Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 26 de julho de 2024

último post do ano letivo 2023/24

Neste último post do ano letivo, como é habitual, a equipa do CRESCER quer agradecer. 

Agradecer a fidelidade dos nossos leitores, agradecer à Direção do nosso Agrupamento pelo apoio incondicional e pela liberdade concedida, agradecer a participação cada vez mais ativa de docentes e alunos de todos os níveis de ensino, agradecer a todos os "ex" - alunos, funcionários e professores - por nos continuarem a acompanhar, agradecer por permitirem "espalhar a palavra" do que por cá se faz, agradecer o carinho que dedicam ao CRESCER.

Este ano letivo, a equipa mantém o agradecimento à professora Constância Silva pela continuação da secção em Inglês "Take a Minute, Take Five!". Foi uma parceria fantástica e, por isso, agora que a professora Eduarda Ferreira se aposenta, é a pessoa certa para a substituir. Bem-vinda, professora Constância! 

Em jeito de balanço final, a equipa congratula-se com algumas conquistas: 

. o facto de as publicações diárias chegarem por e-mail a todos os docentes, não-docentes, alunos, EE e APESAS; 

. o facto de ter estado particularmente envolvida nos 50 anos de abril, com a rubrica "onde estava no 25 de abril (de 1974)?", para além de diariamente manter as informações sobre os mais variados temas; 

. e ainda o facto de estar comprometida com os 50 anos da ESÁS que já se começaram a preparar, com a rubrica "conta-me como foi...". Foram três objetivos a que nos propusemos e que foram conseguidos, com determinação e colaboração de muitos parceiros.

No próximo ano letivo, o CRESCER continuará a trabalhar neste último tema que, certamente, será transversal a muitos trabalhos, atividades e projetos, comprometendo-se a divulgar todas as atividades levadas a cabo nesse âmbito.

Bom, como o trabalho nesta redação começou no dia 5 de setembro e, neste momento, a equipa já está depauperada de alunos, é tempo de ir descansar, desligar um pouco desta azáfama, carregar baterias e voltar no início do próximo ano letivo com equipa fresca e renovada. 

Contamos consigo para podermos continuar a CRESCER juntos. 

Gratas por estarem desse lado.

Boas férias!

Eduarda Ferreira e Manuela Couto, docentes responsáveis pela edição do CRESCER

escola sede: encontro "A Ciência por quem a faz e por quem a ensina" 12.ª edição, dia 11 de setembro

O encontro "A Ciência por quem a faz e por quem a ensina" decorrerá no dia 11 de setembro.

cartaz no site

Tal como nas edições anteriores, haverá palestras de cientistas, de manhã, a partir das 9:00h, e workshops à tarde, entre as 15h e as 17h.

Visite o site do encontro e se puder, inscreva-se: https://www.cfaemaiatrofa.org/encontro2024/

Divulgue esta mensagem por outros professores de Ciências (CN, FQ, Mat e TIC) que possam estar interessados.

escola sede: “A Pensar é que a Gente se entende! A Inclusão num contexto de Multiculturalidade”

Cada vez mais, as nossas escolas vivem com o mundo portas adentro.

Para refletir sobre este tema, realizou-se no passado dia 24, no Auditório do Agrupamento, o Encontro Pedagógico “A Pensar é que a Gente se entende! A Inclusão num contexto de Multiculturalidade”, com organização do CFAE maiatrofa. O Encontro contou com a presença de elementos da Equipa Regional do Norte no âmbito da Autonomia e Flexibilidade Curricular, especialistas na área da mediação intercultural e a partilha de projetos inspiradores sobre a inclusão de alunos estrangeiros nos nossos contextos educativos. 

público

Como nos lembra o Relatório “Reimaginar o nosso futuro juntos: um novo contrato social para a educação” (UNESCO, 2022), “A pedagogia sem inclusão enfraquece a educação como um bem comum e impossibilita o alcance de um mundo em que a dignidade e os direitos humanos de todos sejam respeitados”.

Na verdade, pedagogia sem inclusão é uma contradição nos termos: responder à diversidade que habita nas nossas escolas, mais do que um dever legal, é um imperativo ético!

No Encontro marcaram presença cerca de uma centena de professores das escolas associadas e, na parte da tarde, realizaram-se laboratórios de diálogo/salas paralelas em torno da temática “Currículo e Tecnologias Digitais: como potenciar a aprendizagem”.

oradores e organização

Foram, sem dúvida, momentos profícuos de reflexão e partilha em prol de uma escola mais inclusiva, humana e humanizante.

Para consultar o site do Encontro vá por aqui: Encontro Pedagógico CFAE MaiaTrofa | 24 julho 2024 (google.com)

cortesia de Ana Granja
Representante do CFAE maiatrofa, no âmbito da AFC

Ir/Ver/Ouvir/Ler nas férias

Hoje, último dia das publicações do CRESCER no ano letivo 2023/24, a equipa deixa-lhe algumas sugestões para Ir/Ver/Ouvir/Ler nas férias.

IR

Vá onde puder e quiser, mas, sobretudo usufrua da natureza: do sol, da água, da floresta, da brisa, do pôr-do-sol e... descanse. Às vezes não é necessário ir para muito longe e fazer grandes despesas para conseguir o prazer e o descanso necessários. 

vista do Jardim do Morro (aqui tão perto)

VER

Volta a Portugal em bicicleta de 24 julho a 4 agosto 2024 

Enquanto televisão oficial da prova, a RTP será a responsável pela transmissão da 85.ª Volta a Portugal em bicicleta, contando com os comentários de Marco Chagas e Hugo Sabido. Alexandre Santos, Gonçalo Ventura e Ana Barros são os jornalistas responsáveis pela cobertura informativa da prova. As várias horas de transmissão são asseguradas pela RTP1, RTP3, RTP Play, Antena 1 e canais internacionais.


Jogos Olímpicos de Paris de 26 de julho a 11 de agosto de 2024

Paris foi escolhida como sede na 131.ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lima, Peru, em 13 de setembro de 2017. Após múltiplas desistências que deixaram apenas Paris e Los Angeles na disputa, o COI aprovou um processo para defini-las como locais de realização dos Jogos de 2024 e 2028, respetivamente.

OUVIR

Não faltam Festivais de Verão, do Norte ao Sul do país. Mas mesmo que não vá, escute boa música pois isso é sempre um caminho para o paraíso (ou um "Stairway to Heaven").


