Naquela que é a sua primeira encenação enquanto diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim conjuga três materiais – o fado, diários de guerra, o ensaio filosófico – em Casa Portuguesa. Num bar de hotel em Moçambique, talvez no final dos anos 40, três portugueses escrevem a canção Uma Casa Portuguesa, um fado que veicula uma ideia de Portugal bem ao gosto do Estado Novo. Em 1968, Joaquim Penim parte para a Guerra Colonial em Moçambique, experiência que verterá no livro No Planalto dos Macondes. Em 2021, Emanuele Coccia publica Filosofia della Casa, ensaio que descreve a casa como um espaço onde injustiças, opressões e desigualdades se escondem e reproduzem. Casa Portuguesa conta a história de um ex-soldado da Guerra Colonial que, em diálogo com os seus fantasmas, se confronta com a decadência e a transformação do ideal de casa, de família, de país e do cânone da figura paterna. Um retrato do que foi, do que é, e do que poderá ser a célula familiar patriarcal por excelência.
*A atriz Carla Maciel foi aluna da ESAS e na nossa escola definiu o seu percurso profissional.
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