60 mil portugueses deixaram o país em 2021, mais 15 mil do que em 2020. Para onde foram? E porquê? E que tipo de emigração é esta?
Emigração volta a aumentar. Reino Unido ainda é o principal destino, mas há mudanças de direção para alguns países europeus que recebem cada vez mais portugueses qualificados. Também as saídas para Espanha estão novamente a crescer.
Já havia sinais de que em 2021 a emigração portuguesa tinha voltado a aumentar depois da queda abrupta registada em 2020, em resultado da pandemia e do Brexit. Segundo as estimativas do Observatório da Emigração, divulgadas esta quarta-feira, pelo menos 60 mil portugueses emigraram em 2021, mais 15 mil do que no ano anterior. Ainda são menos do que antes da pandemia, mas em alguns destinos, sobretudo do Norte da Europa, já se verifica uma “progressiva e sistemática aceleração” da emigração.
Ainda assim, há países onde se ultrapassou esse patamar, como Holanda, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega ou Suécia, onde já se verifica um “crescimento sustentado” de entradas de portugueses, refere ao Expresso Rui Pena Pires, coordenador do Observatório da Emigração.
“É o país que continua à frente, mas perdeu dimensão. Antes, tinha o triplo do número de emigrantes do segundo maior destino e agora está tudo dentro da mesma ordem de grandeza”, explica Rui Pena Pires.
Além do Reino Unido, também Espanha e Suíça estão entre os países mais procurados pelos portugueses, com cerca de 8 mil entradas em 2021. Seguem-se França e Alemanha com cerca de 6 mil, segundo as estimativas do Observatório da Emigração obtidas a partir das estatísticas dos países de destino.
Uma das grandes mudanças em 2021 é a recuperação da emigração para Espanha, que vinha a descer nos últimos anos depois do grande recuo na área da construção civil que atraía milhares de portugueses. “O país está a recuperar o seu papel de grande destino da emigração portuguesa. Pelo contrário, França, Alemanha e
MAIS HOMENS E MAIS POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA
Portugal continua a ser o país da União Europeia com o maior número de pessoas emigradas face à sua população. França é o país do mundo onde vivem mais emigrantes nascidos em Portugal - cerca de 600 mil em 2021. Com comunidades acima dos 100 mil portugueses está a Suíça (207 mil), Reino Unido (165 mil), Estados Unidos (162 mil), Canadá (161 mil), Brasil (138 mil) e Alemanha (115 mil). Em Espanha, registou-se um decréscimo, sendo agora cerca de 93 mil. “Os efeitos da pandemia sobre a emigração portuguesa não desapareceram totalmente em 2021. Não desapareceram os obstáculos à mobilidade nem, sobretudo, os efeitos económicos, o que ajuda a explicar a manutenção do número de saídas a níveis inferiores a 2019 na maioria dos casos”, lê-se no relatório. O Reino Unido continuou a ser o principal destino da emigração em 2021. O Observatório aponta para 12 mil entradas de portugueses embora seja apenas uma estimativa cautelosa com base no primeiro semestre do ano, uma vez que as estatísticas britânicas completas ainda não foram divulgadas. Nos fluxos da emigração portuguesa em 2021, houve mais homens do que mulheres e, em termos de grupos etários, são sobretudo pessoas em idade ativa jovem. “As diferenças entre fluxos por países de destino são pouco expressivas, variando entre os 95% de emigrantes com idades entre os 15 e os 64 anos para o Reino Unido, e os 82% no caso da emigração para o Luxemburgo”, aponta o relatório. A população portuguesa que está emigrada continua a ser “maioritariamente” composta por pessoas pouco qualificadas, "mas a emigração de população qualificada tem aumentado mais do que a da população pouco qualificada”, frisa Rui Pena Pires. Em 2020, em resultado da pandemia e do Brexit, a emigração portuguesa tinha caído 44%. Emigraram 45 mil portugueses, quase metade do que os 80 mil que deixaram o país em 2019. @ Expresso
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