LER

Sempre. Seja criança ou adulto, leia. “Uma criança que só lê o que é exigido na escola nunca se tornará um leitor eficiente”, escreveu Michel Desmurget. Leia os clássicos. Merecem a sua primeira leitura ou uma releitura. Mas, se quiser algo atual e verdadeiramente curioso, o CRESCER sugere:


O primeiro volume da tetralogia napolitana de Elena Ferrante, publicado em 2011, tornou-se tão popular que deu início a um fenómeno chamado “Febre Ferrante”. Treze anos depois, o New York Times escolheu-o como o melhor livro do século XXI

Afinal, o que torna este livro tão especial?

A autora: quem é Elena Ferrante? Foi a pergunta que deu início a todo o burburinho em volta de A Amiga Genial. Embora o nome de Elena Ferrante tenha dado a volta ao mundo, trata-se de um pseudónimo literário, assumido pela vontade de direcionar o foco da crítica e dos leitores para a escrita em vez do autor.

O assunto do livro: uma ode à amizade feminina Com a quantidade de sagas populares de livros passadas em universos fantásticos, chega a ser surpreendente que a tetralogia aclamada como uma das melhores deste século seja, afinal, a história de uma amizade. A Amiga Genial (2011), História do Novo Nome (2012), História de Quem Vai e de Quem Fica (2013) e História da Menina Perdida (2014), que ficaram conhecidos como os Romances Napolitanos, acompanham as vidas de Elena Greco, a menina pacata e estudiosa a quem chamam de Lenù ou Lenuccia, e de Raffaella Cerullo, a sua amiga bravia e de uma inteligência feroz, também conhecida como Lina ou Lila.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

VER: "Lua do Veado" vai iluminar os céus de Portugal este fim de semana

O satélite da Terra estará excecionalmente brilhante. O fenómeno será bastante fácil de observar a olho nu. 
Se já tem planos para deste fim de semana, talvez queira acrescentar uma sessão de observação do céu noturno à sua lista. Durante toda a noite deste domingo, 21 de julho, e até à madrugada de segunda-feira (22), será possível observar a primeira lua cheia desde o início do verão — um fenómeno de rara beleza.
O satélite natural da Terra estará ainda maior e mais brilhante do que noutros meses. Isto porque vai estar quase a atingir o perigeu, ou seja, o ponto mais próximo do nosso planeta na sua órbita elíptica, Observar esta Lua do Veado, como também é descrita, a olho nu, não será difícil. Contudo, a visibilidade será maior em locais elevados, sem obstáculos como as árvores ou prédios, e o mais longe da poluição luminosa das grandes cidades. No entanto, se quiser ver a superfície em todo o seu esplendor, pode sempre usar um par de binóculos. 
O nome "Lua do Veado" surgiu há vários séculos. Os povos nativos da América do Norte apelidaram-na desta maneira porque coincide exatamente com a altura em que as hastes destes animais estão em pleno crescimento. Fonte: Nit

opinião: “Uma criança que só lê o que é exigido na escola nunca se tornará um leitor eficiente”, Michel Desmurget

No seu mais recente livro, o neurocientista francês Michel Desmurget, olha para a leitura e vê-lhe o antídoto para combater os “cretinos digitais” e os excessos de exposição aos ecrãs.

Há perto de cinco anos, Michel Desmurget lançou uma frase no decorrer de uma entrevista à BBC que correu os meios de comunicação social. O autor, nascido em 1965, sublinhou “que os nativos digitais são os primeiros filhos a terem um QI inferior ao dos pais”. De acordo com Desmurget, “após milhares de anos de evolução, o ser humano está agora a regredir em termos cognitivos e de capacidades intelectuais - por culpa da exposição excessiva a ecrãs”. Com o livro A Fábrica de Cretinos Digitais, o investigador alertava para um fenómeno que sustentou em inúmeros estudos: “A profusão de ecrãs a que os nossos filhos estão expostos está longe de lhes melhorar as aptidões.” Michel Desmurget, via nesta circunstância consequências nefastas no que respeita à saúde, em termos de comportamento e no campo das capacidades intelectuais. Em 2024, o autor a trabalhar no Instituto de Ciências Cognitivas Marc Jeannerod, da Universidade de Lyon, regressa ao tema que lhe é grato, embora alicerçando o seu novo livro numa solução, Ponham-nos a Ler - A Leitura como Antídoto para os Cretinos Digitais  (edição Contraponto). Ler por prazer, ler desde tenra idade, ler diariamente, ler para compreender - em todas estas dimensões o ato de leitura surge como o caminho para o desenvolvimento da linguagem, dos bons resultados escolares, de uma cultura geral sólida e da mobilidade social. Pretextos para uma conversa com o autor que esteve em Portugal a promover o seu mais recente livro.

Em 2019, publicou o livro A Fábrica de Cretinos Digitais, onde alertava para o perigo dos ecrãs nas crianças e adolescentes. Em 2024, na introdução que escreve para o seu novo livro refere que “o leitor é a antítese do cretino digital”. O que nos está agora a oferecer é o antídoto para o veneno do digital?

Acredito que sim, embora não seja um antídoto milagroso. Muitas atividades contribuem positivamente para o desenvolvimento do cérebro, como o desporto, a arte ou a música. No entanto, nenhuma tem impactos tão amplos, profundos e benéficos quanto a leitura. Embora os ecrãs com fins recreativos prejudiquem diligentemente o desenvolvimento dos nossos filhos, a leitura molda meticulosamente a sua humanidade. É provável que seja uma das poucas competências aplicáveis ao conceito muitas vezes evasivo de “aprender a aprender”. A leitura é uma porta única para o conhecimento. Veja a linguagem, por exemplo, é uma característica essencial da inteligência humana. No entanto, as suas formas orais permanecem um tanto limitadas. A sua verdadeira riqueza reside em livros que oferecem um vocabulário mais extenso e estruturas gramaticais mais complexas. Os livros ilustrados para crianças em idade pré-escolar contêm maior complexidade linguística do que quaisquer interações verbais comuns como conversas de adultos ou interações entre adultos e crianças, programas de TV, filmes, séries, desenhos animados, entre outros. Numerosos estudos demonstram que os formatos escritos são muito mais eficazes do que os seus homólogos áudio e audiovisuais para a aprendizagem de conteúdos complexos. Nessa perspetiva, os livros são insubstituíveis.

O título do seu novo livro subentende que devemos pôr as crianças a ler. Não está, também, com este título a apelar à consciência dos pais para se tornarem leitores?

