Os textos dos nossos alunos dignificam a nossa prática e evidenciam as suas competências de escrita. Seja qual for o âmbito desses registos escritos, quando apreciados e enviados pelos seus professores, são sempre bem recebidos no CRESCER e aqui serão publicados.
Este é um texto de opinião, da autoria da Sofia Resende, do 12º ano, concebido para a disciplina de Português.
O recurso à máscara social
A
sociedade de hoje continua, em alguns aspetos, preconceituosa. Por essa razão,
ainda é recorrente o recurso a formas de integração e aceitação, que são uma
falta de respeito ao próprio “eu” e um contributo para uma sociedade mais
fingida.
Por
um lado, ao utilizarmos uma máscara social, estamos simplesmente a mostrar
certos aspetos que sabemos que serão, com certeza, aceites pela maioria, seja a
nível físico, seja a nível psicológico, não dando oportunidade de nos darmos a
conhecer nem de sermos conhecidos, no trabalho e no dia a dia. Não nos
sentirmos no direito de nos conhecer e de mostrar quem verdadeiramente somos é
não desfrutarmos do que temos para oferecer da melhor maneira possível, pois
estaremos demasiado ocupados ou com receio de que a máscara caia. Um exemplo
disso são as pessoas transexuais não assumidas. Com medo do que a sociedade
possa dizer ou condenar, muitos vivem num corpo que não lhes pertence e, todos
os dias, se olham ao espelho e não se sentem bem com aquilo que veem, o que,
frequentemente, conduz a dismorfia corporal e ao início de problemas mentais,
como a depressão e a ansiedade. Em caso mais extremos, as pessoas preferem o
suicídio.
Por
outro lado, a máscara social continua a ser, na minha opinião, uma grande
influência nas nossas relações interpessoais. Não sabendo a diferença entre o
uso de uma e o fingimento, é possível que estejamos a induzir as pessoas com
quem convivemos em erro, de forma negativa. É compreensível que, devido a
certas memórias e experiências más, optemos por não nos darmos a conhecer
verdadeiramente. Além disso, a nossa capacidade, como ser humano, de fingir e
ocultar é uma mais-valia, em algumas situações. No entanto, isso não se aplica
quando se trata de enganar os outros para benefício próprio. Por exemplo, o
ambiente escolar é o local perfeito para fazer amigos e a nossa primeira
interação com julgamentos mais complicados. No entanto, é diferente evitarmos
certos traços de personalidade nossos para agradar e fingirmos ser alguém que
não somos. Este tipo de atitudes pode magoar pessoas próximas, que nos são
importantes e, por essa razão, acho que deve ser evitado.
Para
concluir, realço a oposição ao uso de máscara social que, não obstante os seus
pontos positivos e o objetivo de tornar a nossa vida mais fácil, pode, ao
contrário do que esperávamos, torná-la ainda mais complicada.
1 comentário:
Texto organizado e com argumentos e e exemplos muito pertinentes. Parabéns.
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