, e diretora do Programa de Pesquisa de Infeções Respiratórias da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica (Separ), explicou que os vírus que circulam são os mesmos e na mesma quantidade do que na fase da pré-pandemia. “Só que foram ‘encurralados’ e estão agora a emergir novamente” na sua cadência – o VSR foi o primeiro a aparecer, entre novembro e dezembro, a gripe surge mais tarde, com o pico a acontecer entre a quarta e oitava semana do ano.
As reinfeções fazem com que o paciente se sinta pior clinicamente. “Não sabemos muito bem se é porque o sistema imunológico está mais danificado, não está claro, mas foi observado que a pessoa que foi infetada com esses vírus respiratórios, longe de estar mais protegida imunologicamente, se for reinfetada, vai ter uma pior evolução clínica”, explicou Roig.
A consequência da coexistência de vários vírus é que existe uma grande prescrição e procura de antibióticos, o que futuramente vai criar uma situação preocupante de resistência a este tipo de tratamento. “Isso já começa a ser observado no ambiente hospitalar, principalmente em crianças”, confirmou Roig. @ Sapo

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