Escuto muitas vezes esse comentário. Em primeiro lugar, o título não é uma ordem; em vez disso, é um apelo sincero a favor da leitura. Genericamente, o que nos diz exatamente esse comentário? Que os pais são demasiado tolos ou frágeis para serem informados? Será a ignorância preferível ao conhecimento para o “público em geral”? Deveríamos evitar discutir a natureza cancerígena do tabaco, os estragos do alcoolismo ou as alterações climáticas porque isso parece induzir a culpa? Na prática, numerosos estudos demonstram o impacto altamente positivo das abordagens informativas no desenvolvimento infantil. Quando os pais são informados, quando compreendem por que é crucial falar bastante com os filhos, ler-lhes histórias desde as primeiras semanas de vida, e assim por diante, os impactos são substanciais. Isto continua a ser verdade em famílias desfavorecidas, mesmo quando os pais têm dificuldade em ler e dependem de livros ilustrados. Uma pesquisa mostrou que esse tipo de abordagem, aplicada durante o primeiro ano da criança, leva a um ganho de vocabulário de 40% aos 18 meses. Por outras palavras, ao informar os adultos, ajudamos direta e eficazmente as crianças.

O que é um leitor competente?

Com frequência equiparamos a leitura a descodificação. Trata-se de um erro grave. A descodificação é necessária, mas é insuficiente. Se eu jogar ténis, vou precisar de uma raqueta, mas não é a raqueta que faz o jogador. O mesmo se aplica à leitura. Ler é compreender. Esta verdade talvez tenha sido enfatizada com mais vigor pelo filósofo alemão Hans-Georg Gadamer quando declarou: “Ler é compreender; quem não entende não lê de verdade.” Está tudo lá. Um leitor competente é alguém que possui mecanismos de descodificação automatizados, mas, mais importante, alguém que aprendeu a linguagem dos livros; uma linguagem que, como já foi dito, é muito mais rica e complexa do que a linguagem oral. Em última análise, são necessários quase 20 anos para se tornar um leitor proficiente. Um leitor experiente lê em média 280 palavras por minuto. Estudos de acompanhamento revelam que os alunos mais dedicados só atingem este limiar no final do Ensino Secundário. Afinal de contas, é tudo uma questão de volume. Aceitamos prontamente que uma criança que frequenta aulas de violino todas as quartas-feiras não se tornará um violinista especialista se apenas praticar durante essas sessões. O mesmo princípio é aplicável à leitura. Uma criança que só lê o que é exigido na escola nunca se tornará um leitor eficiente.

Como escreve no seu livro, ler “salva”, “liberta”, “fortalece”, “protege do desespero e do tédio”. Podíamos continuar com toda a lista de benefícios tangíveis e intangíveis associados à leitura. No entanto, os leitores de livros extinguem-se. Por que estamos a renunciar aos livros? Porque nos pedem tempo e concentração?

As palavras que cita são expressões de leitores a explicar o que a leitura lhes trouxe. O declínio do número de leitores, especialmente entre as gerações mais jovens, está agora firmemente estabelecido. A causa deste declínio não é difícil de identificar, é tudo uma questão de tempo. O tempo é um recurso limitado. Ao longo dos últimos 50 anos, os ecrãs, inicialmente os da televisão, diversificaram-se e proliferaram amplamente nos videojogos, redes sociais, sites de streaming, entre outros, exercendo agora uma hegemonia selvagem sobre os tempos livres das crianças. A leitura é uma das grandes vítimas desta evolução, ao lado do sono e do volume de interações familiares. Em França, ao longo do último meio século, a proporção de “leitores ávidos” [jovens que leem, pelo menos, 20 livros por ano; o equivalente a 20 a 30 minutos por dia] caiu de 35% para 11%. Nos Estados Unidos, a percentagem de leitores diários de livros ou revistas caiu de 60% para 16%. Os estudos do PISA [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] indicam que 50% dos estudantes do Ensino Secundário nos países da OCDE só leem se forem obrigados a fazê-lo. Um terço acredita que a leitura não serve para nada. Neste domínio, como em muitos outros, a recompensa corresponde ao esforço: substancial para a leitura, insignificante, e muitas vezes negativa, para conteúdos digitais recreativos.

Os defensores do digital dirão que este gera inúmeros suportes de leitura. É fácil desmontar este argumento?

É um argumento simplesmente ridículo. A leitura representa apenas 2 a 3% do tempo total despendido nos ecrãs. Além disso, estudos revelam que esse tempo é dedicado a conteúdos tão empo- brecidos que o seu impacto no desenvolvimento da linguagem oscila entre insignificante e negativo, para crianças e adolescentes. Um estudo de síntese abrangente foi publicado recentemente sobre este tópico. O impacto da leitura digital nas habilidades de compreensão escrita foi avaliado no sentido mais amplo, incluindo blogues, redes sociais, fóruns de discussão, e-books, pesquisas de informação. Os autores concluem: “Há associações positivas entre a frequência de leitura de textos impressos e a compreensão. Descobrimos que tal associação é quase nula quando se trata de leitura de textos digitais.” Os resultados do PISA confirmam esta conclusão ao revelar um efeito negativo da leitura digital na compreensão da leitura.

Hoje, também é palavra de ordem dizer-se que a leitura não é necessária para se desenvolver uma carreira académica e desenvolver uma vida profissional de sucesso. Isto, leva-me à pergunta: o que perdemos quando não lemos?

À escala individual, o custo de abandonar a leitura é enorme. Na verdade, a leitura é uma ferramenta poderosa para construir a inteligência em todas as suas dimensões. Os seus efeitos positivos, apoiados pela investigação, estendem-se ao quociente intelectual (QI), à linguagem, aos conhecimentos prévios, à concentração, à imaginação, à criatividade, bem como às capacidades de expressão escrita e oral. Mas isto não é tudo. A leitura também afeta a nossa inteligência emocional e social. Através dos livros, o leitor entra literalmente na psique das personagens. Posso tornar-me uma mulher adúltera sendo Emma Bovary [protagonista do livro Madame Bovary], ou posso ser Raskólnikov torturado até a loucura em Crime e Castigo. Muitos autores, como o francês Marcel Proust, enfatizaram a capacidade de os romances não apenas nos ajudarem a compreender, mas também de vivenciar as emoções das personagens. A isso se deve que a leitura de ficção tenha impactos positivos na empatia e, de forma mais ampla, na nossa capacidade de nos compreendermos e aos outros. Em última análise, todos estes benefícios têm um impacto significativo no sucesso académico e no futuro profissional das crianças.

