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terça-feira, 16 de julho de 2024

cultura: quatro cartas e uma galanteria de Camões para chegar tão perto quanto possível do poeta

A coletânea “Quatro Cartas e Um Bilhete a Uma Dama Seguidos de 26 Poemas de Camões”, recém-publicada, permite aceder, tão perto quanto possível, ao mundo pessoal do autor d'"Os Lusíadas", segundo a editora Guerra e Paz.

Passados 500 anos sobre o nascimento do poeta, estas quatro cartas e um “bilhetinho galante” a uma dama "oferecem o que de mais próximo da biografia de Camões um leitor contemporâneo poderá hoje estar", defende a editora responsável pela organização e publicação da obra, que chega este mês às livrarias.
A coletânea reúne uma carta escrita em Ceuta, provavelmente entre 1549 e 1551, outra em Goa, para onde Camões embarcou em 26 de março de 1553, mais duas em Lisboa, e um "bilhetinho galante” dos últimos anos da década de 1540, seguidos de poemas que, “pelos temas ou por sugestão biográfica, se relacionam com a carta que os precede”, como explica a introdução a este volume.
Na realidade, reconhece o editor, esta é uma nova abordagem do que “fora a edição de luxo de 2011, que levava por título ‘Contradança, Cartas e Poemas de Camões’”.
Esta nova edição, porém, “é singela", e "pretende pôr ao alcance de todos os leitores as quatro cartas que os especialistas aceitam como sendo efetivamente da autoria de Camões”.
Em relação à anterior, ganha o 'bilhetinho' dirigido a uma dama que se julga ser Francisca de Aragão, com quem o poeta poderia ter tido “trato galante”, “nos tempos mais felizes da sua mocidade, entre 1545 e 1549”, antes partir para Ceuta, onde se acredita que tenha perdido o seu olho direito.
Maria Francisca de Aragão, sobrinha do governador da Índia Francisco Barreto, foi dama da corte de João III e terá enviado ao poeta o mote “Mas porém a que cuidados?”, para este glosar.
Camões, na missiva que lhe envia, dá conta de terem tido um relacionamento, pois afirma que a dama decidiu fazê-lo “ressuscitar”, já que se deixou “enterrar” no seu esquecimento. Acrescenta o poeta que, se os versos aos quais deu "três entendimentos", “forem bons”, é pelo mote dado; “se maus”, pelas suas glosas apenas.
O editor realça a franqueza e a erudição que refletem estas cartas e que garante serem "um prazer de ler”, às quais se “acrescenta o prazer de as contrapor aos poemas escolhidos”.
Na presente edição, destinada “ao grande público”, optou-se por uma atualização ortográfica das cartas, “aproximando-as do leitor contemporâneo”, mas manteve-se a integralidade do seu conteúdo, seguindo o critério de “Luís de Camões, Obras Completas”, do investigador Hernâni Cidade (1887-1975). Fonte:  Sapo

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