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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

um texto por dia: "como imaginas a terra em 2122?" (9)

O CRESCER apresenta mais um texto do 10ºA, dos onze publicados no PÚBLICO. Faltam dois. Um por dia...

Enclausurados

Era a centésima quarta manhã em que a rotina se repetia, estávamos há 104 dias apenas a sobreviver. Estávamos em julho e, como exatamente há cem anos, continuava a ser o mês em que os fogos aumentam. No entanto, enquanto há cem anos a maior parte dos fogos eram postos, cem anos mais tarde, ou seja, agora, em 2122, tornou-se quase impossível sair de casa sem a máscara de oxigénio.

A máscara que usamos apenas nos permite permanecer 40 minutos por dia fora de casa, pois o ar tornou-se tóxico e mortal causado pelo fumo e pelos detritos, tudo isto devido às alterações climáticas, quero dizer, devido à espécie humana que, há 30 anos, não se importou com os alertas que os cientistas se cansaram de fazer; não se importou porque falou mais alto a ambição incontrolável de enriquecer, de forma rápida, esgotando quase todos os recursos naturais do nosso planeta e tornaram-no praticamente um aterro gigantesco, destruindo o planeta.

desenho de Olexandra Nikolaienko, aluna de 12º ano, Ermesinde

Enfim, como eu estava a dizer, a rotina mantém-se sempre a mesma, todas as noites são complicadas e o sono nunca chega rapidamente devido às altas temperaturas. No verão, a temperatura ronda os 38 graus durante o dia, e à noite os 27 graus. Já no outono e inverno, se é que assim posso chamar, a temperatura ronda os 30 graus, não oscila muito comparando com a temperatura do verão. Devido a esse calor extremo, já não chove há três anos, e os rios, lagos, oceanos e mares estão agora quase secos.

De ano para ano, estima-se quando é que o nosso planeta deixará de ser habitável, e adivinhem? Os cientistas dizem-nos que isso vai acontecer mais rapidamente do que esperávamos. Segundo eles, mais cedo ou mais tarde, acabaremos por ir viver para Marte. Pois é, durante todos estes anos percebemos que Marte tem condições que o torna um planeta habitável e deduz-se que daqui a três anos, em 2125, a OGCIPM, Organização Governamental de Controlo da Ida Para Marte, vai começar a levar alguns de nós para lá, até todos sermos evacuados para este planeta.

Até isso acontecer, tentamos não ficar alarmados com as notícias e tentamos viver o nosso dia a dia com normalidade. Embora tenham passado cem anos, continuamos a fazer compras nos supermercados e em outras lojas, mas a realidade é que Internet se tornou um meio importante não só de comunicação, mas também para a nossa própria sobrevivência, uma vez que as nossas compras são todas feitas via online e os robôs encarregam-se de as entregar mesmo à porta de nossa casa.

Agora não existem parques físicos para as crianças, uma vez que quase não podemos sair de casa. Quase todas as crianças já nascem pequenos génios e parece que antes de nascerem alguém lhes ensinou a utilizar as novas tecnologias, deduzo que nada volte a ser como era, pelo menos enquanto estivermos na Terra. As crianças já nasceram sem saber como é brincar num jardim ou até mesmo andar de baloiço. Atualmente, o divertimento das crianças é ficar a jogar, a fazer puzzles ou em chamada com outras crianças. Agora todos falamos assim, uma vez que não podemos estar todos juntos, e nisso incluem-se as aulas, que são também via online e todas as crianças e adolescentes estão habituadas à nova forma de ensino.

Acho que, quando formos para Marte, as crianças se vão maravilhar com a natureza e o contacto físico, pelo menos eu espero e espero que tudo possa voltar ao normal, num planeta onde as pessoas possam conviver e viver com normalidade, e espero mais ainda que nós, seres humanos, mudemos a nossa mentalidade e sejamos bons e cuidadosos com Marte, e não nos esqueçamos de que, se não fosse ele, provavelmente não estaríamos vivos daqui a dez anos, devido à nossa estupidez e ambição. 

Beatriz Madureira, 10º A

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