Referiu a escala individual. O que perde a sociedade no seu todo por não lermos?

Em primeiro lugar, um funcionamento social mais pacífico. Podemos observar que as nossas sociedades, em muitos aspetos, estão em rutura. Através do seu impacto na empatia, na tolerância e na compreensão dos outros, a leitura é um pilar essencial da nossa humanidade e da nossa capacidade de coabitarmos. Atua como um óleo calmante dentro da maquinaria social. Mas isso não é tudo. Numerosos estudos demonstram que o desenvolvimento económico de um país está intimamente ligado ao desempenho educativo das suas crianças. Esta questão é crítica num contexto de concorrência internacional intensificada, especialmente quando consideramos, com base em avaliações internacionais como o PISA, que a disparidade de desempenho aumenta perigosamente entre os países da OCDE e os países asiáticos. A leitura, como vimos, é essencial para o desempenho académico devido à sua influência na linguagem, no conhecimento geral, na concentração, no pensamento crítico, nas regulações emocionais. O atual declínio no desempenho académico dos nossos filhos ameaça significativamente a nossa prosperidade económica a longo prazo.

A edição portuguesa ao seu livro tem prólogo de Regina Duarte, Comissária do Plano Nacional de Leitura. Escreve algo que o Michel também afirma no livro: “A esmagadora maioria das crianças adoram que lhes leiam.” Se gostam que lhes leiam por que não se tornam muitas dessas crianças leitoras?

Porque a transição da leitura partilhada para a leitura individual é difícil e muitas vezes frustrante. É uma passagem que exige esforço. Por isso é importante acompanhar a criança o maior tempo possível e manter a leitura compartilhada, mesmo quando a criança começa a ler de forma independente. Esta leitura partilhada tardia permite abordar textos um pouco mais complexos e ajuda a manter o prazer. Sem prazer não pode haver leitor. Também devemos considerar o impacto dos ecrãs. Se estes dominarem todo o tempo disponível, não sobrará nada para leitura. Portanto, é essencial garantir tempo para a leitura, limitando a omnipresença dos ecrãs recreativos. Claro, devemos evitar promessas como “se leres um pouco, poderás assistir a uma série ou jogar na consola”. Estas abordagens são profundamente prejudiciais, porque transformam a leitura num purgatório e os ecrãs num paraíso.

Em muitos inquéritos, a maioria das pessoas admite gostar de ler. Mas, a prática revela o oposto. Se as pessoas associam a leitura a “estatuto” intelectual, encontra explicação para o facto de não a materializarem?

Quando perguntamos às pessoas, independentemente da sua idade, muitas explicam que adoram ler, seja porque é realmente o caso ou porque a leitura tem um elevado nível de desejabilidade social, e é sempre gratificante identificar-se como leitor. Isto, embora esta tendência também esteja a mudar aos poucos, com a leitura sendo cada vez mais associada a ser-se um nerd. Mas, fundamentalmente, a questão não é se as crianças, ou os adultos, gostam de ler; é se esta atividade é uma prioridade para eles.

Menos hábitos de leitura nos jovens vão traduzir-se, eventualmente, em adultos que não vão ler, ou que lerão pouco. Alguns destes alunos serão os futuros professores. Consegue antever no que se pode tornar a escola neste cenário?

Estudos indicam que muitos professores tendem a atribuir menos leituras e a optar por textos menos complexos, privilegiando materiais áudio e audiovisuais. Ao abandonar os livros, estamos a renunciar ao pleno desenvolvimento da inteligência e o pensamento profundo dos nossos filhos. O problema é ainda mais profundo. O declínio na leitura está agora a afetar as populações de professores. Estudos revelam claramente que os professores que leem e valorizam a literatura são também os mais capazes de a ensinar e de incutir o amor pela leitura nos seus alunos. É aqui que o ciclo se autoperpetua: alunos sem inspiração tornam-se professores que irão debater-se para conseguir desenvolver a paixão pela leitura nos seus próprios alunos. É difícil não pensar na famosa frase do escritor Ray Bradbury que, há 30 anos, escreveu: “Não é necessário queimar livros para destruir uma cultura. Basta que as pessoas parem de ler.” Encontramo-nos nesta situação e, se não reagirmos rapidamente, o desastre poderá em breve tornar-se irreversível. Fonte:  DN

opinião: criar um ranking com os resultados das novas provas é “inútil e prejudicial”

Isabel Flores, investigadora em educação no Iscte, considera “da maior justiça” a introdução de uma prova de Português Língua não Materna, numa altura em que o país soma tantos imigrantes.

O novo modelo de avaliação apresentado esta semana pelo Governo, e que cria novas provas de monitorização das aprendizagens já no próximo ano letivo para os alunos dos 4.º e do 6.º anos, fazendo desaparecer as provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos, surpreenderam “pela positiva” a investigadora em educação Isabel Flores. 

Satisfeita pelo facto de passar a ser possível comparar as aprendizagens ao longo dos anos, a também diretora executiva do Instituto para as Políticas Públicas e Sociais do Iscte — Instituto Universitário de Lisboa não concorda com os diretores que defendem que as novas provas deviam contar para a nota. “Nós queremos é saber o que os alunos sabem, mesmo que não estudem muito”, defende. (ler tudo  aqui)


cultura: abriu portas a Bienal que se celebra a si própria como espaço de liberdade

A Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, elogia a “mais antiga bienal da Península Ibérica” e sublinha “exemplo de persistência” durante a inauguração. Festa de artes plásticas vai durar até ao final do ano em Vila Nova de Cerveira.

A mesma liberdade do grupo de artistas que criou a Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira está a ser celebrada (e questionada) na 23.ª edição, inaugurada este sábado. O evento fundado em 1978 por Jaime Isidoro, Henrique Silva e José Rodrigues abriu portas com a pergunta “És livre?” como inspiração para 160 obras de 120 artistas vindos de 20 países. Até 30 de dezembro, aquela pergunta vai confrontar todos os visitantes: somos, ou não, livres de verdade?

"Espessura histórica, acontecimento"

“O tema escolhido pelas curadoras, o mote sui generis que nos interroga, é exemplo inequívoco de um percurso que acompanha a consolidação da democracia no nosso país e, assim, como poderia eu não estar aqui presente?”, disse a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, que inaugurou a Bienal 2024.

