Uma petição lançada
pelo Movimento de Professores em Monodocência (MPM) contra a proposta do
Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) de calendário escolar
diferenciado reuniu mais de
7700 assinaturas em apenas três semanas. O documento, que visa
contestar a diferenciação de datas para o final do ano letivo, será agora
discutido na Assembleia da República.
Paula Costa Gomes,
educadora de infância e porta-voz do MPM, sublinha que “não há estudos que
comprovem que mais tempo de aulas resulta em maior sucesso escolar”. Gomes
relata que muitas crianças se cansam da rotina e perdem até a vontade de
brincar. A educadora critica ainda o argumento de que a descoordenação do
calendário escolar com os horários de trabalho dos pais justifica a
diferenciação, considerando-o um peso excessivo sobre a vertente assistencial
da escola.
Gomes alerta para as
consequências negativas de manter crianças pequenas na escola por longos
períodos sem férias. “Do ponto de vista do desenvolvimento infantil, é o pior
que pode existir. Muitas crianças estão na escola desde as 08:00 às 19:00, o
ano inteiro, sem férias. Nenhum adulto se sente bem no trabalho horas sem fim,
sem férias”, argumenta.
A porta-voz do MPM
também destaca o impacto físico e psicológico sobre os professores do primeiro
ciclo e do pré-escolar, que estão “num cansaço extremo”. O corpo docente está
envelhecido, com muitos a aproximarem-se da reforma, o que pode agravar a escassez
de professores nos próximos anos.
Até ao momento, não
são conhecidos os resultados da consulta pública sobre a proposta de calendário
escolar do Governo. Contudo, a iniciativa tem sido amplamente contestada por
vários setores da comunidade escolar desde o seu anúncio.
A discussão no Parlamento será um passo importante para determinar o futuro do calendário escolar em Portugal. O MPM apela a políticas de apoio à família, como o alargamento das licenças de parentalidade, em vez de prolongar o tempo das crianças na escola. A petição reflete uma preocupação crescente com o bem-estar infantil e a necessidade de um equilíbrio entre a vida escolar e familiar. Fonte: Sapo
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