Mitos sobre a criminologia e dúvidas associadas
Antes de mais, importa referir que um mito consiste numa narrativa simbólico-imagética e não é uma realidade independente, uma vez que evolui com as condições históricas e étnicas relacionadas a uma dada cultura. Procura explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem das coisas. O termo "mito" é, muitas vezes, utilizado de uma forma pejorativa para se referir às crenças comuns sem nenhum fundamento objetivo ou científico de diversas comunidades.
Assim, o mito mais alarmante sobre a criminologia
cinge-se à limitação desta área à investigação criminal e criminalística. Aqui
surge o efeito “CSI”, que tem como origem a popularização das mais diversas
séries televisivas sobre investigação criminal (como o “NCIS Los Angeles”, “CSI
Miami” ou “CSI New Orleans”, “Hawaii FIVE-0”, entre outros). A investigação
criminal é vista como algo espetacular, eficiente e rápido, sendo que, não
raras vezes, a investigação é um processo demorado e meticuloso, que leva muito
mais tempo que o representado nos episódios destes programas. Além disso, nem
todos os casos “na vida real”, são resolvidos nos momentos seguintes ao crime,
podem levar semanas, meses e até mesmo anos, como os casos dos desaparecimentos
do Rui Pedro em 1998 e da Madeleine McCann em 2007 (que posso mais tarde
partilhar mais detalhadamente com vocês).
A criminologia é muitas vezes associada à realidade destes programas, quando esta se debruça muito mais na prevenção do que propriamente na investigação, embora essa possa ser também uma função do criminólogo na PJ, por exemplo. Este é o principal motivo pelo qual muitos estudantes acabam por abandonar o curso. As unidades curriculares que mais se aproximam a esta realidade são (no caso da Licenciatura na UFP) “Técnicas de Investigação Criminal” e “Medicina Legal e Toxicologia Forense”, na qual poderá ser possível uma visita ao Instituto Nacional de Medicina Legal para assistir a uma autópsia. Tudo o resto é muito mais teórico e no âmbito da prevenção.
Ana Antunes, estagiária de Criminologia da Universidade Fernando Pessoa
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