“Sob o tema ‘És livre?’, regressamos a uma noção de liberdade, que também aqui celebramos. A mesma liberdade sem a qual esta Bienal não existiria”, continuou a governante. 

Enaltecendo a “espessura histórica, densidade e longevidade” daquele “grande acontecimento artístico”, Dalila Rodrigues sublinhou que a Bienal “é a mais antiga da Península Ibérica e um exemplo de persistência, dedicação e trabalho continuo em prol da cultura e da arte”.

E recordou: “A história desta Bienal começa como um sonho, o de um grupo de artistas motivados pelos valores democráticos de Abril, que tiveram a ânsia de descentralizar e democratizar o acesso à arte e à cultura”.

Isabel Meyrelles, 93 anos

A festa das artes plásticas celebra 46 anos e tem este ano direção artística de Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos. Contempla homenagens a José Rodrigues e Jaime Isidoro, do grupo de fundadores, e destaca, como sempre, um artista, elegendo Isabel Meyrelles, de 93 anos, que reside em Paris, e que foi fundadora, com Natália Correia, do famoso Botequim da Liberdade. 

“Não havia melhor artista, em comemoração dos cem anos do surrealismo, para, na resposta à pergunta ‘És livre?’, dizermos, como Isabel Meyrelles, que tudo o que queremos de facto é ser livres”, disse a codiretora artística Helena Mendes Pereira. E acrescentou: “Esta Bienal foi sempre dos artistas e para os artistas, e sem eles não faríamos nada”. 

"Uma marca de liberdade criativa"

A orientação programática desta edição inspira-se no seu “modelo” original, com projetos curatoriais, o projeto “Livre Trânsito”, residências artísticas em todas as freguesias do concelho, um ciclo de conferências internacionais sobre o tema da liberdade, ateliers livres e visitas orientadas.

A arte está espalhada pela casa-mãe, o Fórum Cultural de Cerveira, pela Galeria Bienal de Cerveira, Convento San Payo, Biblioteca Municipal e Cooperativa Agrícola. 

“Não inauguramos mais uma edição da Bienal, mas sim ‘a edição’ porque, a cada uma delas, a marca da liberdade criativa é maior e com essa marca conseguimos continuar a apoiar a descentralização da cultura, dando um passo em frente, como uma cada vez maior democracia cultural”, disse, por seu lado, o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, também presente na inauguração. Fonte:  JN 

quarta-feira, 24 de julho de 2024

curiosidade: de quantos dias de férias precisamos para ‘desligar’?

As férias são essenciais para descansar e desconectar do trabalho, é algo que não podemos negar. Estes períodos de pausa ajudam a melhorar o desempenho laboral ao reduzir o stress físico e mental. No entanto, a quantidade de dias necessários para alcançar uma verdadeira desconexão e voltar com energia renovada pode variar conforme as condições de trabalho e a forma como cada pessoa decide usufruir das suas férias.

A grande questão é: quantos dias de descanso são necessários para que o corpo e a mente realmente desconectem, permitindo um retorno ao trabalho com o máximo rendimento?

O Dr. Antelm Pujol, através de um vídeo nas suas redes sociais, explicou a quantidade de dias de férias necessários para alcançar essa desconexão. O especialista citou o estudo “Vacation Days Taken, Work During Vacation, and Burnout Among US Physicians”, que analisa os períodos de descanso de um grupo de médicos.

Referindo-se ao estudo, o Dr. Pujol afirmou: “Os médicos que tiram mais de cinco dias consecutivos de férias conseguem uma redução significativa dos sintomas de burnout e dos sintomas associados ao excesso de trabalho.” Em contrapartida, “os médicos que tiravam menos de cinco dias de férias não conseguiam uma redução significativa destes sintomas.”

O médico concluiu que “o ideal seria trabalhar em ambientes que não gerassem burnout, mas sabemos que isso nem sempre é possível. Portanto, planear bem os dias de férias pode ser uma ferramenta muito eficaz para tentar reduzir os sintomas de burnout.”

Planeamento das Férias: Dicas Práticas
Para garantir que as férias sejam verdadeiramente regeneradoras, é importante seguir algumas dicas práticas:

1.  Planeamento antecipado: reserve as suas férias com antecedência para evitar conflitos e garantir que pode tirar o tempo necessário

2. Desconexão total: durante as férias, evite ao máximo atividades relacionadas com o trabalho. Desconectar-se completamente é crucial.

3.  Escolha do destino: opte por destinos que proporcionem relaxamento e que estejam alinhados com as suas preferências pessoais, seja uma praia tranquila, uma montanha isolada ou uma cidade culturalmente rica.

4.  Atividades de lazer: invista tempo em atividades que gosta e que ajudem a aliviar o stress, como ler, praticar desportos, meditar ou simplesmente passear. Fonte: Sapo 

saúde: Covid-19 pode deixar marcas profundas no cérebro

A confusão mental tem sido, desde os primeiros dias da pandemia da Covid-19, um problema de saúde de difícil solução para os cientistas – este é um termo coloquial para descrever um estado de lentidão mental ou falta de clareza e nebulosidade que torna difícil a concentração, lembrar-se das coisas ou pensar com clareza.


Quatro anos volvidos da pandemia, há provas abundantes de que a infeção pelo SARS-CoV-2 pode afetar o cérebro de várias formas, indicou Ziyad Al-Aly, especialista da Universidade Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos. No entanto, apesar de um grande e crescente conjunto de dados, ainda está por se perceber as vias específicas pelas quais o vírus o faz, sendo que os tratamentos curativos são inexistentes.

