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terça-feira, 2 de novembro de 2021

textos de alunos: "O recurso à máscara social"

Os textos dos nossos alunos dignificam a nossa prática e evidenciam as suas competências de escrita. Seja qual for o âmbito desses registos escritos, quando apreciados e enviados pelos seus professores, são sempre bem recebidos no CRESCER e aqui serão publicados. 

Este é um texto de opinião, da autoria da Sofia Resende, do 12º ano, concebido para a disciplina de Português.


O recurso à máscara social

A sociedade de hoje continua, em alguns aspetos, preconceituosa. Por essa razão, ainda é recorrente o recurso a formas de integração e aceitação, que são uma falta de respeito ao próprio “eu” e um contributo para uma sociedade mais fingida.

Por um lado, ao utilizarmos uma máscara social, estamos simplesmente a mostrar certos aspetos que sabemos que serão, com certeza, aceites pela maioria, seja a nível físico, seja a nível psicológico, não dando oportunidade de nos darmos a conhecer nem de sermos conhecidos, no trabalho e no dia a dia. Não nos sentirmos no direito de nos conhecer e de mostrar quem verdadeiramente somos é não desfrutarmos do que temos para oferecer da melhor maneira possível, pois estaremos demasiado ocupados ou com receio de que a máscara caia. Um exemplo disso são as pessoas transexuais não assumidas. Com medo do que a sociedade possa dizer ou condenar, muitos vivem num corpo que não lhes pertence e, todos os dias, se olham ao espelho e não se sentem bem com aquilo que veem, o que, frequentemente, conduz a dismorfia corporal e ao início de problemas mentais, como a depressão e a ansiedade. Em caso mais extremos, as pessoas preferem o suicídio.

Por outro lado, a máscara social continua a ser, na minha opinião, uma grande influência nas nossas relações interpessoais. Não sabendo a diferença entre o uso de uma e o fingimento, é possível que estejamos a induzir as pessoas com quem convivemos em erro, de forma negativa. É compreensível que, devido a certas memórias e experiências más, optemos por não nos darmos a conhecer verdadeiramente. Além disso, a nossa capacidade, como ser humano, de fingir e ocultar é uma mais-valia, em algumas situações. No entanto, isso não se aplica quando se trata de enganar os outros para benefício próprio. Por exemplo, o ambiente escolar é o local perfeito para fazer amigos e a nossa primeira interação com julgamentos mais complicados. No entanto, é diferente evitarmos certos traços de personalidade nossos para agradar e fingirmos ser alguém que não somos. Este tipo de atitudes pode magoar pessoas próximas, que nos são importantes e, por essa razão, acho que deve ser evitado.

Para concluir, realço a oposição ao uso de máscara social que, não obstante os seus pontos positivos e o objetivo de tornar a nossa vida mais fácil, pode, ao contrário do que esperávamos, torná-la ainda mais complicada.

texto de Sofia Resende, aluna do 12º G 
cortesia do envio de Lizete Pinheiro, docente de Português

1 comentário:

Lizete Matias disse...

Texto organizado e com argumentos e e exemplos muito pertinentes. Parabéns.