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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Ucrânia: “Não pedimos que lutem connosco contra os russos, mas... ", pede Nobel da Paz

A vencedora do Nobel da Paz e representante da Ucrânia na atribuição do Sakharov 2022 Oleksandra Matviychuk considera incompreensível que o ocidente diga que a guerra contra a Rússia defende toda a Europa, mas não forneça mais armas modernas.
LUSA
“Eu sei que muitos países têm veículos blindados, têm caças, têm sistemas de defesa aérea, mas ainda hesitam. Se dizem que estamos a lutar por toda a Europa, por que não nos fornecem armas?”, questionou a advogada de direitos humanos, em entrevista à Lusa, à margem da cerimónia de entrega do Prémio Sakharov, atribuído na quarta-feira pelo Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.
Não pedimos que lutem connosco contra os russos, podemos fazer isso por nós mesmos. Mas, por favor, forneçam-nos armas para fazê-lo. Não o fazerem é uma coisa que eu não consigo entender”, lamentou, referindo que, nas notícias, parece que os países ocidentais deram à Ucrânia tudo o que este país precisava para combater a invasão russa.
Apesar de garantir que “pessoalmente, até percebe” que a aliança militar NATO não se queira envolver diretamente na guerra, a advogada garante que a Ucrânia apenas precisa de mais ajuda.
Entendo que é nossa obrigação lutar contra os ocupantes. Mas o que pedimos é para não nos deixarem lutar de mãos vazias”, afirmou.
Segundo defendeu, os políticos que tomam decisões têm de ser chamados à razão e isso passa por formar movimentos populares.
Sermos ouvidos depende de quantas pessoas conseguimos mobilizar no apelo geral por justiça. Foi por isso que no meu discurso do Nobel também falei sobre movimentos, sobre cooperação horizontal, sobre solidariedade, sobre iniciativas conjuntas”, explicou.
As “pessoas comuns” são, aliás, aquilo que a ativista ucraniana considera a sua inspiração.
Quando as tropas russas tentaram cercar Kiev, as organizações internacionais retiraram imediatamente o seu pessoal. Mesmo aqueles que deveriam estar connosco e fornecer ajuda humanitária monitorizando a violação dos direitos humanos. Fizemos um apelo, em março, para que, por favor, voltassem. Não voltaram. Mas as pessoas comuns ficaram. Ajudam-se umas às outras”, disse a vencedora de dois dos mais importantes prémios de defesa da paz, que também se vê como uma pessoa comum.
“Eu também me recusei a sair do país”, referiu, admitindo que receber o Nobel da Paz lhe trouxe uma nova responsabilidade porque a distinção “proporciona uma oportunidade única de se ser ouvida”. @ Sapo

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