Dois novos estudos, publicados no ‘New England Journal of Medicine’, trouxeram outra luz sobre o impacto profundo da Covid-19 na saúde cognitiva – saiba alguns dos estudos mais importantes até ao momento que aferiram como a Covid-19 afetou a saúde do cérebro:

– grandes análises epidemiológicas mostraram que as pessoas infetadas corriam um risco aumentado de déficits cognitivos, como problemas de memória;
– estudos de imagem realizados em pessoas antes e depois das infeções pela Covid-19 mostraram redução do volume cerebral e alteração da estrutura cerebral após a infeção;
– um estudo com pessoas com a Covid-19 leve e moderada mostrou inflamação prolongada significativa do cérebro e alterações proporcionais a sete anos de envelhecimento cerebral;
– a Covid-19 grave que requer hospitalização ou cuidados intensivos pode resultar em défices cognitivos e outros danos cerebrais equivalentes a 20 anos de envelhecimento;
– experiências de laboratório em organoides cerebrais humanos e de ratos projetados para emular mudanças no cérebro humano mostraram que a infeção pela SARS-CoV-2 desencadeia a fusão de células cerebrais, o que efetivamente provoca um ‘curto-circuito’ na atividade elétrica cerebral e compromete a função;
– estudos de autópsia de pessoas que tiveram a Covid-19 grave, mas morreram meses depois por outras causas, mostraram que o vírus ainda estava presente no tecido cerebral, o que indica que o SARS-CoV-2 não é apenas um vírus respiratório, mas também pode entrar no cérebro de alguns indivíduos;
– mesmo quando o vírus é ligeiro e está confinado exclusivamente aos pulmões, estudos mostram que pode provocar inflamação no cérebro e prejudicar a capacidade de regeneração das células cerebrais;
– a Covid-19 também pode perturbar a barreira hematoencefálica, o escudo que protege o sistema nervoso, tornando-a “permeável”;
– uma grande análise preliminar que reuniu dados de 11 estudos abrangendo quase 1 milhão de pessoas com a Covid-19 e mais de 6 milhões de indivíduos não infetados mostrou que aumentou o risco de desenvolvimento de demência de início recente em pessoas com mais de 60 anos.

Mais recentemente, um novo estudo publicado no ‘New England Journal of Medicine’ avaliou capacidades cognitivas como memória, planeamento e raciocínio espacial em quase 113 mil pessoas que já tinham sido infetadas. Os investigadores descobriram que aqueles que foram infetados apresentavam déficits significativos de memória e desempenho de tarefas executivas.

Este declínio foi evidente entre os infetados na fase inicial da pandemia e entre os infetados quando as variantes Delta e Ómicron eram dominantes. Estas descobertas mostram que o risco de declínio cognitivo não diminuiu à medida que o vírus pandémico evoluiu da estirpe ancestral.

No mesmo estudo, aqueles que tiveram a Covid-19 leve e resolvido apresentaram declínio cognitivo equivalente a uma perda de QI de três pontos. Em comparação, aqueles com sintomas persistentes não resolvidos, como pessoas com falta de ar persistente ou fadiga, tiveram uma perda de 6 pontos no QI. Aqueles que foram internados na unidade de terapia intensiva tiveram uma perda de 9 pontos no QI. A reinfeção com o vírus contribuiu para uma perda adicional de 2 pontos no QI, em comparação com a ausência de reinfeção.

Normalmente, o QI médio é de cerca de 100. Um QI acima de 130 indica um indivíduo altamente dotado, enquanto um QI abaixo de 70 geralmente indica um nível de deficiência intelectual que pode exigir apoio social significativo.

Para colocar em perspetiva as conclusões do estudo do ‘New England Journal of Medicine’, o especialista, num artigo no portal ‘The Conversation’, estimou que uma redução de 3 pontos no QI aumentaria o número de adultos norte-americanos com um QI inferior a 70 de 4,7 milhões para 7,5 milhões – um aumento de 2,8. milhões de adultos com um nível de comprometimento cognitivo que requer apoio social significativo.
Dados da União Europeia mostraram que, em 2022, 15% das pessoas relataram problemas de memória e concentração.

Olhando para o futuro, será fundamental identificar quem está em maior risco. É também necessária uma melhor compreensão de como estas tendências podem afetar o sucesso educativo das crianças e dos jovens adultos e a produtividade económica dos adultos em idade ativa. E também não está claro até que ponto estas mudanças irão influenciar a epidemiologia da demência e da doença de Alzheimer.

O crescente conjunto de pesquisas confirmou agora que o SARS-CoV-2 deve ser considerado um vírus com um impacto significativo no cérebro. As implicações são de longo alcance, mas levantar a névoa sobre as verdadeiras causas por trás destas deficiências cognitivas, incluindo a confusão mental, exigirá anos, senão décadas, de esforços concertados por parte de investigadores em todo o mundo. Fonte: Sapo 

manuais escolares gratuitos: plataforma aberta a partir desta sexta-feira para os encarregados de educação

Acabado o ano letivo, é hora de devolver os manuais escolares e de programar a aquisição dos livros do próximo ano, o de 2024/2025. Os vouchers ficam disponíveis na plataforma MEGA a 1 de agosto para os alunos do 1.º ano e do 9.º ano, e depois para os restantes.

Entretanto, segundo já anunciou esta segunda-feira a plataforma, o acesso aos encarregados de educação irá estar disponível a partir do próximo dia 26 de julho, ou seja, já a partir de sexta-feira pode ‘testar’ os acessos para depois garantir que tudo decorre dentro do expectável e sem sobressaltos.

Assim, por agora, a plataforma está apenas aberta às livrarias. No entanto é já a1 de agosto que ficam disponíveis para serem pedidos pelos encarregados de educação os vales para os manuais escolares gratuitos, segundo o calendário abaixo, conforme o ano de escolaridade do aluno em causa:

1 de agosto, para os alunos do 1.º e do 9.º ano;
8 de agosto, para os alunos dos 5.º, 6.º, 7.º e 8.º anos;
13 de agosto, para os alunos dos 10.º, 11.º e 12.º anos.
Com o fim do ano letivo, os encarregados de educação têm de devolver os manuais escolares gratuitos às escolas. Mas esta regra não se aplica a todos os ciclos de estudos. O Governo já avançou também com a aquisição de licenças dos manuais digitais, mas ainda falta saber de que forma é que a distribuição dessas licenças vai decorrer no próximo ano letivo. O manual digital é uma versão exclusivamente digital de um manual escolar tradicional. Está disponível para computador, tablet e telemóvel, e pode ser usado em modo online ou offline. Fonte: Sapo 

