A experiencia do Laboratório Nacional Lawrence Livermore produz "mais energia de fusão do que a energia laser". Esta descoberta pode levar a "progressos na defesa nacional e ao futuro da energia limpa".
Cientistas americanos anunciaram esta terça-feira um avanço histórico na fusão nuclear, que pode revolucionar a produção de energia na Terra.
O Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), ligado ao Departamento de Energia americano, informou no Twitter que a experiencia em que estavam a trabalhar "produziu mais energia de fusão do que a energia laser" para causar a reação.
O Departamento de Energia descreveu a descoberta como um "grande avanço científico" que levará a "progressos na defesa nacional e ao futuro da energia limpa".
O diretor do LLNL, Kim Budil, disse que é "um dos desafios científicos mais importantes já enfrentados pela humanidade".
Os cientistas trabalham há décadas para desenvolver a fusão nuclear, considerada uma fonte de energia limpa, abundante e segura que pode permitir à humanidade parar com a sua dependência dos combustíveis fósseis, que provocam a crise climática global.
Esta descoberta vai para "os livros de História", garantiu a secretária de Energia, Jennifer Granholm, num conferência de imprensa.
As centrais nucleares utilizam atualmente a divisão do núcleo de um átomo pesado para produzir energia.
A fusão nuclear junta, por sua vez, dois átomos de hidrogénio para formar um átomo de hélio mais pesado, libertando uma grande quantidade de energia no processo.
A National Ignition Facility (NIF) tem 192 lasers que são apontados para um cilindro do tamanho de um dedal, onde estão colocados os átomos leves de hidrogénio a serem fundidos.
Os cientistas produziram, assim, cerca de 3,5 megajoules de energia, usando 2,05 megajoules através dos lasers, de acordo com o comunicado do laboratório.
A fusão tem algumas vantagens: não oferece risco de desastre nuclear e produz menos lixo radioativo. E, acima de tudo, em comparação com as centrais a carvão ou a gás, não gera gases de efeito estufa.
Ainda há, no entanto, um longo caminho a percorrer até que a fusão se torne viável à escala industrial e comercial.
Provavelmente "décadas", declarou esta terça-feira Kim Budil, diretor do Laboratório Nacional Lawrence Livermore.
Os desafios são tecnológicos, pois é preciso conseguir repetir a experiência muitas vezes por minuto, explicou.
Existem outros projetos de fusão nuclear no mundo, como o ITER, que está a ser desenvolvido atualmente em França.
Em vez de lasers, o ITER usa uma técnica conhecida como confinamento magnético: átomos de hidrogénio são aquecidos num enorme reator, onde ficarão confinados com a ajuda de um campo magnético. @ DN
Sem comentários:
Enviar um comentário