exames ensino secundário (2.ª fase): dia 24 de julho - último dia

 Último dia de exames, 


terça-feira, 23 de julho de 2024

cultura: Festival Internacional de Poesia do Porto


A 1.ª edição do Festival Internacional de Poesia do Porto (FIPP) arranca na sexta-feira, e promete quatro meses recheados de conversas com poetas e artistas portugueses e estrangeiros, oficinas de escrita criativa, palavras ditas e música.
O certame é organizado pela Poetria, livraria especializada em poesia e teatro, que conta com 20 anos de existência no coração da cidade do Porto, e é liderado por Francisco Reis.
O FIPP abre sob o tema "Ruir", no dia 26 de julho, às 18 horas, no Pestana Palácio do Freixo, em Gaia, com uma 'poetry talk', uma conversa entre as poetas Chus Pato (Galiza, Espanha) e Inês Lourenço (Portugal), com moderação do também poeta José Manuel Teixeira da Silva.
Ruir para depois recomeçar
O organizador explica que o festival promete celebrar a poesia em todas as suas formas ao longo dos meses de julho, agosto, setembro e outubro, e o tema da primeira edição é "Ruir". A ideia é propor "uma renovação", "um renascimento", no fundo uma reflexão sobre a ideia de colapso, explorando a força transformadora da poesia".
O festival tem a Galiza como região parceira desta primeira edição, realçando os "laços linguísticos, históricos e culturais partilhados com o Norte de Portugal".
Soares dos Reis acolhe laboratório
No sábado, dia 27 de julho, o FIPP propõe um momento de 'poetry sound' com o espetáculo "Camiño do meu contento", pelo grupo artístico Sinais de Cena, que se dedica à leitura e performance de textos poéticos e prosa.
No domingo, dia 28 de julho, pela manhã, realiza-se uma 'poetry lab', ou seja uma oficina de escrita criativa para poesia, no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto. "Brincar com as palavras" é o nome da oficina cujo objetivo é tentar descobrir a poesia em família, em sessões de 45 minutos cada, destinadas a crianças a partir dos 8 anos. Também no domingo está programada uma 'poetry talk', no Museu Soares dos Reis, pelas 15.30 horas, com Marta Bernardes, Tiago Alves Costa e Ismael Ramos.
A programação do Festival Internacional de Poesia do Porto continua no primeiro fim de semana de agosto, com mais conversas, oficinas de escrita criativa, 'poetry slam', 'spoken word', entre outras atividades, e desenrola-se ao longo dos três meses seguintes, mas só aos fins de semana.
O FIPP termina a 27 de outubro, altura em que encerrará com uma 'poetry talk' "virada para o futuro", com dois poetas galegos, Ester Carrodeguas e Samuel L. Paris, e os portugueses Francisca Camelo e o Emanuel Madalena, acrescentou Francisco Reis.
A Poetria, livraria do Porto, é hoje um ponto de encontro para poetas, leitores e amantes da literatura. Além da venda de livros, promove eventos culturais, lançamentos de livros, 'workshops' e debates, contribuindo para a dinamização da cena literária da cidade do Porto. Fonte: JN 

ensino superior: há 54 mil vagas, mais 290 vagas que ano anterior

A primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público para o ano letivo 2024/2025 abre hoje com 54.601 vagas, mais 290 face ao número inicial para o ano letivo anterior, anunciou a tutela. Concurso de acesso ao ensino superior público com mais de 54 mil vagas.


O concurso é aberto com mais cinco cursos, que totalizam 147 vagas face às que haviam sido anunciadas em abril.

Às vagas do concurso nacional (principal via de acesso ao ensino superior público) acrescem 712 vagas previstas para os concursos locais (destinados, por exemplo, para cursos artísticos do ensino público).

Juntos, o concurso nacional e os concursos locais do regime geral de acesso totalizam 55.313 vagas, adianta o Ministério da Educação, Ciência e Inovação em comunicado.

A apresentação das candidaturas à primeira fase do concurso nacional de acesso termina em 5 de agosto, com os resultados a serem divulgados em 25 de agosto.

Para candidatos emigrantes, lusodescendentes ou com pedido de substituição de provas de ingresso por exames estrangeiros, o prazo para a submissão das candidaturas termina mais cedo, em 29 de julho.

As matrículas e inscrições dos alunos colocados na primeira fase decorrem entre 26 e 29 de agosto.

As segunda e terceira fases do concurso nacional realizam-se entre 26 de agosto e 30 de setembro.

As candidaturas devem ser apresentadas no sítio na internet da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).

O concurso nacional é organizado pela DGES, enquanto os concursos locais são organizados por cada estabelecimento de ensino.

Considerando todas as vias de ingresso (nomeadamente regime geral, regime especial de acesso, concursos especiais, mudança de curso e ensino à distância), o número de vagas disponíveis no ensino superior público no próximo ano letivo ascende a 78.158, de acordo com o ministério.

“Para apoiar o processo de decisão dos estudantes na escolha do seu curso foi atualizado o portal Infocursos (em http://infocursos.pt/), que disponibiliza dados e estatísticas sobre cursos superiores, proporcionando mais informação e contribuindo para apoiar os estudantes nas escolhas de curso no ensino superior no momento da sua candidatura”, assinala o comunicado da tutela.

Os alunos que pretendam ingressar no ensino superior público via concurso nacional de acesso têm duas semanas para se inscrever na plataforma ‘online’ da DGES, sendo necessária uma senha de acesso e a ficha ENES, um documento emitido pela escola com a classificação final do secundário e os resultados nas provas de ingresso.

A senha de candidatura pode ser pedida na escola que o aluno frequentou, num gabinete de acesso ao ensino superior ou então através da internet no sítio da DGES.

Também a ficha ENES contém um código de ativação necessário para a candidatura ‘online’, uma vez que sem este código não é possível avançar com o processo.

Este ano, cerca de 156 mil alunos dos 11.º e 12.º anos realizaram exames nacionais, que ainda só são exigidos para quem pretende candidatar-se ao ensino superior, uma norma transitória que surgiu com a pandemia da Covid-19. Fonte: Sapo 

atualidade: uma geração ansiosa ou apenas uma geração que precisa de ser educada para usar redes sociais e a internet em geral?

O aumento de doenças mentais é uma consequência de mais tempo passado entre ecrãs e menos noutras atividades ou estamos apenas a assistir a uma evolução na forma como crianças e jovens crescem, mas sem que deva existir alarme com o uso excessivo da tecnologia? A discussão alarga-se a pais, professores e sociedade em geral. Dois livros publicados em 2024 apresentam perspetivas diferentes.

Depois da pandemia de Covid-19, a epidemia da (falta) de saúde mental. Os confinamentos e  medidas de restrição social por causa de Covid 19 têm sido apontados como um dos fatores para a degradação da saúde mental, sobretudo entro mais jovens, mas, para vários psicólogos e investigadores, há dados que  mostram que, na realidade, o aumento de problemas como ansiedade e depressão e as suas consequências mais graves, acontece ao longo da década que precedeu a pandemia. E um dos fatores que têm apontado é a coincidência desta degradação da saúde mental dos mais jovens com o aparecimento do smartphone [o iPhone foi lançado em 2007] e das redes sociais [Facebook é lançado em 2004]. Em vários estudos é referido um denominador comum: a redução de contacto interpessoal [nos anos 2000, um adolescente estava em média 3 vezes por semana com amigos; hoje essa média desceu para 1,5] e o aumento de tempo de ecrã [em média, 4,8 horas por dia em apps de redes sociais, sobretudo TikTok e Instagram]

A discussão é alargada, mas alguns temas têm sido bastante discutidos e não têm a ver só com tecnologia. O elevado protecionismo às crianças começa a partir da segunda metade da década de 80 e também teve impacto em menor autonomia e independência, seja na forma como as crianças vão para a escola, seja na liberdade de brincar ao ar livre.

Da discussão académica aos fóruns de pais e professores, algumas ideias têm conquistado especial atenção:

  • Não dar smartphones a crianças e jovens antes do secundário
  • Não deixar as crianças e jovens terem redes sociais antes dos 16
  • Banir smartphones do recreio das escolas
  • Aumentar tempo livre, realmente livre, das crianças para brincar e para não fazer nada (mesmo que se aborreçam)

Um livro do psicólogo Jean Twenge, publicado em 2023, “Generations”, percorreu inquéritos em vários países para identificar causas desta mudança e outro, publicado este ano,  “A Geração Ansiosa”, do psicólogo social Jonathan Haidt e editado em Portugal pela Dom Quixote - procura também explicações para o que está a acontecer com a saúde mental dos adolescentes americanos. O livro parte de dados que, na análise do autor e psicólogo, mostram que a saúde mental dos adolescentes caiu a pique no início da década de 2010. As taxas de depressão, ansiedade, automutilação e suicídio aumentaram acentuadamente, mais do que duplicando em muitos indicadores e  a pergunta a que procura responder no livro é porque razão isto aconteceu. Na apresentação do livro refere-se que “Haidt mostra como a infância baseada na brincadeira começou a declinar na década de 1980 e como foi substituída, no início dos anos 2010, com a chegada da infância baseada no telemóvel. Apresenta mais de uma dúzia de mecanismos de como esta grande reconfiguração da infância interferiu no desenvolvimento social e neurológico das crianças, abrangendo tudo, desde a privação do sono à fragmentação da atenção, dependência, solidão, contágio social, comparação social e perfecionismo”.

O autor explica ainda  por que razão as redes sociais prejudicam mais as raparigas do que os rapazes e porque é que os rapazes têm vindo a retirar-se do mundo real para o mundo virtual, com consequências desastrosas para si próprios, suas famílias e sociedade. À semelhança do que Michel Desmurget faz no livro “Ponham-nos a ler -A leitura como antídoto para os cretinos digitais”, também Jonathan apela à ação e propõe quatro medidas melhorar que envolvem pais, professores, escolas, empresas de tecnologia e governos “para acabar com a epidemia de doenças mentais e restaurar uma infância mais humana”.

Jonathan Haidt é dá aulas de Liderança Ética na Stern School of Business da Universidade de Nova Iorque. Fez doutoramento em Psicologia Social pela Universidade da Pensilvânia em 1992 e lecionou na Universidade da Virgínia durante dezasseis anos. A sua investigação centra-se na psicologia moral e política, tema do seu livro The Righteous Mind. [“A mente justa”]

“Não se assustem”

A discussão está longe de ser consensual, mesmo entre especialistas e académicos. O pediatria americano Michael Rich que lidera um programa que trata crianças com adição à internet – termo que já afirmou publicamente detestar. No livro que também publicou recentemente “The Mediatrician's Guide: A Joyful Approach to Raising Healthy, Smart, Kind Kids in a Screen-Saturated World” [“mediatrician é como se chama a si próprio e àquilo que faz], o medico relembra que as crianças de hoje irão crescer e ser adultas com um smartphone e que o mais importante é que aprendam a lidar com essa tecnologia. "Existem muitas pessoas que utilizam estas ferramentas de forma bastante eficaz, de maneiras que realmente melhoram o seu humanismo, educação e ligação,"afirmou em entrevista à Axios. Defendendo a necessidade de “um tempo de descanso digital”, o pediatra argumenta que o “absoluto não” também não é resposta.

"Deixem de lado a ilusão de que é possível impor limites de tempo de ecrã ou mesmo medir o tempo de ecrã no ambiente mediático de hoje. Mais importante ainda, deixem de lado a culpa por não conseguir restringir o tempo dos seus filhos nos ecrãs " defende no seu livro, considerando que “essa energia é melhor gasta ajudando o seu filho a aprender a usar os ecrãs de maneira saudável e produtiva — e aprendendo a substituir os limites diários de tempo de ecrã por mínimos diários de atividades sem ecrã". A maioria das crianças que têm problemas com telefones e ecrã, segundo Michael Rich, sofre de uma de quatro condições: défice de atenção e hiperatividade, ansiedade social, autismo ou depressão. Por seu lado, as crianças que têm essa condição podem, com mais facilidade, ter outro tipo de distúrbio que designa como “Uso Problemático de Media Interativa”que inclui jogo excessivo de vídeo ou de tempo em redes sociais, uso obsessivo de pornografia online ou "consumo excessivo de informações" (por exemplo, navegar no Reddit, YouTube ou outros sites durante horas, excluindo outras atividades). O pediatria defende que o tempo excessiva de ecrãs, nestas crianças, é muito mais um sintoma da sua condição do que a causa e alerta que os temas de saúde mental também se tornaram mais visíveis pelo simples facto de se falar mais deles.

"The Mediatrician's Guide: A Joyful Approach to Raising Healthy, Smart, Kind Kids in a Screen-Saturated World" é baseado na experiência do autor como fundador e diretor do Digital Wellness Lab no Hospital Infantil de Boston e da Clínica de Media Interativa e Transtornos da Internet, um programa de tratamento para crianças. E é precisamente essa experiência que evoca para dizer que os problemas não se tornaram piores por causa do tempo de ecrã, mesmo que defenda a necessidade de educar para a sua utilização. Uma opinião divergente das de Jean Twenge e Jonathan Haidt, para quem os telemóveis e as redes sociais são causas primárias da degradação da saúde mental entre os mais novos, numa discussão que se alarga um pouco por todo o mundo, sobretudo ocidental. Fonte: Sapo